Uma estória de decadência individual de alguém que veio de um estrato social baixo em Londres que depois como realizador de filmes comerciais vê jorrar dinheiro na sua conta, envereda por uma via autodestrutiva de vícios álcool, sexo, pornografia... dinheiro e embarca na aventura de fazer uma longa-metragem sobre dinheiro em Nova Iorque, outra selva dos seus vícios, onde se cruza com os hábitos decadentes dos bastidores do cinema.
Escrito num tom irónico e com um ritmo vertiginoso, o texto entra por uma linguagem grosseira e com uso intensivo de calão, o que torna a escrita muitas vezes chocante. Compreendi o que devem ter sentido os puristas e moralistas ao verem pela primeira vez "A origem do mundo" de Gustave Courbet!
Curiosamente, uma das personagens do livro é o próprio Martin Amis, na qualidade de escritor e visto pelos olhos do protagonista com toda a sua grosseria e despeito por uma profissão não muito rentável e a quem encomenda um trabalho.
Como romance retrata um estilo de vida doentio, amoral, sem cultura ou referências e onde a maturidade não acompanha os rendimentos. Amis não se coíbe de nos mostrar uma mente oca, perdida que até gostaria que se perceber e de encontrar um norte, o que justifica a linguagem, mas coloca-nos a pergunta sobre onde fica a fronteira da arte quando esta procura descrever mundos marginais e proscritos.
Apesar de tudo, reconheço que o ritmo e a trama mantiveram o meu interesse na obra e até despertaram a compreensão e simpatia pelo protagonista na sua via suicida.
As interrogações levantadas talvez sejam os motivos por que alguns consideram Dinheiro como uma obra importante na literatura contemporânea inglesa e, apesar do choque, não desgostei do romance. mas só recomendo a corajosos não preconceituosos.
As interrogações levantadas talvez sejam os motivos por que alguns consideram Dinheiro como uma obra importante na literatura contemporânea inglesa e, apesar do choque, não desgostei do romance. mas só recomendo a corajosos não preconceituosos.
2 comentários:
Sem dúvida ;)
Claro é arriscado recomendar sem alertar
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