O vulcão dos Capelinhos não foi a primeira erupção submarina nos Açores do tipo surtsiano após o povoamento das ilhas. Em Janeiro 1811, a oeste de São Miguel, defronte da ponta da Ferraria, a uma distância pouco superior a 5 km de terra, surgiu um vulcão submarino que se manteve activo, pelo menos, até ao início de Julho do mesmo ano, embora possam ter existido alguns períodos de repouso.
Embora a época dos descobrimentos já tivesse acabado, havia séculos, ainda não exisitia o actual conceito de águas territoriais ou nacionais, assim, a nova ilha pertenceria ao primeiro povo que a pisasse e nela hasteasse a sua bandeira nacional. Encontrando-se um navio militar britânico na região de São Miguel, de nome Sabrina, provavelmente em missão de reonhecimento devido a se estar na época de Napoleão e das invasões francesas, o mesmo fez então várias tentativas para desembarcar nesta nova terra, o que só conseguiu em 4 de Julho do mesmo ano, onde hasteou a bandeira, declarou a soberania britânica e baptizou a nova ilha de Sabrina.
Desenhos da tripulação do navio britânico a descrever actividade eruptiva e a morfologia da ilha Sabrina. Imagem da Wikipédia
Embora a época dos descobrimentos já tivesse acabado, havia séculos, ainda não exisitia o actual conceito de águas territoriais ou nacionais, assim, a nova ilha pertenceria ao primeiro povo que a pisasse e nela hasteasse a sua bandeira nacional. Encontrando-se um navio militar britânico na região de São Miguel, de nome Sabrina, provavelmente em missão de reonhecimento devido a se estar na época de Napoleão e das invasões francesas, o mesmo fez então várias tentativas para desembarcar nesta nova terra, o que só conseguiu em 4 de Julho do mesmo ano, onde hasteou a bandeira, declarou a soberania britânica e baptizou a nova ilha de Sabrina.
O desenho da época evidencia bem a semelhança da erupção de Sabrina com as fotos das primeiras fases das erupções dos Capelinhos e de Surtsey. Imagem da Wikipédia
A situação poderia desencadear um incidente diplomático com os nossos aliados ingleses e em luta do nosso lado contra as invasões francesas: por no seio dos Açores, totalmente português, assumirem a soberania de uma décima ilha nascida do mar... Mas, tal como já referi, devido à erosão, o destino das ilhas vulcânicas é tornarem-se em montes submarinos e no caso de edifícios de cinza vulcânica, isso pode acontecer muito depressa, como descrito aqui para os Capelinhos. A este problema deu a Natureza uma solução rápida logo em Outubro do mesmo ano, provocando o desaparecimento total de Sabrina.
Costa ocidental de São Miguel, vendo-se à direita a pequena Ponta da Ferraria, defronte da qual a erupção construiu a ilha Sabrina.
Poderão ter ocorrido outras erupções submarinas nos Açores do tipo surtsiano após o povoamento, mas os Capelinhos, pela informação científica, e Sabrina, pelo incidente diplomático, tornaram-se nos dois casos mais famosos do Arquipélago deste estilo eruptivo.
12 comentários:
adorei o post e a foto do livro. beijos, pedrita
Já conhecia a história desta décima ilha, que foi precisamente o tema do primeiro artigo que escrevi para a imprensa nacional, publicado em 1997 no velhinho jornal SEMANÁRIO. Mas não conhecia estas imagens. Talvez porque nessa altura a Internt ainda era uma coisa muito rara, mesmo numa redacção nacional...
Saudações faialenses!
Olá Geo.
A história é muito interessante, já a conhecia, mas não podemos esquecer que a wikipédia não é propriamente uma fonte muito científica.
No entanto não foi isso que trouxe aqui.
Queria pedir-te para, se possível,colocares um post sobre encontro da comunidade de leitores da Horta que terá lugar amanhã junto à recepção do BPARH João José da Graça entre as 18h e as 19h.
Já sei que não vais lá estar, é pena, espero que venhas para o próximo.
Um abraço,
mv
Também sabia da história, mas nunca tinha visto estas imagens.
Magníficas, acrescente-se.
Obrigado.
a todos
a história é muito conhecida, pelo menos entre nós açorianos, o principal objectivo deste post foi evidenciar aos ilhéus que se tratava de uma erupção do tipo surtsiano como se deduz dos próprios desenhos, que estão muito bem feitos neste aspecto, e divulgar ao menos conhecedores destas ilhas da ocorrência e da curiosidade diplomática dos Açores associada a fenómenos geológicos.
ao miguel
os post publicados esta semana já estavam pré-feitos, apenas os publiquei desde da viagem, não tenho tempo disponível quando acedo a pc e quando estou livre (à noite) não tenho pc, pelo que não vai ser fácil fazer um post sobre a matéria. Claro que já sabias que eu não podia ir à estreia da primeira sessão do grupo de leitores.
Também não seria de todo desinteressante podermos nos meter num pequeno barco (a remos, à vela, ou como quiserem) e irmos num pulinho... à Inglaterra!
ao xinando
neste momento contenta-te em irmos de jeep ver os nossos campos verdejantes e outras coisa menos belas... é a vida!
A Sabrina lá desapareceu, enquanto mais Calhau continua a desaparecer agora. Com algum braqueamento dos geólogos do regime, tudo é possível...
Dificilmente os Capelinhos teriam sido os primeiros em cerca de 500 anos de povoamento humano. Existem bastantes registos de erupções ou sismos ao longo da história das ilhas. Consta que a média entre erupções é de 50 anos (o geocrusoe poderá confirmar). Assim de repente recordo o ilhéu de Vila Franca, que aparenta uma cratera, não sei se resultante de erupção deste tipo.
ao paulo pereira
devido à sensibilidade do tema, do meu papel de intervenção social e vínculo profissional, a resposta ao comentário está no teu próprio blog.
maugastamanhas
era difícil, mas não impossível, tem sido referida uma média de duas erupções por século em terra nos açores após as descobertas (os capelinhos depois ficaram subaéreos e ligados a terra). existem indícios que devem ter ocorrido mais erupções no mar, outras nem foram detectadas e algumas não se consideram confirmadas, mas podem ter ocorrido de facto. deste modo teriamos na área dos açores um frequência bem superior a 2 erupções por século.
Todavia, parecem existir períodos de concentração de um maior número de erupções ("clusters") e intervalos de relativa acalmia. José Madeira da Fac Ciências Lisboa defende isso na sua tese.
O ilhéu de vila franca, das cabras, da madalena, entre outros são seguramente surtsianos, mas anteriores à descoberta das ilhas.
Geocrusoe,
já sabia algumas coisas da história, até já visitei o sitio recentemente.
Obrigado pela maior informação que dá.
Já agora, ao largo da Terceira há mais erupções no mar referênciadas além da Serreta? Nunca encontrei nada na internet, nem na minha bibliotece.lol.:S Thanks
Haja Saúde
Ao largo da Terceira existem pelo menos outras 2 erupções históricas, o Banco D João de Castro em 1720, um pouco mais distante, e igualmente na zona da Serreta em 1861 (aproximadamente na mesma área de 1998).
Em terra claro que já deves conhecer a erupção do mistério dos negros entre a caldeira de santa bárbara e o pico alto/caldeira guilherme moniz.
Enviar um comentário