Tal como fiz para o Faial no verão passado, falarei agora, de uma forma curta, simples e possivelmente descontinuada, da história vulcanoestratigráfica da ilha de São Jorge, ou seja, do seu aparecimento e posterior crescimento, com base em documentação que conheço (ver nota) e nas muitas explorações de campo que agradavelmente faço nesta ilha.
A zona mais antiga da ilha fica além da linha vermelha traçada na foto (clique para a ampliar)
A ilha iniciou-se com a subida de magma ao longo de uma importante fractura na crosta terrestre de orientação Noroeste-Sudeste, o que permitiu a instalação de cones vulcânicos alinhados (vulcanismo fissural) sobre essa falha geológica na zona a leste da Ribeira Seca, até ao Topo.
Assim, a zona oriental da ilha, é a mais antiga de São Jorge, este vulcanismo deve ter surgido acima do nível do mar há mais de 600.000 anos e marcou o nascimento desta ilha. O conjunto das estruturas então formadas é denominado por: Complexo Vulcânico do Topo.
Farol do Topo, na freguesia que deu o nome à unidade vulcânica mais antiga da ilha.
Tendo em conta o referido aqui, conclui-se que São Jorge é ligeiramente mais novo que o Faial, embora deva ter existido vulcanismo activo simultaneamente na área do Complexo Vulcânico da Ribeirinha do Faial e no Complexo Vulcânico do Topo.
O vulcanismo nesta zona desenrolou-se, com possíveis interrupções, ao longo de 500.000 anos aproximadamente. Assim, devido à maior antiguidade desta parte da ilha, a mesma sofreu uma maior erosão pelas águas (chuvas e humidade), ventos, amplitudes térmicas e seres vivos, o que faz com que nas suas zonas interiores o relevo seja mais suave que a ocidente da Ribeira Seca.
O contraste do relevo suave do interior com o abrupto da zona costeiras e linhas de água
Todavia, na zona mais litoral, para onde as águas das chuvas escorriam e o mar fazia recuar a linha de costa, foram escavados profundos vales e a linha de costa foi talhada de forma muito escarpada e com grande altura.
Vales de linhas de ribeiras muito profundos situados no Complexo Vulcânico do Topo
Nota - Madeira, J. (1998): Estudos de Neotectónica das ilhas do Faial, Pico e S. Jorge. (Tese de doutoramento FCL)
18 comentários:
Aqui, na Alemanha, também pertenco a uma esquerda que se considera intelectual. Também nao queremos a dupla McCain/Palin a governar os Estados Unidos. Apesar que o Joseph Biden nao me agrada nada.
O meu problema com o artigo dessa senhora é de ele ser subjectivo,
desnecessário e insultuoso.
Exemplo: "a mulher faz-me arrepios" é uma opiniao pessoal e nao objectiva. Diz ainda que "a falta de escrúpulos alia-se ao primarismo da argumentacao" uma outra opiniao pessoal, pois nao apresenta provas.
Chama animal ao Rush Limbaugh, chama ignorante à Sarah Palin, chama imbecis aos evangélicos. Fala na infidelidade do McCain. Mas que tem isso a ver com a política? O Clinton também foi infiel e foi um bom Presidente.
Um jornalista tem de ser 100% imparcial, e nao nos enfadar com opinioes pessoais que nao nos interessam. Mas o que mais me chocou foram as palavras ultrajantes que ela usou.
Agradeco que se tenha interessado por este tema, e desejo-lhe boa noite.
de tanto vc falar da sua região, dá vontade de conhecer. biejos, pedrita
A Pedrita tem razao. Dá vontade de conhecer tudo do que nos fala.
Que lindas fotografias.
Embora a minha formacao académica seja de letras, corre-me nas veias o meu interesse pelas ciencias.
Gosto muito de ler os artigos do rerum natura.
Tenho um interesse especial pelo matemático alemao Hermann Minkowski e o seu Espaco-Tempo.
Saudacoes de Düsseldorf!
à pedrita e ematejoca
efectivamente quando o tempo está bom estas ilhas são um mimo para os nossos olhos... o problema é mesmo o inverno vir aí e já começou a dar alguns sinais de vida.
Em resposta ao seu comentário no meu blog.. é sim senhor uma forma de ver a solidão de outra pessoa. Mas se não conhece a banda que a compôs, toca e canta, vai muito a tempo. Foi uma agradável surpresa musical em língua portuguesa, nestes ultimos anos: http://www.myspace.com/classificados
lindo... É giro já ter visitado sítios de tão longe e esta ilha mesmo aqui em frente não, mas um dia eu hei-de ir lá.
Não se vê S.Jorge da minha casa, o monte que separa as nossas freguesias tapa a ilha. :(
Já não pega dizer que os Açores são sempre bonitos nas fotos com bom tempo. Tu tens um talento.
Sabes que começo a ficar curioso sobre a tua identidade
Vim agradecer a atribuição do Brillante e muito mais a consideração que me conferes. De facto não mereço.
Tenho andado um bocado lento na blogosfera. Falta de tempo...
Mas mesmo com pouco tempo reconheço o trabalho excelente que aqui fazes e agradeço sinceramente a tua amizade.
Um abraço amigo:
Félix
À clau
já estou a ouvir para conhecer, pois não conhecia, o que aliás é normal, pois oiço pouca música "ligeira" na rádio (normalmente antena2) para fugir a muita coisa fútil que na rádio passa, mas isso tem como consequência desconhecer muitas vezes o que de bom se faz, felizmente a blogosfera também serve para divulgar essa qualidade.
ao GRIFO
bem, não é segredo quem sou, embora por aqui gosto de ser geocrusoe, mas no faial e fora muitos sabem quem eu sou, além dos dados que estão no blog em "ver o meu perfil completo", chamo-me carlos faria, como geólogo trabalho no ambiente e a maioria das pessoas de pedro miguel mais velhas do que tu conhecem-me. o monte que tu falas é o que nós chamamos lomba. se clicares na etiqueta do meu blog "graben" vais aprender muito mais sobre as lombas do faial, inclusive essa e sobre o graben de pedro miguel.
sempre que quiseres perguntar algo sobre geologia/ ambiente podes perguntar, por aqui ou clicando no envelope-email dos post. gosto demais de geologia para guardar segredo do que sei e o que não souber, tentarei saber, por isso, está à vontade em comentares e perguntar, para mim falar de geologia é sempre um prazer.
ao desambientado
sei que tens muito que fazer, ser investigador e bom professor (os teus alunos o dizem) ocupa muito tempo. mas mesmo com menor velocidade de actualizações no teu blog, quando surge novidade é sempre boa.
Um abraço
Sempre a aprender.
ao josé quintela soares
aprender e ensinar são duas coisas que gosto muito de fazer.
ao josé quintela soares
aprender e ensinar são duas coisas que gosto muito de fazer.
"A luta pela vida num ser humano e a eutanásia (sem o pleno consentimento da dono da vida em jogo)." Meu caro geocrusoe, era exactamente isso que eu queria exprimir com a da história da kleine Hexe.
"A resistência da pequena Hexe que depois visita os seus salvadores que a salvaram e também decidiram devolvê-la às núvens, deve ser fonte de muita reflexão." É na verdade para reflectir.
Quero agradecer-lhe o comentário que veio enriquecer muito a publicacao da mesma.
à ematejoca azul
efectivamente gostei muito da história contida no seu post e, sobretudo, do modo como sementes de reflexão lá foram plantadas.
Saiu na National Geographic (pt) um mapa geológico dos Açores, viu?
Não só vi, como um dos intervenientes me ofereceu um exemplar e ainda o assunto teve direito a um post neste blog:
http://geocrusoe.blogspot.com/2008/07/geomonumentos-dos-aores-national.html
Qualquer forma obrigado pela inforação, julgo a edição ocorreu no momento em que o seu blog esteve de férias ;-)
Belas fotos, dessa fantástica ilha.
Quanto ao tema, acho muito bem dar a conhecer tudo o que diga respeito a este triângulo.
Uma excelente continuidade do trabalho magnífico que aqui se pode encontrar. Parabéns.
Fiquei mais "instruida" ;) Obrigada pelos ensinamentos!
ao lc
espero continuar, mas sem me esqueçer do faial
à maria
divulgação de conhecimentos científicos é também um dos objectivos deste blog
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