"A Mãe" de Gorki é um romance que tem como inspiração uma perseguição real movida aos organizadores de uma manifestação do 1.º de Maio ainda na Rússia czarista no início do século XX e julgamento dos seus líderes, para assim apresentar o movimento clandestino de divulgação das ideias de luta de classes no seio dos operários fabris e dos agricultores (mujiques) através de uma rede de fornecimento de livros e jornais proibidos.
A obra centra-se numa mulher de meia-idade que depois de uma vida vítima de violência doméstica por marido alcoólico e frustrado devido ao trabalho, fica viúva e descobre no filho uma conversão à leitura, aos ideais revolucionários e participação num célula clandestina que progressivamente ela vai conhecendo e aderindo para se tornar numa importante ativista, onde descobre um conjunto de pessoas exemplares que agem na sombra ou até são presas sem nunca desistir.
A obra é marcadamente ideológica, raramente esta é dita de socialista e nunca comunista, a ideia é apresentada como a "verdade" e ou se está com esta ou com as forças opressoras que defendem os ricos capazes de tudo para a posse de bens.
O romance está bem escrito por vezes com uma frieza narrativa temperada de metáforas do neorrealismo e da propaganda. Há momentos onde as emoções da grande dureza das forças do Estado e o sacrifício dos oprimidos é intensamente explorada em contrapeso com o facto de no grupo os sentimentos serem abandonados em prol da causa que defendem, onde não pode haver sujeição ao amor, nem ao familiar.
Sendo uma obra anterior à instalação do comunismo na Rússia não se pode dizer que a esperança assumida pelo romance nesta causa que leva a justiça aos mais fracos omitiu o que de negro possa ter havido quando o regime foi depois posto em prática, revolução que faz hoje, por coincidência, precisamente 100 anos. Apesar do carácter propagandista gostei do romance e é de muito fácil leitura.
Sendo uma obra anterior à instalação do comunismo na Rússia não se pode dizer que a esperança assumida pelo romance nesta causa que leva a justiça aos mais fracos omitiu o que de negro possa ter havido quando o regime foi depois posto em prática, revolução que faz hoje, por coincidência, precisamente 100 anos. Apesar do carácter propagandista gostei do romance e é de muito fácil leitura.
2 comentários:
confesso que por esse eu não me animei. beijos, pedrita
Não se trata de animar ou não, é um bom romance e bem escrito. Concorde-se ou não com as ideias propagadas, mas mesmo ler os argumentos que são distintos dos que pensamos é também uma forma de amadurecer, até porque muitos dos expostos são mesmos válidos.
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