O romance "O francoatirador paciente", de Arturo Pérez-Reverte, é um thriller que ao longo do seu desenrolar passa de Madrid, para Lisboa, Verona, Roma e vai até Nápoles e leva a reflexões sobre a arte urbana e contemporânea através de um mergulho e exploração do mundo dos autores de graffiti, a sua forma de contestar os defeitos da sociedade atual e, inclusive, de denúncia da subjugação da cultura ao dinheiro e à regulamentação oficial.
Este foi o primeiro livro que li deste escritor espanhol que sei possuir uma obra que varia entre romances de maior profundidade em questões contemporâneas e outros mais ligeiros, penso que o presente se situa num campo intermédio.
Uma escrita contemporânea cheia de gírias do meio dos graffiti, mas agradável e correta. Um thriller cujo suspense não esmaga a força das mensagens que o autor vai semeando no texto. Uma obra fácil , mas sem ser ligeira e recheada de reflexões pertinentes sobre o mundo urbano atual. Uma protagonista homossexual mas nada tem de manifesto sobre o tema ou de preconceito. Uma viagem ao submundo de contestação juvenil, dos gangues e de seitas adolescentes, mas sem ser agressivo ou apoiante da delinquência. Uma crítica ao império do dinheiro sem ser uma oposição barata ao sistema e um final inesperado fazem deste romance uma agradável obra de lazer e aprendizagem de uma realidade pouco conhecida que cobre as paredes das nossas cidades ocidentais.
Sem ser uma obra pretensiosa, gostei e recomendo a qualquer leitor e fiquei interessado em continuar a descobrir mais obras de Arturo Pérez-Reverte.
8 comentários:
fiquei curiosa. mia couto está no brasil para vários eventos. mas acho que não vou conseguir ir. beijos, pedrita
Eu pelo menos espero ler mais obras de Pérez-Reverte.
Mia Couto vem com alguma frequência a Portugal, penso que já o vi numa feira do livro em Lisboa, pelo menos vários escritores africanos são assíduos a este evento anual.
Não li nenhuma obra de Pérez-Reverte. Mas Mia Couto é amigo de longa data. Vale a pena ler e reler.
Pois de Mia Couto já li muitos livros, é um género bem diferente, quer em ambientes, quer e modo de contar a estoria, mais poético e com umas sombras de tristeza a lutar com a felicidade num mundo difícil.
Este Perez-Reverte é mais terra a terra, mais fácil de aceder ao leitor que não procura textos e estilos rebuscados, mas está cheio de mensagens subliminares muito interessantes, mas não conheço mais nada do autor
Adoro Arturo Perez-Reverte, já li vários livros dele, desde a série do "Capitão Alatriste" a outros como por exemplo o excelente "Clube Dumas", "Assédio", "A Tábua de Flandres", "O Pintor de Batalhas", etc..
É um escritor que escreve bem, com rigor nos seus romances históricos, mas ao mesmo tempo de uma forma que cativa os leitores, uma espécie de Bernard Cornwel espanhol, é um autor que eu recomendo a 100%.
Algures no meu blog há de haver umas reviews aos livros da série do Capitão Alatriste, se perder um pouco de tempo a procurar e ler pode ser que ganhe vontade de ler mais dele.
Entretanto para lhe poupar tempo, aqui fica:
http://oqueeuleio.blogspot.pt/2008/08/capito-alatriste.html
http://pipasblog.blogspot.pt/2008/07/o-clube-dumas.html
Mais um, estes são do fundo do baú ehehe
http://pipasblog.blogspot.pt/2008/05/o-pintor-de-batalhas.html
Este teu post passou-me despercebido na altura. Agora que li o livro posso dizer que concordo com tudo o que escreveste sobre o livro.
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