Neste artigo ficou prometida a publicação de um novo a relatar a viagem realizada na embarcação "Ana G" da empresa de actividade marítimo-turística Ocean Eye, também em rede social, a qual possui um fundo transparente que permite observar de uma forma ímpar os fundos marinhos por onde se navega...
Uma perspectiva do fundo e da proa do Ana G
Há momentos onde as fotos são uma sombra da realidade e esta reportagem enferma desse problema, pois se a visão dos olhos é capaz de atravessar perfeitamente o vidro, as lentes da câmera deixam-se perturbar pelo reflexo da luz do dia em prejuízo da beleza retratada.
Cardume de vejas a dormir
Trata-se de uma viagem onde a biodiversidade oceânica da zona costeira do Faial é exposta de uma forma única e ao vivo, explicada em directo por biólogos marinhos, alguns com interessantes curricula científicos e por isso conhecedores plenos do que mostram.
Peixes bentónicos como solhas, raias, moreias (pintada e a endémica preta); moluscos como os polvos; equinodermes; crustáceos como caranguejos subaquáticos e outros, uma fauna que varia em função dos fundos serem lodosos, arenosos ou rochosos. Peixes pelágicos de coloração variada, como vejas, sargos, garoupas, salmonetes, etc. Mais nteressante é sem dúvida a explicação ao vivo de alguns comportamentos que observamos, que vão desde posições de dormir, hábitos oportunistas, vivências em simbiose até rituais de acasalamento...
Marcas de dissolução em tufo por ouriços-do-mar para alimentação
Não nos podemos esquecer ainda da flora marinha, como algas verdes, vermelhas, outras construtoras de estruturas calcárias e inclusive algumas infestantes como a Caulerpa webbiana ou ainda os efeitos dos seres litófagos (comedores de rocha) sobre os estratos geológicos como as escavações dos ouriços no tufo vulcânico submerso.
Uma gruta costeira em tufo vulcânico com belíssimos contrastes de cor
Claro que não podia ficar para trás a geologia submarina. São os fundos da plataforma de abrasão resultante da erosão marinha do Faial, esta pode estar coberta por blocos rolados (restos da ilha), escoadas costeiras subaéreas que ficaram submersas aos longo dos últimos milhares de anos e ainda lavas em almofada formadas debaixo de água (testemunho de um edifício vulcânico que teima em crescer e emergir). Na zona costeira temos o testemunho da luta terra-mar, onde as grutas são sem dúvida um dos aspectos de maior beleza. Mas talvez a maior atracção seja mesmo a desgaseificação submarina da ponta da Espalamaca sobre a qual já expliquei e apresentei em filme aqui feito por um dos guias e sócio da Ocean Eye.
Moreia Pintada muito comum na zona de desgaseificação
Sem dúvida que para conhecer os fundos marinhos em torno do Faial, a fauna e flora oceânica e a geologia que nos cerca de uma forma acessível, muito confortável e sobretudo convenientemente interpretada por quem conhece a biologia, uma viagem na embarcação Ana G da Ocean Eye é uma oportunidade a não desperdiçar e que recomendo vivamente.
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