Páginas

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

CURIOSIDADE PAISAGÍSTICA: Igreja dos Espalhafatos

Por vezes o relevo prega-nos partidas sobre aquilo que nos deixa ver na paisagem, o que permite ilusões ou falsas interpretações da realidade e demonstra que o conhecimento, resultante directamente dos nossos sentidos, nem sempre corresponde à realidade.

Clique para aumentar a foto

A Igreja de Santo António, localidade dos Espalhafatos, na freguesia da Ribeirinha, apesar de possuir diversas casas ao seu redor e situar-se junto a uma das estradas mais movimentadas da ilha do Faial, quando observada do local da foto parece a sair da terra e estar perdida no seio de pastagens. Tal resulta do facto da sua torre ser mais elevada que as cristas dos relevos envolventes e a estrada estar encaixada num vale. Assim, ser como São Tomé - "ver p'ra crer" - nem sempre assegura a verdade e más interpretações das observações levaram mesmo a teorias falsas na história da ciência. Lembra-se de alguma?

9 comentários:

Grifo disse...

Teoria Geocêntrica por exemplo... :)

Anónimo disse...

Pensei imediatamente na teoria mencionada pelo Grifo... mas ha mais!
Abraco

Miguel Valente disse...

Sobre a igreja dos Espalhafatos e a igreja da Ribeirinha já tive oportunidade de conversar com o GeoCrusoé relativamente à relação da existência de ambas. Tendo vindo de fora da ilha, e apesar de ter estado ligado a uma fase do processo de reconstrução das igrejas do Faial, e como tal, ter tido algum contacto com as comissões fabriqueiras, sempre me fez alguma confusão o facto de existirem mais do que uma igreja em determinadas freguesias. Se na altura em que forma construídas, e devido à dimensão das referidas freguesias, se justificava existirem mais do que uma igreja, de forma a evitar grandes deslocações dos fiéis, actualmente essa situação não se coloca, uma vez que existem estradas alcatroadas e bons carros para nos transportar. Várias pessoas da ilha já me informaram que a ideia de juntar os paroquianos de duas igrejas numa única igreja é muito complicado, devido em grande parte a problemas de relacionamento entre os referidos grupos. É precisamente este ponto que me causa uma grande confusão. Não é suposto seguirem a mesma religião? O pároco não é o mesmo? Não procuram todos a mesma mensagem? Se têm tudo isto em comum, porque é que é tão difícil juntarem-se numa mesma igreja.
Esta situação torna-se, na minha opinião, francamente absurda nesta altura, uma vez que não há dinheiro para construir mais igrejas, cada vez são menos os paroquianos que frequentam as missas. Creio que faria todo o sentido, no caso da Ribeirinha, a comissão fabriqueira desistir de querer construir uma nova igreja, aproveitar a existência da igreja dos Espalhafatos para a frequência de cerimónias religiosas, e investir o dinheiro que estava destinado à construção da nova igreja para consolidar o que ficou da igreja da Ribeirinha, após o sismo, e reabilitar a sua envolvente, de forma a poder dotar toda aquela área de uma utilização mais lúdica.
Para terminar esta pequena reflexão deixo apenas este alerta: Se dentro da mesma freguesia e religião não existe entendimento, como é que é possível haver entendimento inter-religioso? Não creio que tenha sido esta a mensagem que Cristo tenha deixado.

Miguel Valente disse...

Olá Geo.

Tenho mais um blog muito fixe para dares uma olhada.
http://diario-grafico.blogspot.com/

mv

Carlos Faria disse...

ao grifo e ao melões
calculava que essa seria a teoria que todos se lembrariam. mas em ciências nem tudo são grandes teorias.
de galileu surgiu também a constatação de que todos os corpos caiam para a terra com a mesma aceleração, a contrariar a ideia que uma pena e um pedra são atraídos de forma diferente, como parece ser devido ao atrito atrasar a queda da pena de forma mais evidente.
Também no passado se mostrou como havia a geração espontânea da vida pela simples observação do aparecimento de larvas sobre comida, pois não observavam as moscas a pôr os ovos... existem mesmo receitas para gerar ratos apenas colocando palha e outros alimentos em zona isoladas e estes la apareceriam...
também os fósseis marinhos encontrados em zonas mais elevadas serviram para alguns de evidência do dilúvio... claro a alguns nem lhes passou pela cabeça que as montanhas haviam subido ao longo do tempo...
hoje parecem ridículas estas explicações que pareciam então lógicas para muitos a partir da simples observação do mundo à sua volta.

ao mv
isto de paróquias e igrejas no meio rural é social e psicologicamente muito mais complexo do que parece a um cidadão urbano agnóstico. à igreja está associado um sentimento de comunidade e localidade muito forte, por norma em portugal as freguesias resultaram da existência de igrejas paroquiais e não o inverso e isso está muito enraizado no campo, onde o sentimento de freguesia requer a uma igreja paroquial com o seu patrono.
Mesmo no século XXI, podes observar que as novas freguesias nas ilhas estão associadas a anteriores freguesias com mais do que uma paróquia ... demonstrando que esta é ainda o elemento aglutinador do conceito de freguesia.
não vale a pena invocares apenas valores cristão e respectiva lógica neste conceito urbanístico, isto daria para muitas páginas neste comentário, que é mais fácil em conversa.
paralelamente esclareço-te que tendo recusado a mim fé de criança e depois ter-me reconvertido em adulto faz-me compreender dois mundos ( o laico agnóstico e o cultural religioso tradicional) e pensar diferente dos que só pertenceram a um deles e confesso que existem muitos aspectos que são de difícil compreensão.
Já agora lembra-te quando fores à rua garret em lisboa de que além de 3 igrejas, tens aí duas paróquias que nem distam 100 m e na foto do post de 26 de janeiro ves duas cúpulas de duas paróquias presbiterianas situadas precisamente no mesmo largo... por isso não é apenas a distância e acessos que identifica esta unidade religiosa de culto.
já agora eu participei em cerimónias cristãs de credos diferentes, mas isso deve-se à minha situação especial, acredito em ecumenismo, as divergências parecem-me mais culturais do que de credo e acredito que entendimentos serão possíveis, mas não é fácil.

Pedrita disse...

realmente só chegando perto que conseguimos ver o que realmente é. belíssima paisagem. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

à pedrita
claro que a escolha da foto teve em consideração a beleza da paisagem, a dificuldade de percepção do objecto e a discussão do tema: confiar nos sentidos para chegar à verdade em ciência.

Maria Silva disse...

Posso roubar a foto?

Carlos Faria disse...

claro! este blog é feito por mim e ofertado aos seus visitantes, em tudo o que lhes for útil e para o bem das pessoas, estejam à vontade.