Acabei de ler o meu primeiro livro do norueguês Jon Fosse, o vencedor do prémio Nobel de 2023. A obra "trilogia" é constituída por três novelas, em que cada uma surgem as mesmas personagens principais, de modo a que o conjunto se completa num romance mais vasto.
Na primeira novela, Alse, tocador de violino, e Alida, empregada doméstica e grávida, ambos pouco mais que adolescentes, saem da terra rural natal para Bjorgvin (Bergen), uma fuga da sua situação mal tolerada pelo conservadorismo da aldeia; na cidade buscam alojamento que não conseguem encontrar, até que chega à hora de nascer Sigvald, em paralelo assistimos ao pensar de cada um sobre como vê o outro. Na segunda, Alse adota o nome de Olav e veio à cidade a partir do local que ocupou para residir e com a ideia de comprar uma aliança para Alida, ela agora com o nome de Aste, mas na viagem encontra um velho que mostra saber de todas as malfeitorias que Alse terá feito na primeira novela, enquanto o chantageia ele consegue comprar uma prenda alternativa para a sua companheira, mas a denúncia levará a um final diferente, igualmente cada membro do casal imagina sobre o outro. Na terceira, Alida já morreu, mas pelos olhos de sua filha, Ale, sabemos que a mãe terá ficado sem o seu primeiro companheiro e juntou-se ao seu pai numa solução para a sua situação de abandono e assistimos ao evoluir desta nova realidade.
Jon Fosse tem, efetivamente, um estilo muito próprio de construir a sua narrativa: uma sucessão de frases muito curtas: ora unidas pela conjunção "e", ora constituindo diálogos sem sinais de interrogação ou de exclamação, mas rematados por disse ele, ela ou outro interlocutor, deixando pontualmente a dúvida de quem de facto o disse, mas que, por adição, vai montando a história de modo semelhante ao pontos que no pontilhismo constroem a imagem impressionista. Surge assim um texto minimalista que parece ritmado e sincopado com abundância de notas de união.
A história é de fácil apreensão, mas os sentimentos parecem ausentes, o que dá um caracter frio e de solidão nas relações humanas, apesar de se sentir a presença do amor, do ódio e do oportunismo na forma como cada personagem fala ou reflete sobre o outro.
Gostei, foi um experiência de leitura de uma narrativa escrita de forma diferente.
4 comentários:
fiquei curiosa, gosto de livros em sequência. beijos, pedrita
Uma obra mais recente e considerada a sua magnus opera é septologia... está a ser editada em Portugal mas ainda só saíram 5 dos 7 elementos do romance
localizei no brasil dois livros do jon fosse. falei de livro no meu blog.
pensei muito em vc no último livro que li e comentei no meu blog. não é a hora de lê-lo.
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