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sábado, 11 de julho de 2020

"O velho que lia romances de amor" de Luis Sepúlveda


Excertos
Dê-me um romance bem triste, com muito sofrimento por causa do amor e com um final feliz».
"A vida na floresta temperou-lhe cada pormenor do corpo. Adquiriu músculos felinos que, com o passar dos anos se tornaram secos. Sabia tanto da floresta como um shuar."

Acabei de ler o meu primeiro livro do chileno Luis Sepúlveda "O velho que lias romances de amor".
A obra, apesar de ficção, baseia-se numa pessoa que o autor conheceu quando esteve refugiado na floresta que o acolheu durante uma tempestade na chocha em que residia, na qual, além do essencial, guardava conjunto de livros que para ler nas horas livres. Em sua homenagem, Sepúlveda criou um personagem fã de romances de paixões que se acolheu e adaptou à floresta.
Antonio José Bolívar reside na Amazónia do Equador, mas saberemos dos acontecimentos do seu passado: o seu casamento infértil, o seu acolhimento pela tribo shuar e a sua saída desta comunidade;  até ao seu exílio atual. No presente, o representante do Governo no local depara-se com a chegada de um cadáver de ocidental trazido numa canoa por indígenas, aquele pretende acusá-los de assassínio mas a experiência do protagonista prova que o homem fora morto por uma onça por lhe terem abatido as crias que deverá estar nas redondezas. Outro incidente fortalece as suspeitas de Bolívar e a tensão levará a que António José tenha de enfrentar a fera sozinho num jogo de inteligência felina face à do conhecedor da Amazónia em contraste com a estupidez de quem não ama esta floresta.
O texto, bem escrito, numa linguagem cheia de carinho e humor, homenageia o índio e os homens que protegem a Amazónia da ganância de forasteiros. Fica-se a conhecer um conjunto de costumes dos shuar e curiosidades essenciais à sobrevivência neste ecossistema peculiar e cheio de perigos para quem não é capaz de entrar em comunhão e equilíbrio com esta selva a proteger e a respeitar.
Gostei, uma obra pequena, fácil de ler que recomendo.

3 comentários:

Pedrita disse...

fiquei curiosa. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

É uma obra simpática e muito agradável de se ler,conheci Sepúlveda na apresentação de outra obra dele em Lisboa, mas então não comprei. Após muitos elogios a ele desde então com a morte dele por esta pandemia decidi-me em definitivo lê-lo.

Joaquim Ramos disse...

Li-o há muitos anos e lembro de ter gostado bastante.