"A Guarda Branca" do escritor ucraniano Mikhaíl Bulgákov conta-nos a agitação em Kiev no período de transição do regime urbano nacionalista, que declarara a independência da Ucrânia face à Rússia com o apoio dos alemães na sequência da revolução bolchevique, para o regime seguinte de índole socialista nacionalista que toma a cidade com a fuga dos germânicos na perspetiva da derrota destes na 1.ª Grande Guerra. Segundo regime que por sua vez cairá com a invasão soviética que terminará com essa desejada separação, mas que já não entra na história deste romance.
A trama passa-se com a adesão à causa nacionalista tradicional dos três irmãos Turbin, órfãos de uma família culta de vida universitária, e das vicissudes por que eles passam com a tomada da capital pelos partidários nacionalistas socialistas.
Bulgákov narra a história dos principais acontecimentos em 1918 e no início de 1919, enquanto intercala tais situações com a guerra civil, reflexões e análises dos irmãos e seus amigos militares próximos, construindo um retrato pormenorizado desta revolução em Kiev que colocou em confronto ideologias tradicionais e revolucionários à sombra da ameaça externa bolchevique e imperialista da Rússia. Fica claro o dilema deste país encaixado entre as aspirações germânicas e russas, sendo a Ucrânia uma vítima dos interesses das potências vizinhas adversárias também ideologicamente.
A narrativa é algo tumultuosa, uma vez que o estilo de Bulgákov mistura situações caóticas no terreno, pesadelos, reflexões, alucinações e simbolismos junto com a passagem rápidas de personagens reais e fictícias relacionadas com a guerra, contudo a percepção do que terá sido este ano revolucionário fica bem patente na estória, a que se junta o facto de ter sido escrito num período onde a censura estalinista obriga a subtilezas em muitas passagens.
Gostei sobretudo pela informação histórica que esta ficção permite e ainda por mostrar os maiores dilemas da Ucrânia de hoje em dia entre o desejo de se aproximar do Ocidente e a vontade da Rússia em ter este País sob a sua influência, além dos nacionalismos ocos entre povos que habitam o mesmo espaço.
A narrativa é algo tumultuosa, uma vez que o estilo de Bulgákov mistura situações caóticas no terreno, pesadelos, reflexões, alucinações e simbolismos junto com a passagem rápidas de personagens reais e fictícias relacionadas com a guerra, contudo a percepção do que terá sido este ano revolucionário fica bem patente na estória, a que se junta o facto de ter sido escrito num período onde a censura estalinista obriga a subtilezas em muitas passagens.
Gostei sobretudo pela informação histórica que esta ficção permite e ainda por mostrar os maiores dilemas da Ucrânia de hoje em dia entre o desejo de se aproximar do Ocidente e a vontade da Rússia em ter este País sob a sua influência, além dos nacionalismos ocos entre povos que habitam o mesmo espaço.
8 comentários:
fiquei curiosa e gostei muito da capa. tb gosto de livros que me ajudam a entender um pouco da história. beijos, pedrita
Ainda não conhecia, mas adorei a resenha.
Beijos boa semana
www.bellapagina.blogspot.com.br
Pedrita
Penso que o último que leu dele é mais completo e rico, mas este é mais fácil de ler e o ambiente é outro.
Bella Página
Obrigado
Dos quatro que li de Bulgakov, este acabou por ser o que gostei menos. Também creio ter retirado pouco, por conhecer mal este período da história da Rússia/Ucrânia...
Bárbara
Só li 2, gostei mais do Mestre e Margarita, agora nunca lera nada sobre a Ucrânia e este foi bom para descobrir esta cidade e país.
Recomendo "Coração de Cão". Entra um pouco no lado mais mágico do Mestre e Margarita (embora não se comparando), é uma leitura agradável também.
Olá Carlos, gostei dessa dica de leitura por ser uma oportunidade de conhecer um pouco desse corte da história. Acho muito legal a ideia de romances históricos.
Abs.
Vale sobretudo por essa informação, aliás a tradução portuguesa tem notas de rodapé sobre algumas personagens históricas como são vistas pelo autor.
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