Excerto
"na vida, não é o futuro que conta, mas o passado."
Acabei de ler "Na rua das Lojas Escuras" do francês vencedor do prémio Nobel da literatura de 2014 e tal como referido na justificação do galardão, é mais uma obra sobre a busca de memórias do tempo da ocupação nazi em França para conhecimento da identidade e das origens do protagonista tal como o anterior que lera. Este romance também ganhou o prémio literário Goncourt em 1978.
Guy Roland foi acolhido por um detetive que o encontrou sem ele se recordar de quem era, passou uma década a trabalhar escritório dele sem nunca descobrir o seu passado, mas o patrão reforma-se e recomeça a busca, encontra duas pessoas que associam o seu rosto a um grupo noctívago em Paris do tempo da ocupação nazi. Aos poucos e a partir de fotografias que lhe mostram daquela época Guy pensa reconhecer-se vai seguindo as pistas e as pessoas relacionadas, umas morreram, outros foram mortos e alguns desapareceram sem rasto. Terá sido Howard da Luz relacionado com um ator e uma bela russa? Talvez McEvoy que trabalhava num consulado sul americano e usaria um nome falso? Seria então antes Steer ou Jimmy? Quem são aqueles que lhe parecem de carreiras duvidosas em torno daquele grupo. Aos poucos surgem-lhe memórias em espaços onde sente já ter morado. Quem é aquela mulher Denise com quem tudo aponta ter vivido e alguns o reconhecem como o companheiro? O que se passou na fronteira com ele e ela?
A reconstituição da memória e da identidade do protagonista numa pesquisa através de fotos antigas, excertos de textos, notícias, testemunhos e endereços da sua investigação vão montando a vida de um grupo de pessoas com várias origens numa Paris sitiada pelo nazismo, onde muitos viviam sobre um disfarce em que ele estava incluído.
Na narrativa vai perpassando a neblina que ofusca a montagem desta auto-identidade, cruzando pistas falsas e verdadeiras, questões que mantêm o suspense. Um romance que não deslumbra mas agrada, embora haja obras-primas que por si só me parecem justificar um Nobel, esta não me parece ser o caso, contudo gostei e é um bom pequeno romance.
Guy Roland foi acolhido por um detetive que o encontrou sem ele se recordar de quem era, passou uma década a trabalhar escritório dele sem nunca descobrir o seu passado, mas o patrão reforma-se e recomeça a busca, encontra duas pessoas que associam o seu rosto a um grupo noctívago em Paris do tempo da ocupação nazi. Aos poucos e a partir de fotografias que lhe mostram daquela época Guy pensa reconhecer-se vai seguindo as pistas e as pessoas relacionadas, umas morreram, outros foram mortos e alguns desapareceram sem rasto. Terá sido Howard da Luz relacionado com um ator e uma bela russa? Talvez McEvoy que trabalhava num consulado sul americano e usaria um nome falso? Seria então antes Steer ou Jimmy? Quem são aqueles que lhe parecem de carreiras duvidosas em torno daquele grupo. Aos poucos surgem-lhe memórias em espaços onde sente já ter morado. Quem é aquela mulher Denise com quem tudo aponta ter vivido e alguns o reconhecem como o companheiro? O que se passou na fronteira com ele e ela?
A reconstituição da memória e da identidade do protagonista numa pesquisa através de fotos antigas, excertos de textos, notícias, testemunhos e endereços da sua investigação vão montando a vida de um grupo de pessoas com várias origens numa Paris sitiada pelo nazismo, onde muitos viviam sobre um disfarce em que ele estava incluído.
Na narrativa vai perpassando a neblina que ofusca a montagem desta auto-identidade, cruzando pistas falsas e verdadeiras, questões que mantêm o suspense. Um romance que não deslumbra mas agrada, embora haja obras-primas que por si só me parecem justificar um Nobel, esta não me parece ser o caso, contudo gostei e é um bom pequeno romance.
7 comentários:
Embora muitos intelectuais alemães digam que ele não merecia o Prémio Nobel, eu li quase toda a sua obra com grande prazer. Durante a leitura senti-me em Paris.
Também tenho alguns sentimentos contraditórios sobre o merecimento do galardão literário, mas só li 2 livros dele, gostei de ambos, mas nenhum me deslumbrou..
Reconheço que espero sempre alto de livros de um Nobel e quando os vejo entregues a Países influentes no campo da cultura muitas vezes penso que é preciso mesmo ser-se excessivamente acima do mediano para um país pequeno conseguir ver um seu autor receber tal reconhecimento ao contrário dos escritores desses Estados.
Um Lobo Antunes, um Jorge Amado um Cardoso Pires vs Modiano... tenho gostado deste, mas aqueles quantos Nobel mereceriam? Mas ainda espero ler mais Modiano, ao menos não me desiludiu.
não li. nem lembro se li algo dele. beijos, pedrita
O tema da memória na formação da identidade tem-me despertado algum interesse pessoal e como vencedor de Nobel experimentei. Tenho gostado.
carlos, eu tb visito autores q ganharam nobel. falei de livro no meu blog.
Terminei de ler o livro, mas não consegui entender a conclusão, se é que ela existe de fato. O livro é realmente aberto a interpretações? Gostaria de saber o motivo da perda de memória (se de fato teve algo com o episódio da neve). Além disso, me veio à cabeça a hipótese de o protagonista ter assumido o disfarce de boa parte dos personagens que surgem ao logo da narrativa. E talvez por isso ele esteja tão confuso. Alguém tem outras ideias para me ajudar? Fiquei realmente curioso.
Gustavo
Meu e-mail gustavo.pintosilva@yahoo.com.br
Gustavo
O livro efetivamente deixa várias aspetos em aberto, o que não é estranho a outros livros de Modiano, que é um escritor que fala sobretudo dos problemas de identidade e de memória nos cidadãos que estiveram sob a ocupação nazi em França, havendo personagens que são vítimas da invasão e outras que se tornaram vítimas por terem sido colaboracionistas com os alemães. Este livro toca de forma estilizada esta ideia fixa do autor.
Penso que a cena na neve deve ter sido um choque psicológico de tal forma intenso que a amnésia foi a defesa. Não penso que Modiano tenha pretendido listar disfarces do protagonista, mas sim deixar de uma forma nebulosa revelações do que foi a vida da personagem que são revelados como retratos de problemas associados a uma época montando um puzzle de memórias a descobrir.
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