Acabei de ler "Aparição" aquele que, segundo muitos, é o romance mais emblemático do importante escritor português da segunda metade do século XX: Vergílio Ferreira, prémio Camões pelo conjunto da sua obra em 1992.
A estória relata a experiência de integração social e profissional do primeiro ano de professor do beirão e recém-licenciado Alberto, colocado em Évora, uma cidade que lhe é estranha, tendo como meio o relacionamento que ele desenvolve com uma família local amiga do pai e com o grupo social das filhas. Aqui as suas reflexões e declarações existencialistas encontram eco em duas das raparigas e num aluno com impactes psicológicos que afetam os contactos entre os membros desta tertúlia, dando lugar ao aparecimento de desconfianças, receios, ciumes entre os elementos de um grupo típico de uma pequena comunidade fechada e provinciana. A situação agrava-se ainda com a ocorrência de um acidente e dos problemas individuais que conduzem à hostilização e ostracização do estranho e culpabilização destes pelos efeitos das suas ideias referentes à importância do autoconhecimento do eu.
À semelhança de outras obras literárias até ao terceiro quartel do século XX, o cuidado pela perfeição do estilo de português na sua forma gramatical e sintática tradicional é uma marca importante do texto, onde as roturas com as regras, típicas da escrita criativa das últimas décadas em Portugal, estão ausentes. Acresce a este perfecionismo escolástico, a qualidade e a elegância de escrever de Vergílio Ferreira. Mas este romance é em simultâneo uma narrativa e um tratado de filosofia existêncialista, onde, intercalado com a narrativa dos acontecimentos e dos diálogos contidos na memória de Alberto e referentes a um ano de um passado já longínquo existem textos de pura reflexão sobre o "eu", onde as formas reflexivas do pensamento para destacar a autoindentificação no conhecer-se e no sentir-se é uma marca para estes pensamentos filosóficos e ideias que afetam todas as personagens da história: ora também em busca deste eu como em Alberto, ora como rejeição desta perturbação gerada por este tipo de análise.
Assumo que gostei do romance como história, apesar de o existencialismo ser uma forma de pensamento filosófico com a qual nunca senti empatia e entrosamento, pelo que em determinados parágrafos fiquei mais pela apreciação da forma bela de escrever do que pelo conteúdo das ideias e para alguns leitores pode mesmo parecer partes coladas ao enredo incómodas à leitura do livro.
A estória relata a experiência de integração social e profissional do primeiro ano de professor do beirão e recém-licenciado Alberto, colocado em Évora, uma cidade que lhe é estranha, tendo como meio o relacionamento que ele desenvolve com uma família local amiga do pai e com o grupo social das filhas. Aqui as suas reflexões e declarações existencialistas encontram eco em duas das raparigas e num aluno com impactes psicológicos que afetam os contactos entre os membros desta tertúlia, dando lugar ao aparecimento de desconfianças, receios, ciumes entre os elementos de um grupo típico de uma pequena comunidade fechada e provinciana. A situação agrava-se ainda com a ocorrência de um acidente e dos problemas individuais que conduzem à hostilização e ostracização do estranho e culpabilização destes pelos efeitos das suas ideias referentes à importância do autoconhecimento do eu.
À semelhança de outras obras literárias até ao terceiro quartel do século XX, o cuidado pela perfeição do estilo de português na sua forma gramatical e sintática tradicional é uma marca importante do texto, onde as roturas com as regras, típicas da escrita criativa das últimas décadas em Portugal, estão ausentes. Acresce a este perfecionismo escolástico, a qualidade e a elegância de escrever de Vergílio Ferreira. Mas este romance é em simultâneo uma narrativa e um tratado de filosofia existêncialista, onde, intercalado com a narrativa dos acontecimentos e dos diálogos contidos na memória de Alberto e referentes a um ano de um passado já longínquo existem textos de pura reflexão sobre o "eu", onde as formas reflexivas do pensamento para destacar a autoindentificação no conhecer-se e no sentir-se é uma marca para estes pensamentos filosóficos e ideias que afetam todas as personagens da história: ora também em busca deste eu como em Alberto, ora como rejeição desta perturbação gerada por este tipo de análise.
Assumo que gostei do romance como história, apesar de o existencialismo ser uma forma de pensamento filosófico com a qual nunca senti empatia e entrosamento, pelo que em determinados parágrafos fiquei mais pela apreciação da forma bela de escrever do que pelo conteúdo das ideias e para alguns leitores pode mesmo parecer partes coladas ao enredo incómodas à leitura do livro.
3 comentários:
deve ser interessante, mas não me animei muito. linda capa. beijos, pedrita
Deve ser bem mais interessante para quem gosta de obras onde o pensamento filosófico seja predominante e não tratado de forma indireta e em segundo plano. Todavia está maravilhosamente bem escrito.
Li recentemente. Achei fenomenal.
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