Apesar de Quincas Borba ser uma personagem fictícia introduzida no primeiro romance dos dois de Machado de Assis contidos neste livro, na realidade "Quincas Borba" é uma obra bem diferente no modo de escrita e na estrutura de "Memórias póstumas de Brás Cubas".
Agora não se está perante as memórias ou uma autobiografia do protagonista a qual envolve uma paixão de infidelidade conjugal, mas sim do relato exterior da vida do herdeiro do filósofo rico e criador do "Humanitismo" Quincas Borba: o professor rural Rubião e guardião do cão "Quincas Borba", homónimo do seu primeiro dono para lhe preservar o nome após a sua morte que opta por passar a viver na capital Rio de Janeiro.
Igualmente escrito com humor e ironia sobre os comportamentos sociais e políticos na capital, onde não falta uma paixão de Rubião, mas agora não satisfeita, mas também existe o problema da identidade e alienação psicológica do protagonista, a garantia de fidelidade do cão e duvidosa de Sofia, os amigos verdadeiros e os oportunistas de ocasião. Uma obra que penso mais madura e profunda, o romance de Machado de Assis que mais gostei. Recomendo a qualquer leitor tipo de leitor que goste de ficção pela facilidade de leitura e qualidade da sua escrita.
7 comentários:
realmente, quincas borba e memórias póstumas são completamente diferentes. essa diversidade é que é tão fascinante em machado de assis. ah, foi o q mais gostou. eu amo dom casmurro. o filme tb é genial e é bem recente. não conheço essa autora que está lendo. beijos, pedrita
Dom Casmurro é muito bonito, mas para mim este e o conto alienista são mais profundos e despertam a reflexão, mantendo vivo o objetivo da diversão.
Eleanor Catton é ainda jovem, neozelandesa, embora nascida no Canada, penso que é a escritora mais nova a receber o Man Booker Prize e também recebeu em 2013 o GG prize que premeia as melhores obras do ano de autores residentes ou nascidos no Canada.
Ainda vou no início das suas 880 páginas.
Concordo com a leitura que fazes das obras de Machado de Assis, neste e noutros textos.
Tenho um especial apreço pela literatura do século XIX e este parece ser o Eça brasileiro. Aliás, parece que eles se davam muito mal, porque eram rivais. E a escrita deles tem muitos pontos de contacto.
Na minha opinião, Assis e Eça são dois dos maiores escritores de sempre em lingua portuguesa.
Mesmo rivais, penso que no fundo admiravam-se um ao outro e daí a rivalidade
Sim, creio que sim, Carlos. O Eça tinha um ego do tamanho do mundo; talvez do género do Mourinho:) e esse tipo de pessoas, quando são inteligentes como era o caso, escondem a admiração por detrás da rivalidade
Não, O Machado de Assis não é o Eça brasileiro.Nesse tempo dos dois poucos brasileiros tiveram a coragem do confronto com a igreja catolica, como o Eça fez.
A mim o Machado de Assis me mostra o Rio de Janeiro no Seculo XIX como ele foi e isso é o que mais aprecio.
"Freya das sete ilhas" do Joseph Conrad é uma novela pequena mas muito singular.....
Darios, quando afirmei que Machado de Assis "parece ser o Eça brasileiro" não pretendi afirmar nem insinuar qualquer tentativa de imitação ou sequer de influência.
Ele é o Eça brasileiro na medida em que teve um impacto semelhante, na literatura da época.
Em termos de escrita, eles são semelhantes, apenas e só, no que diz respeito à crítica social, ao apurado sentido de humor e quanto à escola realista que ambos parecem seguir, embora no caso do Eça com algumas variantes. E Assis também; eu atreveria afirmar que há em Assis algo do romance psicológico a fazer lembrar a escola russa.
Mas volto a afirmar: são dois vultos enormes na literatura de lingua portuguesa.
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