"Mountolive", de Lawrence Durrel, gira em torno da carreira do diplomata homónimo, uma personagem pouco abordada nos anteriores volumes e tornando-se no protagonista do terceiro volume e ocupa o lugar do escritor como narrador das anteriores histórias de "O quarteto de Alexandria" e onde além do desenrolar da sua paixão a trama vai desembocar num romance de espionagem e guerrilha política no seio de Alexandria com as principais questões do médio oriente ante II Grande Guerra e que vem a colocar as várias personagens amigas e adversárias nos tomos anteriores agora em campos inimigos ou aliado, evidenciando assim novos interesses obscuros que estavam por detrás das relações de amizade, luxúria e amor que antes foram explorados de uma forma mais emocional sem esta perspetiva.
Passado só em parte em Alexandria, a obra estende-se por outras partes do Egito e até do mundo e mostra de uma forma mais profunda a cultura copta e as suas preocupações de sobrevivência, bem como a sobreposição dos interesses políticos à amizade nas relações humanas a coberto de uma hipocrisia fria que governa a diplomacia.
É um romance cujo enredo é quase independente das tramas anteriores e com uma estrutura romanesca mais acessível e linear, embora várias situações se cruzem sincronicamente com acontecimentos antes descritos e nos mostre uma nova perspetiva e interpretação dos mesmos e cada vez mais esta tetralogia vai crescendo não só em dimensão, mas em riqueza literária do conjunto e evidenciando a multiplicidade de um indivíduo como pessoa.
3 comentários:
deve ser interessante. beijos, pedrita
O primeiro volume é um pouco mais difícil de entrar, pois é mais introspetivo e proustiano quando ainda nem conhecemos bem quem são as personagens... depois o quarteto abre-se para uma obra fenomenal.
eu fiquei interessadíssima com os seus relatos.
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