Há livros cuja sua estrutura e forma de escrita se sobrepõem a tudo e se tornam obras de arte literária e como tal merecem ser lidos.
Há livros cuja dimensão da sua estória e mensagem se tornam o cerne de uma obra prima literária que forma espíritos e por isto devem ser lidos.
"Gente Independente", editado pela Cavalo de Ferro, de Halldór Laxness, é uma obra já com 77 anos e o seu protagonista, em vez de ser um islandês, poderia ser o povo português do século XX e a revolta contra o sistema poderia ter sido escrita hoje 14 de novembro em Portugal.
"O homem não é criminoso o bastante para saber viver dentro deste sistema social."
É uma frase forte, mas muito bem demonstrada pela resistência e lição de vida, roçando a obstinação e por vezes cruel, de Bjartur para se tornar num homem livre.
Um romance duro, cruel, terno, irónico, doloroso, romântico, comovente e revoltante que - apesar de uma escrita densa, alguns parágrafos muito extensos, com nomes de personagens impronunciáveis e por vezes demasiado semelhantes que obrigam a um certo esforço - deveria ser lido por todos.
Provavelmente, este será o romance que maiores marcas me deixará em 2012 e só por si justifica o Nobel que o seu autor recebeu, o pensamento de Halldór evoluiu com o tempo e inclusive sentiu-se defraudado com muitos comportamentos dos sistemas que defendeu, mas o romance também dá perceber muita da revolta que gente honesta hoje em Portugal sente sem nunca ter partilhado ideais políticos.
2 comentários:
eu já tinha adorado qd vi no livros em leitura, agora com seu texto, quero mais ainda ler. beijos, pedrita
Um saga de um poeta tradicional, obstinado capaz de lutar contra a natureza mas desarmado por estrutura social "amiga" do povo.
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