Tal como o médico pode estimar a saúde de um paciente ao pesquisar e decifrar determinados sinais obtidos com radiografias, medições de ritmos cardiovasculares e análises químicas, para prevenir e tomar medidas em prol do bem-estar humano. Também o vulcanólogo pode estimar o estado de repouso ou de perturbação de um sistema vulcânico, procurando e apreciando ao longo do tempo determinados sinais provenientes do interior da terra, para assim prever e recomendar acções em defesa das populações residentes em regiões vulcânicas.
O estudo no tempo e no espaço de determinados parâmetros para estimar o estado de actividade de um vulcão para prever eventuais erupções e prevenir ou minimizar os riscos daí resultantes, designa-se por: Monitorização Vulcânica.
A monitorização vulcânica, frequentemente, analisa três tipo de sinais:
1. Variações na forma do edifício vulcânico, evidenciadas por alterações no relevo, cujo estudo pertence ao domínio da Geodesia e por isso se chama Monitorização Geodésica.
O monte Santa Helena antes da erupção desenvolveu uma saliência bojuda durante meses numa das vertentes, que provocou um deslizamento seguido da grande explosão.
2. Movimentos vibratórios no edifício vulcânico, com análises dos diferentes tipos de ondas sísmicas, cujo estudo pertence essencialmente à Física e por isso se chama Monitorização Geofísica.
Quatro tipos de sismogramas com registo de ondas com características diferentes, o 2.º e o 4.º são normalmente gerados por vulcões. Imagem daqui
Recolha de gases vulcânicos no Monte Baker nos Estado de Washington, EUA. Imagem daqui
A montanha do Pico, um vulcão activo cujas erupções são essencialmente efusivas
3. Alteração na quantidade e proporções das substâncias saídas do edifício vulcânico, evidenciadas nas análises da desgaseificação centrada ou difusa, cujo estudo é sobretudo Químico e por isso se chama Monitorização Geoquímica.
Recolha de gases vulcânicos no Monte Baker nos Estado de Washington, EUA. Imagem daqui
Um vulcanólogo, embora possa especializar-se num determinado tipo de monitorização vulcânica, pode cruzar parâmetros de áreas diferentes. Por exemplo, a Temperatura é um parâmetro físico, mas os geoquímicos medem a temperatura das fumarolas, os movimentos nas falhas geológicas podem ser gerados por sismos, mas os deslocamentos podem ser interpretados pelos peritos em geodesia.
Tudo isto é um trabalho moroso e nunca se sabe quando será necessário num dado local, mas tem como objectivo salvar pessoas e bens e por isso é um investimento no futuro da segurança de uma região vulcânica, contra a face perigosa que vulcões escondem atrás da sua beleza.
Tudo isto é um trabalho moroso e nunca se sabe quando será necessário num dado local, mas tem como objectivo salvar pessoas e bens e por isso é um investimento no futuro da segurança de uma região vulcânica, contra a face perigosa que vulcões escondem atrás da sua beleza.
A montanha do Pico, um vulcão activo cujas erupções são essencialmente efusivas
No futuro conto voltar com maior pormenor à importância dos gases vulcânicos, tanto na monitorização geoquímica, como na caracterização do tipo de erupções.
13 comentários:
muito boa explicação.
MPMurad
esforço-me para que qualquer cidadão perceba o essencial e se possível tome gosto pela área em questão.
é verdd, de vez em qd vejo matérias dizendo como está o vulcão e não tinha ideia desses cálculos. valeu. beijos, pedrita
Lembro-me que na Geociências tivemos uma pincelada breve sobre atividade vulcânica, já que aqui no Brasil não temos nenhum vulcão ativo ou inativo. Gostei do vídeo.
Denise
pedrita
normalmente quando existe o risco de ocorrência de uma erupção próxima de grandes cidades ou nos EUA, a TV começa a lançar a notícia dessa possibilidade e isso é possível através da divulgação de comunicados da protecção (defesa) civil para preparar as populações com base na recolha do tipo de parâmetros focados neste post
aos incansáveis
esse vídeo é um clássico das imagens da vulcanologia, aqui nos açores temos aproximadamente uma dezena de vulcões activos emersos, além dos imersos entre as ilhas.
Pergunta inocente: sabendo-se que tudo o que diz é verdade, qual a razão de se não se eviatrem, por vezes, grandes tragédias?
Abraço.
Frequentemente nas crises vulcânicas conseguem-se sucessos nos últimos anos, mas existem ainda vulcões não monitorizados, normalmente na américa latina e pacífico, também existem casos de resistência popular e indecisões políticas e este último tipo de situações custou dezenas de milhares de mortos no nevado del ruiz.
Repare que o santa helena, apesar da sua grande dimensão explosiva e surpresa no modo de explodir, quase apenas matou os resistentes às ordens da protecção civil... além de alguns colegas geólogos que monitorizavam o vulcão.
Bom fiz um poema á cidade da Horta espero criticas...
Gostei tanto desta matéria no 7º ano... Dessa e de outras... este ano não gosto... é o corpo humano xD
ao grifo
Julgo que te estás a referir à disciplina de ciências naturais, onde nuns anos é geologia e noutros é biologia. São duas vertentes do nosso meio, eu prefiro a geologia (por isso sou geólogo), há quem prefira o contrário (biólogos), mas o conhecimento de ambas é importante para a sociedade em geral, até porque a medicina depende muito da biologia
Sim estou... mas o facto de não gostar não quer dizer que não reconheça a sua enorme importância... :)
Bom, mas gosto de Biologia... de anatomia nem tanto...
PS: Estava á espera de um comentário :( xD brincadeira
Gostei da matéria sobre vulcões. Me interesso muito saber sobre o tal Grande Vulcão de Yellowstone (acho que é assim que escreve). Dizem que sua erupção pode determinar o fim das espécies no planeta. Até onde isso é verdade?
Um abraço brasileiro.
J. Filho
ao anónimo
Existem indícios que vulcões como o do Yellowstone, Toba e outros, tiveram erupções históricas que emitiram quantidades tão elevadas de massa e que originaram explosões de tal forma grandes que efectivamente ocorreram alterações muito significativas no clima que provocaram extinsões de muitas espécies de seres vivos. Suspeita-se que podem existir material magmático em profundidade de alguns desses vulcões para que possam resultar em futuras erupções com essas dimensões (não tão grandes como à de 340 milhões de anos).
Por isso começou-se a designar que vulcões que emitissem mais de 1000 km3 (tb já ouvi 500 km3) e onde a coluna eruptiva de cinzas atingisse 25 km de altura como SUPERVULCÕES. são extremamente raros e suspeita-se que possam ocorrer com uma frequência próxima de 10.000 anos.
Um dia farei um post sobre este assunto.
Acho muito importante o monitoramento dela mega vulcões, por ex o yellowstone anda dando muitos sinais de que poderá entrar em erupção.
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