As ondas do sismo de 9 de Julho de 1998 provocaram um deslizamento na vertente externa a Noroeste do vulcão da Caldeira do Faial, uma zona constituída por material desagregado resultante de erupções explosivas (cinzas, areias e cascalho de pedra-pomes). Este ocorreu numa faixa com uma largura de 200 a 250 m, percorreu um comprimento que rondou 1400 m e estima-se ter mobilizado cerca de 500.000 metros cúbicos de rocha.
A cicatriz do escorregamento é a escapa na zona central do topo da vertente (clique para ampliar)
Na época uma depressão e uma superfície altamente irregular assinalava o evento. Depois muito material foi arrastado pelas chuvas ao longo da Ribeira Funda, colocando em risco de soterramento as habitações situadas neste vale. Hoje, olhando a foto, este movimento de massas apenas está evidenciado por uma superfície escarpada no topo e por uma mancha acastanhada devido à falta vegetação ainda.
A cicatriz com contorno a vermelho, a área de material mobilizado está desprovida de vegetação
Na mesma zona, até já existem leitos de pequenos riachos, a superfície está suavizada e com um aspecto semelhante à zona envolvente verde, cor que atingirá se não ocorrer outro delizamento a curto prazo. Infelizmente o risco de novos movimentos de massa não terminou, apenas a natureza continua a camuflar, como sempre, os riscos que possui e a vestir-se sempre de uma forma tão bela que muitas vezes torna o homem incauto às catástrofes naturais.
Estudar, identificar os riscos geológicos e depois elaborar planos de prevenção, informação, gestão territorial e emergência são meios de reduzir os riscos geológicos característicos de regiões vulcânicas como nos Açores.
Na nossa Região compete ao CVARG efectuar os estudos de identificação e caracterização destes riscos geológicos.
6 comentários:
Excelente post, como nos tem habituado.
nas levadas á uma parte foi interrompida por um deslizamento de pedra-pomes do sismo. Mas ai agora existe um ribeiro (um pequeno curso de agua proveniente de nascentes, escrevi isto pois não sei se isso se chama ribeiro xD.
São pedras-pomes enormes!
ao paulo pereira
faz-se os possíveis ;-)
ao grifo
o deslizamento da foto afectou efectivamente a levada de uma forma muito intensa, próximo do túnel situado junto à canada larga nos Cedros, mas existem muitos outros de menores dimensões na zona envolvente. O material deste escorregamento é muito semelhante ao da saibreira que existe em pedro miguel no caminho asfaltado entre o terreno do jardim botânico e a base da lombra grande próximo do juncal de onde as fotos originaram estes três post: http://geocrusoe.blogspot.com/2007/03/degassing-pipes.html e http://geocrusoe.blogspot.com/2007/03/correco.html e http://geocrusoe.blogspot.com/2007/03/carvo-milenar.html todos feitos no primeiro mês de vida deste blog.
muito interessante...
obrigado. Mas não percebo isto: "saibreira" e "próximo do túnel situado junto à canada larga nos Cedros". Não conheço essa palavra e aquele sitio xD
saibro no faial e em s miguel é um dos nomes que se chama à cinza vulcânica de composição da pedra-pomes quando tem condições locais para se extrair e utilizar-se como areia e material para colocar nalguns pisos de estradas, saibreira é o nome do local onde se extrai saibro (pedra - pedreira, areia - areeiro, bagacina - bagacineira, tufo - tufeira)
canada larga é o nome de um caminho asfaltado que une a zona do cascalho nos cedros até à levada. é o acesso mais fácil à levada para quem vive do lado norte e leste do faial.
Nesta zona, um pouco para oeste existe uma parte da levada que se encontra escavada em tunel e pouco depois do tunel existe o escorregamento da foto.
amanhã lançamento do album fotográfico dos capelinhos no teatro faialense às 21:30 h.
Sim já passei por baixo desse tunel... mete aflição! Saber que aquilo pode cair por cima de nós..
Enviar um comentário