Tal como fiz para o Faial no verão passado, falarei agora, de uma forma curta, simples e possivelmente descontinuada, da história vulcanoestratigráfica da ilha de São Jorge, ou seja, do seu aparecimento e posterior crescimento, com base em documentação que conheço (ver nota) e nas muitas explorações de campo que agradavelmente faço nesta ilha.
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A zona mais antiga da ilha fica além da linha vermelha traçada na foto (clique para a ampliar)
A ilha iniciou-se com a subida de magma ao longo de uma importante fractura na crosta terrestre de orientação Noroeste-Sudeste, o que permitiu a instalação de cones vulcânicos alinhados (
vulcanismo fissural) sobre essa falha geológica na zona a leste da Ribeira Seca, até ao Topo.
Assim, a zona oriental da ilha, é a mais antiga de São Jorge, este vulcanismo deve ter surgido acima do nível do mar há mais de 600.000 anos e marcou o nascimento desta ilha. O conjunto das estruturas então formadas é denominado por: Complexo Vulcânico do Topo.
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Farol do Topo, na freguesia que deu o nome à unidade vulcânica mais antiga da ilha.
Tendo em conta o referido
aqui, conclui-se que São Jorge é ligeiramente mais novo que o Faial, embora deva ter existido vulcanismo activo simultaneamente na área do Complexo Vulcânico da Ribeirinha do Faial e no Complexo Vulcânico do Topo.
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Relevos suaves no interior da Serra do Topo, devido a sua antiguidade relativa.
O vulcanismo nesta zona desenrolou-se, com possíveis interrupções, ao longo de 500.000 anos aproximadamente. Assim, devido à maior antiguidade desta parte da ilha, a mesma sofreu uma maior erosão pelas águas (chuvas e humidade), ventos, amplitudes térmicas e seres vivos, o que faz com que nas suas zonas interiores o relevo seja mais suave que a ocidente da Ribeira Seca.
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O contraste do relevo suave do interior com o abrupto da zona costeiras e linhas de água
Todavia, na zona mais litoral, para onde as águas das chuvas escorriam e o mar fazia recuar a linha de costa, foram escavados profundos vales e a linha de costa foi talhada de forma muito escarpada e com grande altura.
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Vales de linhas de ribeiras muito profundos situados no Complexo Vulcânico do Topo
Nota - Madeira, J. (1998): Estudos de Neotectónica das ilhas do Faial, Pico e S. Jorge. (Tese de doutoramento FCL)