Citações
"O pior de todos os cegos será sempre aquele que, podendo olhar a luz e a beleza encantada do dia, só quer ver a noite do mundo, o fundo escuro das águas, os abismos invisíveis do mar."
"Não existe nenhum tempo fora daquele que vivemos; nem um destino diferente do nosso."
Já há várias décadas que não regressava a João de Melo, talvez o escritor açoriano vivo de maior projeção literária. Antes, lera-o em magníficos romances de seu quase início de carreira e, agora, voltei a ele num outro género em que ele muito publicou: contos; com um livro recente já em estado adiantado do seu longo currículo literário "Os Navios da Noite".
O livro contém 18 contos, metade não muito curtos, onde a memória de acontecimentos sofridos pelos protagonistas das histórias deixaram memórias e marcas como navios.
Há muito que não lia João de Melo, notei, pelo menos em relação entre as obras lidas, uma evolução na escrita, agora parece-me mais simples e realista, antes sentia uma auréola barroca e rebuscada de que não desgostava, mas são ambas elegantes e poéticas.
João de Melo nalguns destes navios aparece desiludido com Portugal e os Portugueses, é quase um misantropo nacional, provavelmente fruto da crise que o País atravessava quando a escrita da obra escrita, embora o conto da prisão do Governo e Presidente por venda do País em prejuízo do Povo tenha ironia inteligente e bom humor.
Noutros contos há ternura ou amargura em tom de reflexão individual, nestes, por vezes, parece existir um desequilíbrio entre a dimensão da narrativa, o tempo para o seu desenvolvimento e o despertar do interesse para o seu conteúdo.
Assim, houve contos que gostei, como o do cego na minha ilha do Faial, o das reflexões sobre o Génio de Aladino, os de ternura familiar e o do regresso de Eça de Queirós a Lisboa, embora a mordacidade dele surja mais amarga em João de Melo do que no do século XIX, mas de outros contos que gostei menos e até houve alguns que até me desagradaram. Valeu pela visita ao autor por ter ficado a curiosidade de verificar como envelheceu nos romances mais recentes e compará-lo com um dos primeiros reeditado e reescrito que me falta ler.
João de Melo nalguns destes navios aparece desiludido com Portugal e os Portugueses, é quase um misantropo nacional, provavelmente fruto da crise que o País atravessava quando a escrita da obra escrita, embora o conto da prisão do Governo e Presidente por venda do País em prejuízo do Povo tenha ironia inteligente e bom humor.
Noutros contos há ternura ou amargura em tom de reflexão individual, nestes, por vezes, parece existir um desequilíbrio entre a dimensão da narrativa, o tempo para o seu desenvolvimento e o despertar do interesse para o seu conteúdo.
Assim, houve contos que gostei, como o do cego na minha ilha do Faial, o das reflexões sobre o Génio de Aladino, os de ternura familiar e o do regresso de Eça de Queirós a Lisboa, embora a mordacidade dele surja mais amarga em João de Melo do que no do século XIX, mas de outros contos que gostei menos e até houve alguns que até me desagradaram. Valeu pela visita ao autor por ter ficado a curiosidade de verificar como envelheceu nos romances mais recentes e compará-lo com um dos primeiros reeditado e reescrito que me falta ler.