O livro de Charles Dickens "Grandes Esperanças" que acabei de ler é considerado por muitos especialistas literários como a sua melhor obra, embora não seja a mais famosa, assim parti para o meu segundo livro deste escritor inglês do século XIX com grandes perspetivas, aliás este poderia ser a tradução do título original "Great Expectations". Como a maioria dos romances de Dickens, este também foi publicado inicialmente em folhetins nos jornais da época.
O romance narra na primeira pessoa vida do protagonista, Pip, órfão e criado desde muito novo com a irmã que o desrespeita e o seu marido ferreiro que lhe dá um grande carinho. Ainda criança cruza-se com um prisioneiro em fuga que o ameaça de morte e lhe pede comida e ele atende roubando em casa, aquele depois é preso mas fica-lhe na memória. Mais tarde é contratado para fazer momentos de companhia numa casa da cidade próxima, onde uma mulher rica, amargurada e isolada o deseja para divertimentos e onde conhece uma adotada de grande beleza, Estela. Na adolescência inicia a vida de aprendiz de ferreiro quando lhe é comunicado que alguém decidiu legar-lhe uma fortuna da qual ele só poderá aceder quando o seu benfeitor se apresentasse e interditando-o de investigar quem seria, mas teria de levar uma vida de rico e culto em Londres. A mudança alimenta as elevadas perspetivas que tinha desde criança, afasta-se dos seus bons benfeitores, inicia uma nova vida com novos conhecidos urbanos, ricos e pobre, cria novos amigos e mantém contacto com a família da amada até conhecer quem sustentou a sua vida de fidalgo e então tudo muda, dá-se uma revolução de sentimentos com desprezo, ingratidão, amor e remorsos.
A obra está bem escrita e estruturada, é narrada ao estilo de cativar o maior número de leitores que compravam o jornal, recorre a técnicas que ainda hoje são comuns nas séries televisivas que rendem a história, com momentos de clímax de sentimentos, suspense policial, crítica social e moral, amores e ódios, é de fácil leitura, mas extensa para a complexidade da trama. Gostei, mas confesso que aprendi e vibrei mais com este livro que antes lera de Dickens.