A Horta foi fundada no século XV, pelo primeiros povoadores do Faial, com origem essencialmente portuguesa e flamenga, sendo o primeiro donatário da ilha Joss van Hurtere, de onde parece ter derivado o nome da povoação.
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A Horta faz hoje 175 anos como cidade, um burgo de beleza estonteante, cujo o tempo apenas a tem tornado mais bela.
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A Horta não tem plena consciência do seu deslumbramento, nem dos seus atributos e, por isso, a sua beleza apresenta-se singela, sem investimentos que salientem os seus dotes. Não possui qualquer maquilhagem ou subterfúgio que valorize as suas formas.
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A Horta, alegre e jovial, acolhe com simpatia todos os que dela se abeiram e ficam a contemplá-la do porto, sedentos por uma bebida no
Peter e por uma conversa nas esplanadas, enquanto se maravilham com a vista para o Pico.
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A Horta conhece o mundo como poucas pequenas terras, com ternura ouve as gentes de todos os continentes que cruzam os oceanos: delira com as façanhas dos marinheiros, escuta os relatos dos navegadores, solidariza-se com as labutas dos pescadores, amedronta-se com os combates dos velejadores e sofre com o choro das baleias.
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A Horta diverte-se no mar como ninguém, banha-se em águas mornas e calmas da mágica enseada do Porto Pim, embeleza a sua baía com as velas do
Clube Naval, escapa-se com frequência nos cruzeiros ao Pico, mergulha livremente nas águas transparentes da sua costa, observa os cetáceos que a cercam, pesca as dádivas do oceano, saboreia o sal no ar e delicia-se com um marisco numa esplanada ou com a frescura do peixe.
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Debruçada sobre o mar, a Horta está sempre em diálogo com o Pico, que ora se esconde atrás de neblinas húmidas, umas vezes quentes e tropicais, outras geladas e polares, ora se despe de preconceitos e expõe toda a beleza do seu corpo à cidade. Disparam então piropos bairristas como todos os pares que nem consciência têm de quanto dependem um do outro.
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A verdade é que com o tempo esta paixão pela Horta se intensifica e cada vez mais me aventuro na descoberta de pormenores mais íntimos da cidade: uma água-furtada que espreita estranhamente de um telhado, o ferro-forjado de uma varanda abafado pelas flores, uma pedra esculpida numa fachada, uma rua que se abre ao Pico ou um mastro na marina que se agiganta sobre as casas.
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Cercada de montes verdes e de azul do mar, cujo
DOP investiga com reconhecimento ao nível mundial, a Horta ostenta umas vezes festejos populares, outras vezes investe em eventos de maior elitismo e diversidade de estilos, mas como qualquer burgo aberto ao mundo, tudo aceita, e por isso não admira que seja conhecida como
a mais pequena grande cidade do mundo.
PARABÉNS!
Para conhecer o programa comemorativo dos 175 anos de elevação da Horta a Cidade, a mais ocidental da Europa, consulte a página da
Câmara Municipal.Clique nas imagens se pretender ampliá-las.
12 comentários:
muito linda as fotos. beijos, pedrita
MUITOS PARABENS À BELA CIDADE DA HORTA, CIDADE ONDE CASEI HÁ 20 ANOS E ONDE TIREI O MEU CURSO DO MAGISTÉRIO PRIMÁRIO.
DE UMA CONTINENTAL COM O CORAÇÃO NOS AÇORES
Parabéns à Horta. Parabéns também para seu texto, que de maneira sensível e poética, transmitiu a beleza das pequenas grandes coisas.
Denise
A seguir a Lisboa, a Horta é a cidade portuguesa de que mais gosto.
Pequena, "aconchegada", acolhedora, bonita e histórica.
Parabéns, Horta!
Vou responder ao seu comentário na avó pirueta:
"não vou chamar poesia ao brincar com as palavras... mas conhece algum
poema que não brinca com as palavras?"
A origem da Poesia é dessa brincadeira.
"Compreendo perfeitamente o que é
ter saudades quando se tem duas
terras, apetece sempre estar ali, quando se está aqui e sem brincar com as palavras, deveria mesmo ser possível estar cá e lá
simultaneamente..." Este também é o meu problema. Que bem soube expremir o que eu sempre quero dizer sobre esta metade de mom cá e a outra metade lá.
Gostei de ler este artigo e as fotografias sao fantásticas.
Queria ainda falar de literatura, mas amanha também é dia ...
a todos
claro que os comentários sobre a beleza e memórias da Horta é ela que os merece.a mim, apenas me resta dizer obrigado em nome da minha cidade, por neste espaço não ter outro alguém que tal possa fazer com maior legitimidade.
à teresa
basta ver a introdução ao seu perfil no blog para eu perceber que me compreendia perfeitamente no dilema das duas terras...
Bonito texto, está de parabéns a nossa cidade.
Que o futuro seja risonho...
Geocrusoe, como sabes não te tenho lido, nem a ti nem a ninguém, e foi com um nó de comovido orgulho (senti que gostaria de ser tua Mãe e, por isso, senti-me como tal) que li a tua descrição da Horta.
Fiquei com uma vontade de ir aí que nem imaginas! Vou ver o que me diz o médico em Portugal do meu pé, vou calendarizar as minhas actividades para o resto ano (entre trabalho, voluntariado e um dolce far niente) e vamos ver se arranjo um tempo (uma semana será muito?) para visitar a Horta.
Qual a melhor época do ano para o fazer? Provavelmente será agora, mas vou estar ocupada até meados de Agosto. Um abraço muito orgulhoso para o xará do meu primogénito ... da Avó Pirueta
Confesso que estimou mesmo o melhor período Julho/Agosto e por vezes Setembro. É verdade que na Horta e nos Açores em geral podemos ter dias invernosos, chuvosos no verão e lindíssimos dias cheios de sol e calor no inverno, é uma questão de estatística. Mas por norma novembro e fevereiro/março têm muitos dias consecutivos mais chuvosos, novamente há excepções. Junho é algo estranho, bom tempo/nevoeiro e chuva distribuídos de forma irregular.
eu já me habituei à irregularidade climática, se tiver sol dou um mergulho no verão, se chover leio ou ouço música e se está sombrio há sempre umas flores a clamar no meu jardim para eu retirar as ervas que a sufocam, Deus ensinou-me a aproveitar o bom de qualquer momento.
Adorei o texto.
As metaforas estão muito mas muito bem conseguidas, confesso que fiquei sem palavras.
PARABENS
Excelente texto!
Parabéns.
amg
Vou ser sincero não li nenhum do texto, mas gostei muito das panorâmicas :)
Notei em algumas que se vê diferenças de cor e exposição, devias tentar o autopano giga, faz maravilhas :D
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