Recentemente um jornalista demonstrou-me a sua admiração pelo facto de um colega meu, físico de vocação, formação e profissão, ser amante de poesia, escrever lindos textos e ser apaixonado por fotografia. Claro que estranho que haja quem pense que os homens da ciência estejam amputados da sensibilidade de admirar a beleza, seja de que tipo for, ou de expressar-se com arte.
Assim, desde o nível do mar, até quase meia altura, as suas vertentes são suaves, devido a se ter formado num período em que as erupções eram muito efusivas e pouco explosivas, pois o magma que alimentava o vulcão era pobre em gases e sílica, mas rico em minerais ferromagnesianos e extremamente fluído, por isso espraiava-se. O líquido percorria então grandes distâncias à superfície e não se empilhava facilmente. Foi a época em que o vulcão era igual ao actual Mauna Loa no Havaí, tipo havaiano.
Depois, de uma forma progressiva, o seu magma permitiu a agregação dos seus compostos químicos, enriqueceu-se ligeiramente em gases e tornou-se menos fluido. O vulcão passou então a rugir mais alto e a ter erupções, onde se intercalavam períodos explosivos e outros efusivos, tornou-se semelhante ao seu irmão Stromboli na Itália, por isso descrito como do tipo estromboliano e as suas vertentes tornaram-se mais íngremes devido ao maior empilhamento de lavas e menores distâncias percorridas à superfície.
Depois, de uma forma progressiva, o seu magma permitiu a agregação dos seus compostos químicos, enriqueceu-se ligeiramente em gases e tornou-se menos fluido. O vulcão passou então a rugir mais alto e a ter erupções, onde se intercalavam períodos explosivos e outros efusivos, tornou-se semelhante ao seu irmão Stromboli na Itália, por isso descrito como do tipo estromboliano e as suas vertentes tornaram-se mais íngremes devido ao maior empilhamento de lavas e menores distâncias percorridas à superfície.
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Por vezes a pressão abriu fissuras na montanha e a lava saiu, não na parte superior, mas a partir das suas vertentens, deixando alinhamentos radiais de pequenos cones, igualmente visíveis do Faial, muito evidentes na zona do Monte.
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Que o Pico umas vezes surge entre a neblina de uma forma esbatida como uma aguarela, outras vezes recorda o pontilhado dos impressionistas, enquanto outras chega a ter a nitidez e o brilho da pintura a óleo e a força de uma fotografia?... mas quando o tempo se enfurece, entimida-se e desaparece do horizonte.
Todas aqueles cambiantes emocionam-me e fascinam-me e se sou Faialense hoje, o Pico tem uma grande responsabilidade no amor que tenho pela ilha em que resido.
Esta Montanha é ainda um autêncio boletim meteorológico, onde a distribuição das núvens, os matizes e gradientes de nitidez nos dizem o tempo que se avizinha e isso eu reparo também com atenção, mas o assunto fica mais tarde...
6 comentários:
Parabéns por este excelente texto.
Gostei por todos os motivos, mas sou suspeito, porque sempre entendi que a majestade daquela Montanha é sublime.
Que pena tenho de não conhecer os Açores! (bem sei que é imperdoável).
Quanto à sua observação sobre a possível falta de sensibilidade dos homens de ciência à beleza... balta lembrarmo-nos de alguns nomes.
António Gedeão era também Rómulo de Carvalho, professor no meu Liceu e autor dos manuais de Ciências que me acompanharam até ao antigo 5.º ano (quando escolhi Letras).
Um abraço.
ò Geocrusoe, os teus textos da ilha montanha são magníficos. Os outros também, mas... falta uma musa como o Pico. Até acho que fazes milagres com essa paisagenzinha além canal.
Bem, falando agora a sério, gosto muito dos teus artigos de geologia.
Penso até usar alguns em aulas, com os devidos créditos.
Quando escreves sobres grabens (ribeirinha;LAJES)?
Para a Teresa.. não perca a oportunidade de passar por estas ilhas... venha sempre preparada para o sol ou chuva, mas em qualquer situação há sempre algo para se aproveitar por estas bandas.
O basalto negro tem toda a liberdade de utilizar textos ou imagens para divulgar a geologia... não me importo com os com os créditos, o que importa é a ciência que amo desde adolescente. Um dia falarei do graben... provavelmente começarei por cá, mas se passar pelo Pico e tiver tempo para umas imagens há muito que dizer da geologia daí... mas não quero esgotar o temas geológicos rapidamente.
Evidentemente, que me estava referir aos grabens da ribeirinha do faial e das lajes da terceira.
boa tarde, eu gostaria se for possivel, porque até agora ainda não consegui perceber o que é exatamente um garben, já agora o garben das lages da terceira que está aqui bem pertinho...obrigado
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