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segunda-feira, 28 de abril de 2008

A FORÇA DA VIDA!

Pela localização geográfica e inexistência de solo na área, sei que estas escoadas basálticas têm apenas algumas centenas de anos. Há poucas décadas as rochas foram cortadas pelo homem para a construção de uma estrada.

Mesmo sem solo, a vegetação coloniza estas pedras e em quase todos os espaços onde alguma irregularidade da superfície possibilitou a fixação de uma semente... germinou uma planta!


Um sinal claro da força da vida que cobre este planeta!


Uma prova que entre o substracto geológico e a vida terrestre existe uma união perfeita: a BIOSFERA.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

25 DE ABRIL DE 1974 - O DIA DA LIBERTAÇÃO, DA LIBERDADE

Plantei um craveiro no meu jardim,
Desde então exposto a um Inverno sem fim,
Do norte vem o vento gelado,
Depois... molhado,
Muda-se para sul,
Insiste seco do nascente
E ataca com força do ocidente.
Mas o meu craveiro continua a resistir
e mesmo com núvens a toldar céu azul
ainda está a florir...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

KAMUSUNA - Ballet contemporâneo na Horta

A pedido da vereação da cultura da Câmara Municipal da Horta, tenho prazer de divulgar-vos, com o texto da autoria daquela entidade, o seguinte evento:

"Comemorações do Dia Mundial da Dança.
ESPECTÁCULO GRANDIOSO, pela Companhia de Ballet Contemporâneo KAMUSUNA.
Uma linguagem poética e inovadora: no âmbito das comemorações da TERRA, promovidas pela UNESCO.
O reencontro entre o oriente e o ocidente...
Estreia nos Açores.
Espectáculo que integra ex-bailarinos da Gulbenkian, com carreiras internacionais.
A Não PERDER!

TEATRO FAIALENSE, dia 29 de Abril!, às 21.30 horas"

Para mais informações sobre a presente companhia de bailado consulte a página e o vídeo do
KAMUSUNA.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

DIA MUNDIAL DO LIVRO - 23 DE ABRIL

Desde que passei a ser capaz de ler, sempre tive um ou mais livros em simultâneo como companheiros, pelo que não posso falar de todos, mas quando adolescente vi em "Fahrenheit 451" uma idosa deixar-se imolar pelo fogo da queima da sua biblioteca proibida, compreendi que sem estes parceiros a minha vida perdia muito do seu significado e nunca mais me consegui libertar da companhia dos livros.
Dia Mundial do Livro, poderia falar-vos dos que perturbaram a minha consciência, daqueles que mais me divertiram ou onde mais aprendi, mas no 50.º Aniversário do Vulcão dos Capelinhos optei por três obras importantes sobre aquela erupção e que me têm apoiado neste blog.

Um relato sobre a erupção ao longo dos seus vários meses de actividade, com numerosas fotos (muitas delas publicadas neste blog) e as primeiras imagens a cores do evento. Foi o primeiro livro de vulcanologia que li, era ainda criança, confesso que nem tudo percebi então, mas descobri o que queria ser quando adulto, mesmo sem conhecer o significado pleno da palavra geólogo, e nunca mais mudei de opinião.
Existe uma edição mais recente à venda em várias livrarias dos Açores.




Além de vários temas culturais, inclui um conjunto de artigos científicos recentes sobre o vulcão e várias das crises sísmicas que atingiram o Faial, cuja maioria dos autores me orgulho de fazerem parte do meu grupo de amigos dispersos por várias universidades de Portugal. Escrito numa linguagem acessível, está disponível em várias livrarias dos Açores e em todas do Faial.


Resultado de uma edição efectuada no âmbito das comemorações dos 50 anos do vulcão dos Capelinhos e onde predomina o "fac-simile" é um livro de 4 quilos, que inclui uma vasta colectânea dos artigos científicos publicados nos primeiros anos a seguir à erupção, que abrangem vários campos do saber. Possui uma exaustiva cobertura das notícias colocadas em revistas e jornais locais, nacionais e mesmo internacionais. Tem poucos artigos recentes, talvez a aguardar um segundo volume. Vale pela compilação em si, a mais extensa que conheço sobre este evento.
Não o vejo em livrarias, talvez o encontre no OVGA.

terça-feira, 22 de abril de 2008

DIA MUNDIAL DO PLANETA TERRA - 22 de Abril

A Ti, Terra, Gaia, dedico-te este texto de reflexão...


Terra, filha do Caos do tempo inicial,
Da humanidade berço natal.
Gaia, pela evolução, também
de Fauna e Flora Deusa Mãe.


Gaia:
Primeiro adorada,
Em sacrifício ritual.
Depois respeitada,
num equilíbrio natural.
Hoje explorada,
a um ritmo infernal.
Amanhã revoltada,
Numa batalha final.


Terra,
Planeta resistente,
se julga a mente demente
que a destruição Gaia não sente,
Será a humana gente
que dela ficará ausente.


Gaia
Com a batalha ganha,
A outra espécie diz, venha!
que melhor futuro tenha...



(primeira imagem proveniente da wikipédia)

sexta-feira, 18 de abril de 2008

CAPELINHOS - O soterramento de habitações

A fase de actividade surtsiana dos Capelinhos caracterizava-se pelas grandes explosões resultantes da entrada de água do mar dentro da chaminé vulcânica o que pulverizava o magma em ascensão, as partículas de a grandes altitudes que depois caiam sob a forma de cinza ou areia...
No início foram as culturas as mais afectadas ao ficarem cobertas deste material, mas com o tempo a capacidade de homem em limpar as cinzas que obstruiam os caminhos, se acumulavam nos telhados e em torno das casas foi sendo vencida pela progressiva e intensa queda de mais cinza e não restou a muitos senão abandonar o seu lar e vê-lo continuamente a ser engolido por aquela chuva negra e asfixiante.

Não conheço relatos de feridos, nem houve mortos provocados por este vulcão, mas imagino a dor de quem vê, impotentemente, o seu lar dia após dia ser tragado e desaparecer debaixo do chão.

[Foto extraída de: Machado, F. e Forjaz, V. H. (1968) "Actividade Vulcânica do Faial - 1957-67" Ed. Com. Reg. Turismo Distrito da Horta]

Campanha da amizade

Sou um pouco desajeitado nestas coisas de campanhas, de prémios e nomeações no seio da blogosfera, mas como a nomeação vem de um blog que gosto muito e de um amigo meu desde a faculdade, vou fazer parte da recomendação, julgo que não vou cumprir à risca, mas fica a intenção. Assim nomeio, quer pela amizade do blogger ou pelo interesse do conteúdo do tema dos blog ou as duas coisas em simultâneo, embora fiquem outros que também são importantes, os seguintes blog:

Melões e melodia
Canto da Ribeirinha
Na Rota das Hortências
Xinando-cartoon
Opera per tutti
Diz que não gosta de música clássica?
Brutalis
Basalto Negro
Ilhas do mar
Mata Hari e 007

As instruções estão no blog que me premiou e se alguém não seguir a cadeia, amigo como dantes, se seguir, espero que dêem alegria a outros que gostem de receber.

terça-feira, 15 de abril de 2008

DUNAS do ISTMO do Monte da Guia

Pensam muitos faialenses e residentes noutros locais que o Faial é constituído apenas por rochas vulcânicas, é uma ideia errada. Embora a ilha tenha origem no vulcanismo, sempre que à superfície o ar (vento), a água (chuva, mar, neve, cursos de água), os seres vivos, os agentes químicos e as variações térmicas ou de pressão actuam sobre os materiais expelidos pelos vulcões, estes lentamente são transformados, destruídos, transportados e depositados noutros locais sob a forma de rochas sedimentares.
Assim, embora em menor volume, as rochas sedimentares também existem no Faial. As praias são um dos locais onde esta ocorrência é mais evidente, pois são resultado de deposição marinha ou torrencial de uma rocha sedimentar chamada areia, mas na ilha existem ainda formações areia de deposição eólica: DUNAS.

(clique nas imagens para as ampliar)

Nos Açores as dunas são raras, pois precisam de uma alimentação significativa de areia, um regime de ventos persistente e intenso proveniente da fonte, bem como uma zona aplanada para onde as areias possam prosseguir e depositar-se.
O vulcão submarino do Monte da Guia, próximo da Horta, formou uma zona pouco profunda entre a ilha e o cone submarino, o que permitiu a formação de um corredor estreito de areias que uniu as duas partes - istmo - situação que originou a mítica baía de Porto Pim, talvez a mais abrigada dos Açores, onde a areia se acumula na praia do mesmo nome, tudo isto enquanto o vale entre o monte Queimado do Faial e o da Guia funciona como um corredor de vento, situação ideal para que este istmo permita a instalação do sistema de dunas da foto acima.

As dunas tendem a deslocar-se pela acção do vento, mas a vegetação reduz este movimento. Parte desta foi plantada neste local com esse objectivo, embora o local seja o habitat natural de uma espécie rara nos Açores.

Os locais onde a vegetação está bem desenvolvida coincidem com as zonas onde as dunas estão melhor fixadas e por isso são mais altas...

mas a força do vento e o pisoteio das pessoas que passam fazem com que haja locais onde a vegetação não consegue estabelecer-se, o que origina corredores preferenciais para o transporte de areias e depressões.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

CHAMARRITA - 2.º Curso de Formação na Ribeirinha

A Chamarrita é a dança folclórica mais característica dos Açores, todas as ilhas têm uma variação do tema e ou da letra tocados em instrumentos de corda: Viola (violão), viola da terra e bandolim são os mais utilizados.
É uma dança de roda, com pares que bailam e onde existe um mandador que dá indicações dos passos coreográficos a executar (modas).
A chamarrita foi exportada pelas comunidades emigrantes dos séculos XVIII e XIX, mantendo-se hoje com variantes no modo de tocar, cantar, bailar e letras, nos estados do Rio Grande do Sul, do Brasil, e do Havai, dos EUA.
Na Ribeirinha acabou o segundo curso de formação de chamarrita, promovido pela Junta de Freguesia, onde uns aprenderam os primeiros passos, outros aperfeiçoaram os seus conhecimentos e alguns jovens desenvolveram as suas aptidões para mandadores. Abaixo fica a reportagem fotográfica, clique nas fotos para aumentar)
Pela sua proximidade, o Faial e o Pico compartilham na generalidade a música e as modas bailadas (um dos temas pode ser ouvido clicando no widget da coluna ao lado Chamarrita do Faial, se a curiosidade ou a saudade assim o pedir).

No Faial e no Pico a chamarrita voltou à ribalta. Praticamente em quase todas as festas e convívios esta é bailada, onde a generalidade os adultos, muitos jovens e cada vez mais adolescentes do meio rural e muitos dos habitantes da Horta aprenderam ou estão a aprender esta tradição muito forte no passado.

Dois meses de convívio e de reavivar a tradição que terminaram ontem com o encerramento perante os aprendizes do primeiro curso, convidados e mais interessados.


A tuna de músicos locais que se disponibilizaram a animar ao vivo noite de encerramento aos recém formados bailarinos.


Nota: Todos os que desejarem ver ou receber a reportagem completa das fotos da festa de encerramento podem contactar com o blogger "Canto da Ribeirinha" que possui posts sobre o mesmo tema o qual as deverá ceder à Junta de Freguesia da Ribeirinha.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

O Vucão dos Capelinhos há 50 anos - o mar na cratera

Em 19 de Janeiro referi neste blog que "...havia quem se aventurasse a subir às encostas íngremes de cinza vulcânica da nova terra, espreitar para o interior da cratera e tirar a foto abaixo exposta!" e prossegui dizendo "Graças a estes corajosos, ou talvez inconscientes do risco, pode-se ver o vapor a sair da cratera inundada de água, esta ao entrar na chaminé e ao encontrar magma, com elevadas temperaturas, gerava as importantes explosões típicas dos vulcões submarinos de pequena profundidade..."
Dias depois, numa deslocação em trabalho à ilha de São Miguel, encontro um filho de faialenses que me interpela se eu sei quem tirou a foto, imediatamento confesso a minha ignorância, então ele informa-me ter sido uma mulher - Hilda Rebello - uma jovem de então, hoje emigrada e a viver nos Estados Unidos. A sua coragem permitiu ainda recolher noutra data a imagem abaixo, para mim a imagem mais bonita que conheço do interior da cratera dos Capelinhos.


Nesta imagem verifica-se que o bordo norte da cratera estava ainda em contacto com o mar e, num período de acalmia da erupção, as águas introduziram-se no interior desta e precipitaram-se para dentro de uma depressão, onde deveria situar-se uma das bocas deste vulcão, o que gerou um remoinho testemunhado pelos traços elípticos dos materiais em suspensão na água e um círculo escuro gerado na zona central.


Um mapa da península construída pelo vulcão à época da fotografia acima, o traço a vermelho indica grosseiramente o topo da linha de costa do Faial antes da erupção, os pontos A e B, a verde, indicam respectivamente a cratera da imagem e o local de implantação do farol. (clique nesta imagem para a ampliar)

Importa relembrar que o vulcão dos Capelinhos foi um dos mecanismos que serviu de argumento inicial para a abertura ao maior fluxo migratório dos Açores no século XX, tanto para os Estados Unidos, como para o Canadá, aqui um pouco menos significativo, esta saída começou pelos sinistrados da erupção e alastrou-se depois a todas as ilhas.

[Foto e mapa recolhidos de: Machado, F. e Forjaz, V. H. (1968) "Actividade Vulcânica do Faial - 1957-67" Ed. Com. Reg. Turismo Distrito da Horta]

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Cruzeiro do Canal no Mau tempo

Encontra-se identificado como tendo sido realizado ou alojado pela Rádio Pico, julgo que foi produzido ontem durante a tempestade que atingiu os Açores.
Não sei quem é o autor, mas o vídeo mostra como pode ser difícil a ligação marítima entre as ilhas do Faial e do Pico - o célebre canal do livro de Vitorino Nemésio "Mau Tempo no Canal".
O filme que mostra o que é a vida de vários ilhéus destas duas terras irmãs durante alguns dias de inverno ou de tempestade, terras que partilham muita da sua actividade sócio-económica, que por vezes parecem desavindas como acontece entre irmãos, mas que são interdependentes e se unem nas dificuldades e nos laços sanguíneos.
Existem pessoas cujo emprego e os serviços de saúde estão do outro lado deste canal, a viagem é uma necessidade e por vezes um risco, que felizmente tem corrido sem acidentes graves até hoje.

Parabéns ao autor pelo magnífico filme.


segunda-feira, 7 de abril de 2008

A CALDEIRA DO FAIAL vista do interior

Há dias que me apetece recordar e fui ver as fotos de um dia de trabalho-de-campo ao fundo da Caldeira, no Verão de 2004, para prospecção de dióxido de carbono destinada à tese de um mestrando amigo meu. Ficou a reportagem desta estrutura vulcânica a partir do seu interior, que raramente se conhece.

O domo traquítico do Altar junto ao bordo sul da Caldeira. (clique na foto para a ampliar)


A zona de lagunas, altamente afectada durante a erupção do vulcão dos Capelinhos, onde fissuras e explosões reduziram drasticamente o volume de água armazenado. Este espaço forma ainda o ecossistema de um coberto vegetal muito próprio e com um colorido que se destaca da envolvente. (clique na foto para a ampliar)


As peredes nordeste da Caldeira, com cicatrizes resultantes de escorregamentos ocorridos durante o sismo de 9 de Julho de 1998, em primeiro plano o depósito de enxurradas dos materiais movimentados na mesma data em torno do Altar.


Um cone basáltico no interior da Caldeira, mostrando a eventual ligação da falha do Complexo Vulcânico do Capelo a esta estrutura geológica do Complexo Vulcânico dos Cedros. (clique na foto para a ampliar)


O bordo sudeste da Caldeira, onde se encontra o Cabeço Gordo, a elevação mais alta do Faial (1043 m) encimada por várias antenas de telecomunicações.

NOTA: O interior da Caldeira é uma zona de acesso um pouco difícil, com alguns riscos associados, além de ser uma área de reserva natural, pelo que uma visita ao seu interior, caso se justifique, deve ser previamente solicitada aos Serviços de Ambiente da Ilha do Faial.

domingo, 6 de abril de 2008

A NAIFA - Tocou e encantou

Tenho por hábito falar aqui apenas de concertos da música conhecida por clássica, a verdade é que os meus gostos são mais abrangentes, embora reconheça uma predisposição para as composições e interpretações ditas eruditas... mas quando outros tipos de música me agradam, assumo e A NAIFA é um grupo musical que me dá prazer ouvir.
O concerto desta noite d'A NAIFA, realizado no Teatro Faialense e integrado na tournée que o grupo está a fazer presentemente pelo país, é já o terceiro que assisto no mesmo espaço físico e agradou-me especialmente. Pelos aplausos e vezes que foram bisados, o público da Horta presente parece ter sido da mesma opinião.

O grupo A NAIFA está mais maduro, sente-se cada vez mais à vontade no palco, embora tenham uma presença quase minimalista, estão ali para interpretar a sua música, é nisso que apostam e, diga-se, é um objectivo que estão a ganhar.
A sua música enraizada no fado, não só pela forma de cantar, como também pelo realce dado à guitarra portuguesa, é assumidamente lusitana e tradicional, mas é actual ou mesmo vanguardista com a adição do baixo, da bateria e de outros recursos electrónicos, que originam sonoridades muito próprias e capazes de cativar várias gerações de ouvintes.
As suas letras estão cada vez mais arrojadas e o título do novo album "Uma inocente inclinação para o Mar", assenta que nem uma luva nos poemas cantados.
Com um reportório muito mais vasto e um estilo original, os concertos d'A NAIFA vão num crescendo de interesse para o público e o grupo é uma esperança no panorama musical português.

sábado, 5 de abril de 2008

O VULCÃO DOS CAPELINHOS HÁ 50 ANOS

Após o início das manifestações estrombolianas em 16 de Dezembro de 1957 e de terem ocorrido momentos de acalmia intercalados com momentos de elevada explosividade com projecção de grandes blocos que atingiam o Faial na zona do Costado da Nau, o vulcão dos Capelinhos, ao longo dos primeiros meses de 1958, apresentou uma actividade vulcânica sobretudo do tipo surtsiano ou surteyano como se pode ver na foto abaixo, tirada há 50 anos, precisamente .


[Foto publicada em: Machado, F. e Forjaz, V. H. (1968) "Actividade Vulcânica do Faial - 1957-67" Ed. Com. Reg. Turismo Distrito da Horta]

Apesar desta aparente inofensiva actividade, os seus efeitos no Faial iam semeando uma catástrofe económica com efeitos cada vez mais evidentes, mas isso fica para outro post sobre a história do que foram os 13 meses de actividade do vulcão dos Capelinhos.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

DELTAS LÁVICOS DO TRIÂNGULO - Lajes Pico

A ilha do Pico, pela sua jovialidade, na sua metade mais ocidental não tem arribas costeiras com alturas significativas, por isso, nesta área, as númerosas escoadas lávicas chegam ao mar e cobrem completamente a zona de costa antiga, não permitindo a formação de fajãs.
Todavia, a parte oriental, com um núcleo mais antigo, já apresenta algumas arribas com grandes desníveis e várias fajãs. Entre estas, apesar da sua dimensão não ser muito grande, encontra-se o delta lávico onde se instalou a primeira vila e concelho da ilha: Lajes do Pico.

(clique na foto para a ampliar)

Este delta tem, na sua frente exposta ao mar, uma plataforma de abrasão marinha, que resulta da acção erosiva das ondas, que criou uma superfície aplanada a uma cota próxima da do nível do mar.
Devido à reduzida largura desta fajã, a sua pequena altitude e ao facto de não existir nenhuma ilha mais meridional que perturbe a ondulação vinda do alto mar, em caso de grandes tempestades com ondulação proveniente do quadrante entre sul e sudoeste a vila das Lajes do Pico fica sujeita a galgamentos marítimos, como se pode ver na magnífica foto publicada num dos posts do blog Castelete Sempre.



A vila das Lajes do Pico está limitada a norte por uma arriba fóssil, que embora não sendo muito alta, impediu a expansão do aglomerado populacional para o interior da ilha a partir desta estreita faixa costeira.


Um pormenor da arriba fóssil, onde a vontade e a necessidade dos homens obrigou a escavar socalcos para aproveitar ao máximo todas os terrenos disponíveis, apesar das inclinações desfavoráveis evidentes na foto.

terça-feira, 1 de abril de 2008

DELTAS LÁVICOS NO TRIÂNGULO - Fajã das Almas

Não tenho condições para efectuar uma cobertura da geologia de todas as ilhas dos Açores tal como faço para o Faial, não só por falta de conhecimento tão profundo de todas as terras deste Arquipélago, mas também por não possuir uma cobertura fotográfica exaustiva e adequada de cada parcela desta Região. Todavia, ao nível do Triângulo, sempre possuo algumas fotos que me permitem efectuar alguns post. Assim, continuando o recente tema das fajãs, arribas fósseis e deltas lávicos, hoje damos um salto a São Jorge, mais precisamente à freguesia das Manadas, onde, quando jovem e criança, passei grande parte das minhas férias de Verão.


Na foto acima é bem evidente uma estrutura que parece descer pela arriba costeira e que corresponde, em grande parte, à cascata de uma escoada lávica, como que "fossilizada".
Também existem na base da arriba depósitos de avalanche que parecem aumentar o volume da cascata.



Junto ao mar lá se desenvolve um delta lávico típico e responsável pela belíssima Fajã das Almas.
Ao fundo podem ver uma povoaçãona base da arriba, que corresponde ao limite ocidental da Fajã Grande, onde se instalou a vila e sede de concelho da Calheta.

A zona portuária e balnear da Fajã das Almas, na freguesia das Manadas, concelho de Velas.

São Jorge é, sem dúvida alguma, a ilha açoriana com maior número de fajãs de todo o arquipélago, com géneses normalmente associadas a deltas lávicos e a escorregamentos ao longo da arriba.

No próximo post espero dar um salto à ilha do Pico, para cobrir o Triângulo neste tema.