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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

FELIZ 2013

Votos de um Feliz 2013
com saúde e possibilidade de aproveitar muitos livros, muitos concertos, muito cinema, muita ciência e muita cultura.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A boneca de Kokoschka - Afonso Cruz


"A Boneca de Kokoschka" de Afonso Cruz, uma das obras vencedoras do Prémio de Literatura da União Europeia para o ano de 2012, é um daqueles exemplos que mostra que a atual arte literária que se produz em Portugal está viva, é original e altamente recomendável.
O autor cria uma trama que envolve um romance com personagens do próprio romance e sobreviventes aos bombardeamentos de Dresden que por sua vez, diretamente ou indiretamente, se cruzaram com a boneca que o pintor Kokoschka mandou esculpir para representar o corpo da sua amada Alma Mahler, paixão cuja relação ela rejeitara alimentar e ocorrida já depois da morte do importante compositor Gustav Mahler.
Estórias dentro da estória, misturando realidade e ficção, numa escrita fria, introspetiva, absurda, crítica, irónica e sentimental que mostra a capacidade técnica do escritor e a versatilidade da língua portuguesa que tanto pode lembrar Gonçalo M Tavares ou Kafka e sem deixar de ser um original Afonso Cruz.
Um excelente romance onde é bom perdermo-nos na sua teia labiríntica e deixarmo-nos conduzir pela mão do escritor que inteligentemente brinca e nos leva à saída. Uma pequena obra que gostei muito.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012


 A todos os visitantes deste espaço 
Apresento os meus votos de

Um FELIZ NATAL cheio de Amor
Calor Humano

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Solstício de inverno de 2012

Começou hoje o inverno às 10h12 dos Açores, sempre coincidente com o solstício de dezembro, momento este ano coincidente com outros alinhamentos cósmicos que com uma regularidade perfeita ocorrem ao longo da história da Terra e sem nenhum significado para além de fazerem parte dos ciclos do universo que regem o tempo e as estações do nosso planeta, sistema solar, galáxia e tudo o que nos envolve.
Assim, hoje temos o dia com a duração de exposição solar mais curta do ano e a noite mais longa, a partir de amanhã e até o próximo solstício de verão, lá para o mês de junho, teremos a parte diurna sempre a crescer e a noturna sempre a decrescer.
É assim a regularidade do universo, mesmo que alguns outros pretenda escrutinar significados ocultos na máquina do tempo da natureza.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Manhattan Transfer de John dos Passos


Foi uma estreia nas obras de John dos Passos, neto de madeirenses, que agora surgem editadas em Portugal pela Presença.
O Romance é um conjunto de cenas urbanas relatadas de forma vertiginosa, sem uma estrutura linear, mas que projetam no fim o retrato da cidade de Nova Iorque no ínício do século XX até à lei seca. 
Uma urbe onde se misturam pessoas da city, pessoas de sucesso, falidos, pedintes, políticos, jornalistas, imigrantes, conservadores, progressistas, sindicalistas, frustrados e gente da Broadway com todos os seus vícios. Uma composição que mais parece um quadro dos pintores vanguardistas da mesma época em Paris, onde cada secção por si pode parecer estranha estar ali, mas que no fim torna uma obra retalhada e completa.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Os Filhos da Meia Noite - Salman Rushdie



Saleem Sinai nasceu à meia-noite da independência da Índia, tal como Shiva, mas num ato de justiça social face às classes que os separavam foram trocados. Estas crianças, tal como o conjunto dos nascidos na primeira hora deste novo Estado ficam ligadas ao futuro do seu País natal.
O livro relata a biografia, ora na primeira, ora na terceira pessoa, de Saleem Sinai, desde a vida da sua família adotiva, a suas relações de medo-ódio com Shiva e também com os que estão ligados pela data e hora de nascimento e ainda as respetivas correlações e efeitos deste grupo nos acontecimentos ocorridos nas primeiras décadas da história da Índia, Paquistão e Bangladesh.
Booker prize de 1981, foi considerado o melhor dos premiados aquando dos 40 anos desta distinção e um dos 100 melhores livros do século XX segundo o Le Monde.
Obra de estilo realismo mágico, o romance apresenta uma escrita com extensos pormenores descritivos, muitos de forma fantasiosa e abusa de excreções orgânicas como simbolismos, se as últimas poderão ter um enquadramento cultural, os múltiplos fios da teia relatada por vezes faz-nos perder na narrativa, algo que o próprio autor (antes de ser alvo da fatwa islâmica) deve ter sentido, pois repete por vezes sínteses essenciais para o leitor seguir o fio da estória e compreender a sua relação com a história real do subcontinente indiano.
Como romance reconheço a genialidade da imaginação na estória, como estilo, confesso que me deixou por vezes algum asco e reforçou a minha ideia de se inserir numa cultura bela, cheia de pormenores artísticos, mas inseparável de uma escassez de asseio tolerada que se torna às vezes simbólica.
Interessante também o exposição das múltiplas origens culturais na atual panóplia indiana, estão presentes as influências inglesas, portuguesas, árabes e locais, bem como as religiões cristãs, hindus e islâmica, por vezes tratadas com algum sarcasmo, e as combinações possíveis de tal mistura, a componente lusa tem mesmo um presença significativa na vida de Saleem Sinai...
Um bom romance, vindo de uma cultura diferente, o que por vezes não facilita a compreensão e a leitura.

domingo, 25 de novembro de 2012

AMMAIA - Cidade romana no Alentejo e a importância do guia

Ainda no rescaldo das minhas férias e das maravilhas do Alentejo raiano,  na sequência do artigo referente à arqueologia,  importa informar que aquando de uma visita a Marvão se deve para o mesmo concelho programar uma visita às ruínas da antiga cidade romana Ammaia, situada na freguesia de São Salvador da Aramenha.
Uma cidade cujos alicerces e parte das sua estrutura está presentemente a ser escavada e desenterrada ao longo de vários hectares e acessível à visita através de um museu introdutório e com muitas peças arqueológicas.
No museu, além das lamparinas e do moinho na foto, várias estátuas, moedas, joias, e cenários reconstituídos, existem textos explicativos sobre a importância, dimensão, estrutura e organização de Ammaia no contexto da sua época.
O museu permite ainda compreender e aumentar o interesse do que se observa no exterior que vai desde os restos de arruamentos, portas de entrada na cidade, termas e templos, até estruturas de armazenamento de cereais, vinhos etc.
A terminar, saliento que no museu encontrei um dos melhores guias/rececionistas do País, que calmamente e com um saber e interesse enorme sobre o assunto e com uma técnica de comunicação cativante, explicou com um pormenor técnico digno de louvor os conhecimentos em torno do que seria a Ammaia, as incertezas  e as confirmações já obtidas, tornando esta visita inesquecível e apetecível a novas deslocações para observar os que se perspetiva com os trabalhos de prospeção em curso.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

"Gente Independente" de Halldór Laxness


Há livros cuja sua estrutura e forma de escrita se sobrepõem a tudo e se tornam obras de arte literária e como tal merecem ser lidos.
Há livros cuja dimensão da sua estória e mensagem se tornam o cerne de uma obra prima literária que forma espíritos e por isto devem ser lidos.
"Gente Independente", editado pela Cavalo de Ferro, de Halldór Laxness, é uma obra já com 77 anos e o seu protagonista, em vez de ser um islandês, poderia ser o povo português do século XX e a revolta contra o sistema poderia ter sido escrita hoje 14 de novembro em Portugal.
"O homem não é criminoso o bastante para saber viver dentro deste sistema social."
É uma frase forte, mas muito bem demonstrada pela resistência e lição de vida, roçando a obstinação e por vezes cruel, de Bjartur para se tornar num homem livre.
Um romance duro, cruel, terno, irónico, doloroso, romântico, comovente e revoltante que - apesar de uma escrita densa, alguns parágrafos muito extensos, com nomes de personagens impronunciáveis e por vezes demasiado semelhantes que obrigam a um certo esforço - deveria ser lido por todos.
Provavelmente, este será o romance que maiores marcas me deixará em 2012 e só por si justifica o Nobel que o seu autor recebeu, o pensamento de Halldór evoluiu com o tempo e inclusive sentiu-se defraudado com muitos comportamentos dos sistemas que defendeu, mas o romance também dá perceber muita da revolta que gente honesta hoje em Portugal sente sem nunca ter partilhado ideais políticos.

domingo, 11 de novembro de 2012

São Martinho como personagem num romance histórico


Por que hoje é dia de S. Martinho, eis um livro em parte policial e em parte um romance histórico que dá a conhecer a região de Braga no período final do império romano, com a decadência do paganismo e a ascensão de um cristianismo ainda numa fase imatura e influenciável por aquilo que a hierarquia religiosa classificou de heresia.
Um romance diferente, onde São Martinho de Tours desempenha um histórico papel... e até o S. Martinho de Braga ou de Dume surge na estória.
Por norma não sou admirador de jornalistas que de repente viram a escritores de best sellers, João Aguiar ocupou um lugar diferente e tendo em conta a festividade do dia e a divulgação histórica, aqui vai um livro que me marcou nos últimos anos.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Pela Estrada Fora de Jack Kerouac


Durante as minhas recentes viagens pelas estradas à descoberta de Portugal fui lendo nos intervalos "Pela Estrada Fora" de Jack Kerouac.
Sabia da polémica que envolveu este livro na década de 1950, penso mais pelo estilo de vida baseado em pessoas reais, que ficaria conhecida como geração beatnik e exposta de uma forma sentimental, saudosista e acrítica, do que pelo seu conteúdo literário. Efetivamente como modelo de sociedade, se a maioria dos norteamericanos optasse por aquela forma de vida, algo irresponsável e sem planeamento futuro, não sei aonde os USA estariam agora.
Apesar de escrito com recurso a uma linguagem juvenil simples, que à primeira vista parece despretensiosa, trata-se de uma obra bem escrita, com recursos estilísticos de alguém que leu numerosas obras literárias e muitas das quais clássicos de culto.
Confesso que gostei do livro, do estilo literário e da tradução, mas apesar de gostar de viajar, não me senti tentado pelo género de vida beatnik, mas a obra pode cultivar alguma irresponsabilidade em jovens que sigam os sonhos sem refletir as consequências do caminho que optem seguir com o coração e por paixões passageiras.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Maravilhas alentejanas 2: povoações fortificadas da raia

A zona raiana portuguesa foi durante séculos palco de combates fronteiriços, o que levou à construção de castelos e de povoamento preferencial associal a estas instalações castrenses. A fronteira do alentejo, talvez por ser de baixa densidade populacional e distante dos grandes centros de decisão nacional, pode-se dizer que estagnou em parte no tempo o que permitiu a conservação patrimonial de magníficas povoações muralhadas, das quais destaco as duas que visitei nestas férias:
 Monsaraz
  
 Localizada no Baixo Alentejo, distrito de Évora já foi sede de concelho e está implantada no cimo de um relevo fronteiriço nas margens da nova lagoa do barragem do Alqueva, desenvolve-se toda ela no interior de muralhas com moradias brancas, ruas estreitas, ruas calcetadas de xisto que lhe conferem uma beleza rústica e ternurenta difícil de igualar. Uma das aldeias mais belas de Portugal.
e
Marvão
Localizada no Alto Alentejo, distrito de Portalegre é ainda sede de concelho e está implantada no cimo de um escarpado fronteiriço, desenvolvendo-se toda ela no interior de muralhas com moradias brancas, molduras normalmente acastanhadas, ruas estreitas, ruas calcetadas com quartzito e xisto com um grande equilíbrio de cores. Sem dúvida uma das vilas mais belas de Portugal que é alvo de uma candidatura a património da humanidade da UNESCO.

Duas povoações que só por si justificam uma viagem ao Alentejo profundo da fronteira.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Maravilhas alentejanas: arqueologia

Se Évora é uma pérola patrimonial com uma grande riqueza histórica e cultural que se estendeu à pintura e à música; o Alentejo rural assemelha-se como um jardim onde, no lugar de flores, se encontram tesouros dos mais variados géneros. O domínio da arqueologia é sem dúvida um dos campos mais ricos desta provincia:

O cromeleque de Almendres nos arredores de Évora é sem dúvida uma das maiores surpresas destas estruturas provavelmente religiosas do período pré-histórico nos arredores de Évora, mas em torno desta cidade não faltam outros cromeleques, menires contemporâneos desta maravilha, sinais da importante ocupação humana nos mílénios IV a VI antes de Cristo.

Já no período Romano, mais afastado de Évora, mas também no Baixo Alentejo, a vila romana de São Cucufate são sem dúvida outra bela surpresa da importância desta região no império romano no contexto ibérico.

Como frequentemente acontece, aos maiores imóveis romanos, segue-se o aproveitamento cristão e em S Cucufate o fenómeno acontece com antigos frescos com um grau de conservação assombroso.


Castelos, igrejas, palácios e povoados antigos surgem com uma elevada frequência na paisagem e assinalam a história de Portugal que já se aproxima de um milénio, motivo para os numerosos imóveis dispersos, sobretudo nos pontos mais elevados da planície alentejana... mas o tema destes últimos ficará para um artigo futuro.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A conhecer Portugal: Évora

 Évora, uma cidade Portuguesa, património mundial e já importante no império romano que eu nunca visitara, mas que me está a surpreender pela positiva
Bela, não só pelos monumentos, mas também pela harmonia dos imóveis mais simples, dentro das muralhas continua calma apesar da sua riqueza, bem conservada e boa gastronomia.

 Alegre devido à juventude universitária que deambula entre imóveis milenares.
Sem esquecer os seus museus com o espólio deixado Frei Manuel do Cenáculo e as obras de Vieira Lusitano, uma magnífica surpresa da riqueza artística de Évora... uma cidade a visitar sem dúvida.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Férias cá dentro

Parque das Nações em Lisboa

Como hábito outono para mim é a estação das férias e de potenciais viagens a conhecer o mundo ou os meus dois Países: Canada e Portugal.
Este ano faço férias cá no Estado onde vivo, por agora de visita à capital, depois deverá haver alguma viagem cá dentro, até porque Portugal tem terras igualmente muito bonitas.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O visconde cortado ao meio - Italo Calvino

Mais informações aqui


Sabemos que o ser humano é constituído de partes boas e más, mas se o partíssemos ao meio separando estas partes como seria?
Uma alegoria que mostra a genialidade que é o escritor Italo Calvino, um dos meus escritores prediletos.
Interessante também que para alguns, mesmo que pretendam alcançar a perfeição, o bem pode mesmo ser incómodo e, por vezes, até o mal melhor tolerado.
Um excelente livro onde, além do mal e do bem em confronto para reflexão, também existe o tempero do amor, num texto que talvez não seja tão surrealista quanto o estilo. Adorei!

Um livro que integra a lista das recomendações do Plano Nacional de Leitura

sábado, 6 de outubro de 2012

Sputinik, meu amor - Haruki Murakami



Ao fim de muito tempo de ouvir falar, mas sem nunca me ter interessado em ler; li pela primeira vez um livro da Haruki Murakami, "Sputnik, meu amor". Não sendo um livro cor de rosa, também não é de grande profundidade literária, digamos um "crossover" entre uma obra mais comercial que junta alguma reflexão inteletual e com uma escrita escorreita. Murakami, apesar de ser japonês, enche a obra de referências à cultura ocidental: música, literatura e seu autores, como se o escritor, sem renegar as suas origens, estivesse exageradamente interessado em mostrar-se ao ocidente. Não desgostei do livro em termos de lazer, tem momentos com alguma profundidade, outros que roçam mundos mágicos, mas sempre com uma tristeza latente aos amores que desde o início se percebem ser impossíveis de se completarem. Para alguns, estes serão menos naturais, mas inteiramente viáveis nos sentimentos e desejos humanos e expostos de uma forma sem preconceitos e sem imposições.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Dia Internacional da Música um compositor açoriano

Ao longo de todo o ano ouço sobretudo música erudita não nacional... hoje, no dia internacional da música uma exceção: duas interpretações por sopranos portuguesas, numa canção composta pelo açoriano Francisco Lacerda.

A sua preferência fica ao critério de quem ouvir as duas variantes da mesma obra.

domingo, 30 de setembro de 2012

O Bom Inverno de João Tordo



O ainda jovem João Tordo ganhou um prémio Saramago e o "O bom inverno" encontra-se na lista para o prémio literário europeu do corrente ano. Motivos que estão na base de ter optado pela leitura deste romance.
Um escritor português algo hipocondríaco e deprimido vai a um evento europeu de escritores e é atraído para umas férias na casa de um produtor de cinema igualmente europeu que por norma reúne pessoas das artes durante o verão... mas este espaço transforma-se num pesadelo e um crime desencadeia um drama psicológico e de terror com estes artistas de valor variável.
Um texto bem escrito e embora o autor seja um deus sobre os seus personagens, tal como se deduz no romance, até este deus pode perder o controlo e penso que de facto tal aconteceu na obra. 
Tem por vezes reflexões interessantes, tem páginas em que chega a ser emocionante e entusiasmante, mas também tem momentos que me pareceu maçador e sem norte.
Para uma obra selecionada para um prémio europeu esperava mais ou talvez os prémios é que tem uma bitola mais baixa do que eu penso. Lê-se razoavelmente bem, mas não me deslumbrou.
Assumo que a falta de deslumbramento pode efetivamente dever-se ao ter perspetivado algo de muito elevado, devido ao anúncio à candidatura de um prémio internacional, e ainda estar influenciado pela excelente obra cuja leitura lhe antecedeu imediatamente. Por isso mantenho o repto para lerem "O bom inverno" e cada um depois julgue por si... até por que as críticas literárias são todas muito elevadas... 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Por quem os sinos dobram

Livro e sinopse disponível aqui


Pode alguém sob a ameaça de uma guerra que nos cerca e na preparação de uma operação militar de elevado risco, descobrir a plenitude da vida e vivê-la no seu total em 3 dias? 
Relatos da vida de um cooperante americano ao lado de partisans republicanos e comunistas em plena guerra civil de Espanha, experiência de facto vivida por Ernest Hemingway.
"Por quem os sinos dobram" é a história da descoberta do amor e do significado da vida quando tudo está a ruir à nossa volta e a morte se senta ao lado à espera da sua oportunidade de vir ter connosco precisamente quando se descobre o valor da vida.
É também uma introspeção sobre o significado da vida, um exame de consciência e uma inteligente denúncia de que mesmo aqueles que parecem estar do lado certo da humanidade são capazes de fazer as coisas mais erradas ao próprio homem.
Um excelente livro que tem tanto de elogio ao amor e à vida, como de reflexão sobre o significado desta e feito através de uma escrita não rebuscada, mas profunda.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Recordando o Concerto do Varadouro de 2012

Embora um pouco atrasado, aqui ficam duas fotos do excelente concerto no Varadouro ocorrido este ano e aqui divulgado.
Além do prazer que foi ouvir um cravo magnífico no Faial, tocado por Gustaaf van Manen, importa elogiar Rodrigo Lima, que já ouvira ao vivo em 2010, conforme então divulguei neste artigo.

Presentemente, Rodrigo Lima está cada vez mais maduro e confiante, aspetos que se refletem na sua performance, tornando-o num magnífico flautista açoriano e capaz de conduzir o concerto como aconteceu neste trio. Uma excelente noite de música.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Jesusalém de Mia Couto


Acabei de ler Jesusalém de Mia Couto, considerado uma das obras principais deste escritor, confesso que mergulhei num entusiasmo inicial que depois de meio foi esmorecendo.
Uma estória que leva a pensar se vale rompermos com o mundo para esquecermos as nossas culpas e desilusões geradas na nossa vida em sociedade, sobretudo a feridas abertas nas relações com os que nos estão mais próximos.
Na sua escrita cheia de neologismos provavelmente inventados no momento e outros regionalismos, com um estilo algo fantástico e enraizado nos mitos, cultura e ambiente africano, tem um início cheio de criatividade e de imagens escritas e de pensamento brilhante para depois ter uma passagem mais dolente que se vai compreendendo e me levou à reflexão sobre se é possível fugir às desilusões com o que tropeçamos e causamos com o nosso modo de viver.
Gostei, até por ter a dimensão suficiente e adequada para o género e ritmo do livro, uma medida que nem todos os escritores sabem usar.

domingo, 9 de setembro de 2012

Sala de leitura estival


Agora que o verão está em fase terminal, confesso que houve menos tempo para este blogue, pois foi com vista para este pinheiro, enquadrado neste espaço ao ar livre e após banhos no Atlântico, que fui passando o resto da tarde a ler calmamente, a respirar ar puro e a ouvir os ruídos bucólicos do meio rural... algo que a redução das horas de luz solar já está praticamente a tornar impossível até ao reaparecimento dos novos longos dias de verão.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O Jogador: Fiodor Dostoievski



Acabei de ler "O Jogador" de Dostoievski, o primeiro livro de um grande escritor russo que li. Optei por uma pequena obra tendo em conta que desconhecia o autor e a literatura daquele país.
Trata-se de um livro de fácil leitura, muitas vezes hilariante, com uma escrita muito linear típica das obras do século XIX e apesar dos numerosos francesismos estes estão devidamente traduzidos em rodapé para quem não dominar a língua de Victor Hugo.
Parece uma obra de mero divertimento, mas o livro é denso de reflexões psicológicas e sociais: a desconfiança e preconceitos entre os povos de diferentes nacionalidades europeias, os comportamentos compulsivos de muitas pessoas e o estilo de vida falso e insustentável de muita aristocracia do velho mundo.
Uma pequena obra bem construída que é um retrato de um certo tipo de classe social que na sua singeleza  levanta questões ainda atuais sobre a sociedade e as relações humanas.

sábado, 1 de setembro de 2012

Submundo de Don DeLillo


Três de outubro de 1951 coincide com a primeiro rebentamento nuclear da União Soviética e com uma das jogadas mais famosas da história do basebol, ocorrências que causaram vibrações em muitos norteamericanos, incluindo na Bronx de Nova Iorque.
Cerca de 40 anos depois, acabada a guerra fria, a humanidade vive com o problema dos seus resíduos, incluindo nucleares. A personagem mais presente na obra gere a mensagem de como a empresa administra esta questão e um conjunto de pessoas relacionadas com a Bronx é o fruto do que foi o passado.
O romance relata episódios soltos, que recuam no tempo, com medos, aspirações, disfunções sociais e mistura de cidadãos e factos reais e ficcionados, unidos pela Bronx e a guerra fria.
Uma obra grandiosa que constrói um puzzle da vida nos Estados Unidos durante 40 anos, onde uma bola de basebol, a Bronx, a guerra fria e o lixo formam o cimento que une as peças e justifica a década de 90.
Um livro pós-moderno que provavelmente se tornará numa referência da história da literatura dos Estados Unidos.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Concerto Varadouro 2012

Clique na imagem para mais pormenores

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Destruir livros é sempre um mau sinal



A minha relação com livros está cada vez mais forte, aliás uma das razões por que sou menos ativo neste blogue, mas tal não invalida o meu acompanhamento da blogosférico e hoje cruzei-me com este excelente artigo de Helena Damião.

Não resisti na sua divulgação.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Privilégios Açorianos

Praia do Almoxarife no Faial com o Pico ao fundo

Seria bem mais fácil atualizar este blogue não fosse este privilégio de poder mergulhar no Atlântico no regresso a casa após um dia de trabalho...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Stieg Larsson e a Trilogia Millennium



Conclui de rajada a dose fast food da trilogia Millennium de Stieg Larsson e não me arrependi.
Sabia que não seria uma obra-prima de arte literária, mas precisava de perceber o que motivara tão grande sucesso e claro percebi logo que a estratégia do thriller costuma dar bons frutos, mas este conjunto não é só isso. 
Além de ter sabido encadear acontecimento, Stieg Larsson mostrou um conjunto de personagens que apesar de parecerem amorais nos bons costumes estão cheios de princípios éticos e sedentos de uma justiça não atada pelas próprias regras que sustentam a liberdade e a democracia social na Suécia.
O primeiro volume é uma obra à parte, tecnicamente mais bem estruturada e com princípio meio o fim.
Apresentação dos protagonistas com uma heroína estilo punk vítima dum mundo preconceituoso que não a compreende e é sujo, a qual acompanha uma investigação jornalística, onde se descobre do pior que pode haver no ser humano e se desmascara esta sociedade corrupta em que vivemos. Uma escrita despretensiosa pouco interessante... mas que é uma denúncia cheia de emoções.
Devido à minha cooperação com jornais retenho o seguinte parágrafo já perto do final " Oh sim, os media tem uma enorme responsabilidade. Durante quase vinte anos, muitos jornalistas abstiveram-se de investigar... Se tivessem feito o seu trabalho como deve ser, não estaríamos hoje na situação em que estamos."


Os outros dois volumes são demasiado interdependentes e dificilmente podem ser lidos isoladamente e o enredo por vezes parece inverosímil, repetitivo e com excesso de pormenores, mas levantam uma série de questões no meio de um suspense de cortar por vezes a respiração e de alguma violência que dói só de imaginar.
Pode o edifício da democracia criar monstros dentro de si cujo objetivo é a sustentação desse mesmo edifício? Seria o Estado bem melhor se os jornalistas em vez de meros transmissores de notas e conferências de imprensa ou daquilo que veem fossem sobretudo investigadores a sério da realidade? Estará o Estado de direito maniatado pelas suas próprias leis que não consegue assegurar uma verdadeira justiça aos cidadãos vítimas de quem não respeita a normas? Não perdoaríamos o Estado que transgredisse a Lei para fazer justiça, mas perdoaremos que alguém de fora transgrida as regras para se conseguir o mesmo fim? Julian Assange não estará em parte retratado e justificado nesta trilogia?


Um fast food que tem em simultâneo a capacidade de nos distrair e de fazer pensar, se quisermos mesmo refletir as ideias constantes nas entrelinhas da escrita deste jornalista precocemente desaparecido.

domingo, 22 de julho de 2012

O bloguer no Forte Apache

A convite dos administradores do blogue nacional Forte Apache, a partir de hoje também estarei presente com os meus escritos neste espaço de cariz muito diferente do de Geocrusoe, mas onde algumas ideias aqui abordadas não deixarão de ser levadas àquele novo destino.
Confesso que é com muita honra que me sinto como bloguer Açoriano ser convidado para ser um elemento ativo na blogosfera nacional.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

9 de julho de 1998: situação 14 anos depois

9 de julho de 1998, cerca das 5h20 da manhã 20 segundos bastaram para destruir praticamente na totalidade a freguesia da Ribeirinha, aquilo que se pode dizer, varrer do mapa uma terra...

O socorro da proteção civil dentro das limitações de uma terra com os acessos cortados, foi rápido e eficiente, os alimentos, as tendas e os primeiros socorros chegaram cedo aos sinistrados, foi o momento em que o agir humanitariamente se sobrepôs aos interesses políticos... depois a palavra de ordem foi sensivelmente: não façam nada que nós (governantes) fazemos tudo e ainda podem perder apoios.

Catorze anos depois, a grande maioria dos sinistrados está realojada, houve o aproveitar para resolver determinadas questões de segurança e sociais: o reordenamento do território com abandono de zonas de maior risco, melhor qualidade construtiva, dimensionamento adequado das habitações ao tamanho do agregado familiar, mas subsistem ainda pessoas sem casa a viver em pré-fabricados, os imóveis coletivos públicos continuam todos em ruínas e a gritarem que nunca se deve numa catástrofe desmobilizar as capacidades das pessoas, pois esse desperdício não só sai caro de financiar, como dificulta a resolução dos casos não individuais.

Dedicado a todos, que arregaçaram as mangas, correram os riscos e foram em frente...

quarta-feira, 4 de julho de 2012

179.º aniversário de elevação da Horta a cidade

Horta 2012

Um conjunto de baías que permite o abrigo à maioria dos ventos, um posicionamento favorável a ser intercetada pela navegação à vela nas grandes viagens do Atlântico desde do século XVI, um local onde era possível o abastecimento de água e alimentos, uma porta de entrada na Europa e eis as condições por que este local se tornou um porto de abrigo, inicialmente uma vila, depois uma cidade e capital de distrito e hoje sede do parlamento dos Açores.

Uma terra que apesar de parecer parada no tempo tem um beleza ímpar inesquecível que continua a ser uma zona de acolhimento de quem atravessa o Atlântico, sobretudo indo ou vindo do novo para o velho mundo, e que hoje faz anos como cidade.

Parabéns cidade da Horta!


domingo, 1 de julho de 2012

1.º de Julho - CANADA DAY

Palavras para quê... nunca o escondi, Proud to be Canadian

Bom dia do Canadá a todos

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Começou hoje o verão nos Açores

Após um mês de neblinas, chuvas, humidade elevada e algum vento, hoje cheirou a verão e este começou à minutos.
A previsão não promete sol no primeiro dia inteiro de verão, esperemos ao menos que o verão se digne aparecer depois e ficar por uns tempos, é que tenho saudades de sol e praia...

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Festas do Espírito Santo

 As Festas em Louvor do Espírito Santo são sem dúvida as maiores festividades religiosas e populares dos Açores.
Realizadas em todas as comunidades de Açorianos, urbanas, rurais ou diáspora, são organizadas sobretudo pelas pessoas que assumem promover as festas na sua terra e com todos os trabalhos a isso associados.
Mergulhado na tradição e sendo cristão, não fujo a este contributo e 2012 cabe-me a mim ser o mordomo das festas no Domingo de Pentecostes na freguesia da Ribeirinha.

Para mais informações sobre esta tradição, consultar a etiqueta deste blogue: Espírito Santo