Devido à humidade no ar, intensificada nos Açores pela omnipresença do mar, o relevo elevado das ilhas funciona como barreira à circulação atmosférica, o que por vezes leva à condensação do vapor de água no ar e à formação de núvens num dos lados das montanhas ou mesmo sobre as ilhas. Motivo porque por vezes o tecto de núvens, característico dos Açores, situa-se apenas sobre terra, enquanto o céu sobre o mar permanece azul e também ocorre o frequente e belo bailado de núvens em torno da montanha do Pico
Caldeira do Faial (clique na foto para a ampliar)
No lado esquerdo da foto encontra-se um relevo em forma de ogiva, que corresponde a um domo traquítico, implantado no bordo sul da Caldeira do Faial e conhecido pelo nome de ALTAR, já presentado neste post.
Assim, à semelhança dos altares religiosos, onde os sacerdotes costumam libertar fumos da queima de incenso, também este altar geológico parece estar a ser incensado pela natureza... um sinal da magia dos Açores
Gostei muito da fotografia, felizmente que já não se pode ir lá a baixo "sozinho"... era triste ver o lixo que lá deixava e já se perdeu lá uma pessoa (segundo o que me disseram)
ResponderEliminarQuando lá fui não reparei no "domo traquítico", também foi um ano antes de ser "proibida" a descida, ainda era muito novinho... cria era ver o lago :)
Mas nessa imagem está seco...
Sabes se existem fotos de quando a caldeira do Faial ainda era toda um lago??
A caldeira deita fumarolas?
Fui deixando comentários por aí.
ResponderEliminarRepito: aprendi muita coisa ao ler este texto. Achei excelente esta descrição.
Saudacoes de um Düsseldorf gélido!
ao grifo
ResponderEliminarpelo menos desde que o faial foi povoado que a caldeira nunca teve o seu fundo todo coberto de água e provavelmente antes também não.
As lagoas das caldeiras formam-se quando estas têm idade suficiente para que os piroclastos e solos no seu fundo já se tenham transformado numa camada de argila com espessura suficiente para se tornar praticamente impermeável, então a aágua começa a ficar retida à superfície, mas a caldeira do faial é ainda muito jovem, como podes ver no link "caldeira do faial"
Em 13 de Maio de 1958, provavelmente algum magma dos capelinho penetrou pela falha do capelo até por baixo da caldeira e a água que se infiltrava deu origem a uma explosão freática e os pequenos lagos ficaram ainda mais reduzidos.
Não se conhecem fumarolas na caldeira e eu que já andei por lá a fazer estudos de emanações gasosas não encontrei nenhuma também.
ematejoca
e ainda bem que vai deixando comentários e que por cá aprende alguma coisa, é sinal que além de algum prazer que este blog pode dar, também ensina e isso é muito bom.
Ok... :S o meu professor disse que a caldeira já foi assim, mas num sismo abriu-se uma falha e a agua escapou, ele até disse que era uma questão de tempo para voltar ao mesmo... disse até que iam lá apanhar peixes para vender para aquários...
ResponderEliminarao grifo
ResponderEliminarquando existia a pequena lagoa, foram lá lançados peixes que se reproduziam e, de facto, havia gente que os ia lá buscar e vender de forma a serem colocados em cisternas e lagos de jardim - ainda me lembro disso e já foi depois de 1958 ;-) -, mas eram apenas os pequeno lagos que ainda hoje se formam no inverno e secam no verão que então não secavam no verão.
Mas nunca no tempo pós povoamento teve o fundo da caldeira coberto de água e antes a forma actual provavelmente não. lembra-te mil anos é pouco tempo e já depois disso ainda se formou aquele cone que está lá baixo.
No futuro, caso não surjam outras erupções e rupturas é muito provável que se venham a formar um grande lago como disse o teu professor, mas não é obrigatório.
eu não consigo ver essa relação com um altar. a paisagem é belíssima. não temos esse verde por aqui. é diferente. lindo tb. mas diferente. beijos, pedrita
ResponderEliminarMais um excelente texto.
ResponderEliminarE pedagógico.
Mais um excelente post!
ResponderEliminarrealmente é interessante como os "antigos" davam conotações religiosas aos elementos naturais com que se deparavam. Infelizmente só fui à caldeira uma vez, e já há alguns anos (uns anos antes do sismo), mas a paisagem ficou-me gravada na memória. Gostava de um dia descer lá, cumprindo as normas legais, claro (acompanhado por uma vigilante da natureza).
Cá no Pico também temos um altar, embora pouca gente o saiba e seja bem mais pequeno e de origem diferente. Não é um doma traquítico, mas algumas pedras de médio porte dentro da cratera da montanha. Mas este realmente ja desempenhou a sua função, servindo de altar para as (pelo menos) 2 missas campais que lá houveram nas décadas de 40 e 60.
Existe uma foto muito rara de cerca de 3000 pessoas lá em cima a assistir à missa. infelizmente ainda não a consegui arranjar.
Mas voltando ao assunto original, a foto panorânica da caldeira ficou muito boa! Quanto às nuvens que estão (quase) sempre presente sobre as ilhas, são as chamadas nuvens orográficas.
cumprimentos caro colega/vizinho
Um individuo emigrado há muitos anos para os estados Unidos me disse que em criança ia ao fundo da Caldeira e em determinado local havia vestigos (ruinas) de uma antiga construção e os mais idosas dessa época dizeram que nos primórdios da colonização ter ido pessoas viverem para o fundo da Caldeira? Terá isto alguma coisa de verdadeiro?
ResponderEliminarPeriquito:
ResponderEliminarEu acho pouco provável, as pessoas ou vivam perto das suas plantações ou em centros de comercio (no Faial a cidade da horta).
Bem mas em cabo verde há uma vila (ou povoação) dentro de um vulcão também...
Mas a caldeira é um local com lago(s) com margens muito irregulares... mas talvez possa ter sido depois de um vulcão e não existissem lá lagos (por exemplo a erupção do monte queimado [na cidade da horta])
A caldeira só tem 1000 anos?!
à pedrita
ResponderEliminarmas eu já vi verdes açorianos no estado do rio de janeiro... mas é verdade que a nossa paisagem e vegetação são diferentes o que confere aspectos diferentes do vosso.
ao josé quintela
obrigado
ao valter medeiros
sim, eu conheço esse altar. de facto são nuvens e nevoeiros orográficas. Efectivamente deverias ir ao fundo da caldeira é muito diferente de subir o pico mas também de uma beleza difícil de explicar. quanto aos vigilantes, julgo que tu os conheces para seleccionares aquele que melhor se adequa a conversar dos aspectos que mais te interessam...
ao periquito
eu não conheço as ruínas, mas um amigo meu conservacionista uma vez falou-me disso mesmo e lá em baixo, mas estávamos noutras tarefas. julgo que foi uma experiência mal sucedida, devido ao isolamento e a dificuldades de acesso e que ter-se-á tratado de um caso isolado.
ao grifo
já vi que não clicaste no link do post "Caldeira do Faial" está lá a resposta à tua pergunta das idades...
clicar cliquei... Mas li o texto muito, mas mesmo muito por alto...
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