Terminei o quarto e último romance policial do "Quarteto de Havana", intitulado "Paisagem de Outono" e escrito pelo cubano Leonardo Padura.
O designado "Quarteto de Havana" corresponde a um conjunto de 4 romances independentes, todos decorridos ao longo das 4 estações do ano de 1989 e sempre protagonizados pelo polícia de investigação criminal: o tenente Mario Conde. Este vive a sua carreira profissional de forma frustrada perante a corrupção e injustiça que assiste no seu país, afogando a sua mágoa no vício do álcool, nas memória da sua grande paixão de juventude e no convívio com os seus amigos do ensino pré-universitário e sempre a sonhar no seu desejo de sempre: ser escritor.
No presente romance, que decorre no outono, Mário Conde sabe da demissão do seu superior com quem mantinha uma grande relação de confiança e sabia ser um incorrupto. Por isso, decide abandonar em definitivo a profissão, mas é chamado pelo novo chefe que só aceita a sua demissão na condição de descobrir quem assassinou, castrou a atirou ao mar Miguel Forcade: um fugitivo de Cuba que fora um antigo responsável pela gestão dos bens artísticos da burguesia expropriada pela Revolução, mas que agora visitava o país na sequência de uma autorização para ver o seu pai muito doente.
O Tenente aceita o desafio e em pouco suspeita que a vinda estaria relacionada com o objetivo de tirar de Cuba uma obra de arte valiosa que o enriqueceria no exílio, e a morte talvez uma vingança de despojados no passado ou de alguns dos envolvidos na operação de resgate de peça valiosa, incluindo a mulher dele, uma loura bem mais jovem que desperta o interesse do detetive, tudo isto decorre nas vésperas do aniversário de Mário Conde e sob a ameaça de um furacão se abater sobre Havana.
A obra de Padura costuma rechear-se de denúncias dos problemas sociais e falhanços do sistema político que instalado em Cuba com a revolução e este romance não é exceção. Entre investigações há sempre as referências à pobreza vivida no país, à corrupção que mina a economia e as dificuldades de expressão devido à falta de liberdade que se suavizam pelo álcool, imaginação gastronómica para vencer o racionamento e a sexualidade intensa das personagens cheias de memórias.
Gosto deste escritor quando envereda por relatos históricos como nos seus romances Hereges e O Homem que gostava de cães, neste livro de facto há um momento em que Padura vai às origens da peça que de facto esteve na origem da vinda de Miguel Forcade e desencadeou depois tudo o que Mário Conde, por intuição e investigação deslinda e o leva ao seu sonho. Um policial típico do autor, que é mais do que uma mera obra de investigação criminal e fácil de ler
fiquei curiosa. nunca li nada dele. como gosto de livros policiais vou colocar na lista. tb falei de livro no meu blog. beijos, pedrita
ResponderEliminarEmbora num estilo ligeiramente diferente de um mero policial, Os Hereges é muito diferente, O Homem que gostava de cães, é um relato da vida de Trostky, mas ambos têm o mesmo investigador detetive
ResponderEliminar