Regressei ao inglês Charles Dickens com a leitura do seu último romance publicado, mas que, devido a morte súbita do escritor, o deixou inacabado: "O Mistério de Edwin Drood".
Edwin é um jovem órfão cujo pai deixou o seu futuro casamento acordado com a filha do seu melhor amigo, curiosamente também falecido, ficando assim ambos os noivos sem pais e com o seu futuro decidido e gerido pelos seus tutores. Tudo corria normalmente até que um casal de irmãos, de novo órfãos, vêm viver para a mesma cidade, os rapazes se tornam adversários e parece desenvolverem uma atração pelas raparigas do outro par ao arrepio do acordado. Entretanto, na noite de Natal, após um encontro realizado na tentativa de se efetuar uma reconciliação entre os jovens, Edwin desaparece e o outro logo fica alvo de todas as suspeitas. Terá sido? O clérigo que protege o acusado está convicto da inocência deste, entretanto, descobre-se que o tio de Edwin nutria uma paixão pela sua futura sobrinha de quem era professor de canto e no seu sofrimento viciara-se em ópio. Tutores, raparigas e tio tentam descobrir a verdade até à chegada de um potencial detetive... as pistas apontam várias hipóteses e a obra ficou inacabada...
Sem dúvida está-se perante a primeira parte do que seria um grande romance do género policial num período em que este tipo de literatura estaria a iniciar-se, mas os mais importante é o próprio rol de hipóteses que ficam em aberto perante um cenário de provável crime onde não há justiça, o que cria um mito e uma abertura à especulação que é colocada no livro num posfácio do grande escritor G K Chesterton, que se foi um dos pioneiros da literatura de crime e mistério e muito conhecido pelas investigações do padre Brown.
O conjunto do romance incompleto com a especulação de Chesterton torna este livro muito interessante, fácil de ler e agradável. Fica a dúvida de como Dickens solucionaria realmente o mistério e também o espanto por algumas frases da obra mostrarem que este grande mestre da literatura e da denúncia das injustiças sociais, ele próprio, tinha os seus pecados preconceituosos à luz dos princípios humanos de hoje.
eu acho incrível esses autores que volte e meia nos deparamos com uma obra que não lemos de tantos livros que tem. e dickens ainda escrevia livros extensos. impressionante. beijos, pedrita
ResponderEliminarNunca li nada do autor. Essas obras inacabadas sempre trazem uma áurea de mistério.
ResponderEliminarKelly
ResponderEliminaré um autor que vale a pena conhecer, apesar do desenrolar da trama de forma novelesca de série televisiva pois escrevia em folhetins para os jornais ingleses no século XIX... mas algumas obras são mesmo geniais, as suas personagens muitas vezes ou são totalmente boas ou completamente más ou vítimas de demasiadas injustiças para apelar ao sentimento, mesmo assim foi um grande arauto da denúncia das injustiças sociais da sua época.