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sexta-feira, 8 de julho de 2022

"A Rainha do Sul" de Arturo Pérez-Reverte

 

Excertos

"O medo não deve ser avidado de chofre,... A arte reside em infiltrá-lo pouco a pouco: que dure, e tire o sono, e amadureça, por desse forma se converte em respeito."

"Há silêncios que não podemos alegar não ter ouvido com absoluta clareza. Sim. A a partir de determinado momento da vida, cada um é responsável pelo que faz. E pelo que não faz."

Acabo de ler mais um romance do escritor espanhol Arturo Pérez-Mendoza: "A rainha do sul", no qual um jornalista faz a pesquisa biográfica Teresa Mendoza : uma simples mulher, pobre, sem estudos e companheira de um traficante de narcóticos na província de Sinaloa no México; mas que após o assassinato deste e de ela sobreviver à ordem para a matar, consegue em seguida refugiar-se no sul de Espanha e construir um império de narcotráfico e uma fortuna que a tornam uma referência para a imprensa social e em simultâneo com ligação à classe política e aos maiores cartéis mundiais.

O texto é uma sequência de episódios que correspondem a cenas romanceadas de recolha de informações de testemunhas que conviveram ou conheceram Teresa Mendoza e onde o jornalista é o narrador na primeira pessoa, estes são intercalados com outras onde são expostas, de forma cinematográfica e intensa a vida da protagonista, sendo esta quem descreve a ação e expõe os seus pensamentos e sentimentos.

Como habitual em Pérez-Reverte, as suas personagens são muito realistas com virtudes e defeitos, aqui ninguém é exclusivamente mau ou ingenuamente bom, e as suas narrativas são cinematográficas, por vezes muito intensas, e onde se nota, na descrição e pormenores, uma investigação técnica e social profunda dos meios de vivência e dos objetos que integram as suas cenas. Tudo isto é exposto num texto bem trabalhado com referências as marcas de equipamentos, objetos de luxo, sensações dos seus usos e a descrição profunda da vida nas redes de narcotráficos com as suas regras, dureza e desumanidade no México, bem como a fragilidade das forças de segurança na Europa face a um controlo legal e ético dos mídia muito fortes em democracia aquando dos seus atos de combate ao banditismo, e ainda, o laxismo destes aspetos no Norte de África, tudo isto a coberto de uma rede política, legislativa e financeira internacional que permite a montagem de esquemas de branqueamento de capitais, corrupção e cooperação entre o poderes legítimos e dos fora-da-lei.

Um bom romance que retrata com qualidade literária os mundos mafiosos, com alguns episódios muito intensos, gostei, texto acessível a qualquer leitor e recomendo.

4 comentários:

  1. não conhecia. nunca li nada desse autor. beijos, pedrita

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  2. Um autor muito produtivo, já li vários livros dele, tem uns de caracter mais de aventuras que nunca li, outros de suspense de que já li alguns que já aqui publiquei e também escreve obras destes submundos fora da lei. Além de ensaios . Escreve bem e é muito conhecido na Europa

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