Acabei de ler a novela "O Duplo" do russo Fiódor Dostoievski, uma obra da juventude literária do escritor, talvez autor que mais me marcou até hoje.
Yakov Petrovich Goljadlkin é um funcionário público de meia idade que trabalha numa repartição, um dia opta por faltar ao serviço e gozar um pouco de liberdade, alugou uma carruagem para viajar por São Petersburgo, onde, sem querer, se cruza com colegas e o seu chefe, nesta tensão, decide ir ao seu médico onde se torna evidente o seu estado de perturbação psicológica. Ali critica as pessoas que lhe são próximas e o doutor avisa-o da necessidade de tomar a medicação. À noite, na sua viagem, encontra uma réplica sua mais nova, Goljadkin Jr., que se torna seu amigo inicial, mas, no dia seguinte descobre que é o seu novo colega e entra desequilíbrio e em guerra com o seu duplo, sente que este conspira contra ele e todos à sua volta o pretendem destruir, até assistirmos ao desenlace possível desta luta consigo mesmo e as instituições.
A novela tem uma escrita por vezes vertiginosa e um relato caótico que mostra a amargura de Goljadkin e a sua perturbação psicológica, embora sem a profundidade das obras maduras de Dostoievski, mas já aqui estão presentes os temas de desequilíbro da personalidade fruto das pressões sociais e a revolta impotente dos cidadãos contra as instituições, isto numa Rússia onde o poder dos superiores não é discutido pelos inferiores.
A narrativa pode ser vista como uma alegoria das dificuldades porque passou o escritor cruzada com um retrato dos problemas da sociedade russa e das disfunções que minam a sanidade mental. Gostei do livro, é uma boa iniciação ao autor, mas ainda muito longe da profundidade de outras obras posteriores que definem a sua genialidade. Fácil de ler.
ah, esse dele eu não li. beijos, pedrita
ResponderEliminarNão é uma obra de juventude, mas não é ainda uma obra do Dostoievski amadurecido
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