CITAÇÃO
"uma vida não fica completa enquanto não encontra o seu desfecho."
Acabei de ler o romance de estreia de Rachel Joyce: "A improvável viagem de Harold Fry", com o qual ganhou o National Book Ward para o melhor primeiro romance de escritor em 2012, embora eu já tivesse lido este outro romance posterior dela.
Harold vive numa cidade no extremo sul da Inglaterra, reformado, vive com a mulher que o rejeita e o critica permanentemente, recebe uma carta de uma ex-colega a informar que está em fase terminal de um cancro e espera que ele esteja bem. Harold, que já não a via há 20 anos, lembra-se de uma amizade que terminou com o despedimento dela. Enche-se de compaixão e responde-lhe uma carta singela que decide pôr no correio, na ida sente que é pouco, alguém lhe fala de atos de fé para salvar outra doente e ele toma de imediato a resolução de ir a pé até ao hospital que se situa na cidade mais a norte do País. A decisão é logo posta em prática e já no caminho após muitas horas comunica-a à mulher e prossegue a viagem que durará dezenas de dias, sacrifícios extremos, conhecimento do mais diversificado tipo de pessoas, interesse jornalística e aproveitamentos. Em paralelo, ele vai dando notícias à mulher que não sabe come agir e ambos vão refletindo nos falhanços do seu passado como um exame de consciência e de compreensão do outro que mudará para sempre as suas vidas.
Um romance muito original, cheio de ternura e dureza em simultâneo, que faz uma crítica à sociedade atual e aos comportamentos coletivos e muito bem escrito. Tem uma técnica que por vezes parece deixar-nos cair num sentimentalismo fácil que logo é cortado por uma chamada à razão de forma implacável, pois a realidade é mesmo assim: com alegrias e dores e temos de conviver com isto e superar o mau sem nos amarrarmos a sonhos impossíveis.
Gostei muito da narrativa, por momentos comoventes, outros duros, alguns irritantes, alguns murros ao leitor que se deixar levar pela crendice fácil e surpresas praticamente até ao final.
que capa linda. fiquei curiosa. beijos, pedrita
ResponderEliminarNão gostei da capa, embora agora perceba o significado daquela casa lá longe e do marco de correio... o conteúdo é bom e dá-nos alguns murros para despertar para a realidade e o respeito pelo outro.
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