"A ilustre casa de Ramires", um livros de Eça de Queirós que comecei a ler com baixas perspetivas, mas que no fim surpreendeu-me pela positiva. O escritor, que sem deixar de ser o habitual e excelente crítico cheio de humor e de ironia da caracterização nacional, denunciando as reviravoltas interesseiras dos políticos e a mesquinhez que abunda por este País provinciano e mexeriqueiro, consegue mesmo assim acabar por elogiar Portugal.
Um livro onde o protagonista: o herdeiro de uma família milenar, mais antiga que a nacionalidade, cujos antepassados intervieram nos momentos mais importantes da história do País; escreve um romance histórico dentro da obra, e onde Eça aproveita para falar das dificuldades da escrita, dos escritores de coisas banais e da bajulação que se faz à volta de uma obra sem valor.
No romance dentro da obra - que procura o estilo de Herculano, a linguagem e o vocabulário da primeira dinastia e cultivar o orgulho nacional, onde de facto Eça escreve com uma linguagem diferente - há uma cena de violência e vingança chocante, talvez para criticar o heroísmo fanático da idade média do tempo afonsino ou para denunciar os que se deixam impressionar por escritos fortes sobre causas de ética duvidosa e onde a gratuitidade do ato é garantia de sucesso de venda. A verdade é que desconhecia um Eça capaz de descrever tão pormenorizadamente uma cena tão negra, contudo, depois remata toda a obra num espírito luminoso e liberto dos defeitos que amarram este Portugal e de confiança nos valores do protagonista. Uma obra muito trabalhada que recomendo e gostei muito.
eu li faz tempo. amo esse autor. a política de portugal se assemelha muito a brasileira, embora aqui os políticos se superam na cara de pau. beijos, pedrita
ResponderEliminarMais um clássico que espero ler em breve :)
ResponderEliminarQuanto a Steinbeck, que livro soberbo. E lindo.
Espero que goste Carlos!
Boas leituras!
Eça e Saramago são os dois escritores portugueses de quem mais obras li, de romances falta-me só O Primo Basílio na bibliografia de Queirós.
ResponderEliminarUm livro na fase mais positiva dele, que tem mais esperança no Homem e em Portugal e daí o seu final feliz como em A cidade e as Serras.
Eça de Queirós é um dos meus autores preferidos. Li este livro há cerca de 20 anos (eu sempre coloco no livro a data de leitura). Mais um que está na hora de reler.
ResponderEliminarDenise
Nos últimos anos a datação da leitura fica marcada neste blogue, mas nunca tive esse hábito nos livros, onde sublinho o que me tocou no momento se tiver um lápis comigo ou uma caneta.
ResponderEliminarEça de Queiros é sem duvida meu autor português predileto. Faz muito q tempo que eu li esse livro, mas já está na lista dos livros a fazer uma segunda leitura! Obrigada.
ResponderEliminarNão sei se é o meu preferido, mas seguramente está no pódio
ResponderEliminarAí está um dos livros do Eça que eu mais gosto, uma verdadeira delícia...
ResponderEliminarAbraço
Pois embora menos famoso, também foi um dos que mais gostei de Eça.
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