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quinta-feira, 8 de maio de 2014

"Afirma Pereira" de António Tabucchi

Editora Leya

"Afirma Pereira" de António Tabucchi é um romance escrito sob a forma de um depoimento das declarações do jornalista lisboeta Pereira, no momento responsável pela página cultural da publicação para onde trabalha, que relatam a sucessão dos vários acontecimentos que antecederam o despertar da sua consciência, o levaram a sair do seu comodismo cobarde e a tomar uma ação de denúncia numa ditadura em Portugal dominada pela censura e a polícia política, isto num verão contemporâneo da guerra civil de Espanha e num Estado seguidor dos "bons costumes" da religião e subserviente  aos regimes então instalados na Alemanha e na Itália.
Numa linguagem linear, fácil de seguir e com capítulos curtos que descrevem as rotinas do dia-a-dia ou os eventos extraordinários ocorridos, bem como os diálogos e as ações que com Pereira interagiu nesse verão que estiveram na base da transformação da sua personalidade acomodada a um "eu hegemónico" para uma nova consciência ou alma que vai evidenciando o papel da literatura na formação da pessoa humana e no moldar da sociedade.
Uma pequena grande obra muito agradável de se ler que harmoniza o papel da ficção radicada na história com a capacidade da literatura despertar para a reflexão sobre a sociedade e questões de consciência sem se amarrar a campos ideológicos ou prejudicar o prazer associado ao lazer.

4 comentários:

  1. fiquei muito interessada. anotado. censura é algo que ainda vivemos na imprensa no brasil. é mais discreta, mas ainda perdura. beijos, pedrita

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  2. Felizmente por cá há liberdade natural na imprensa, até para o disparate e mentira há campo aberto, o bom-senso é que por vezes se sente mais intimidado. ;-)

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  3. Do Tabucchi, li em italiano "Notturno indiano". Eu estava fazendo Letras - Língua Italiana e a professora pediu para lermos esse livro. Nossa! Já se vão quase 20 anos! Não me lembro se gostei ou não.
    Denise

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  4. Tirando "A mulher de Porto Pim" que é de contos passados nos Açores e cujo o que dá nome ao livro se passa na ilha onde vivo, este é o segundo trabalho dele que leio, deste gostei muito, o outro de um género tão diferente não é comparável, mas tem contos muito interessantes.

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