Na Primavera de 1926 iniciou-se no Faial uma crise sísmica, a 5 de Abril ocorreu um evento que provocou vários danos nas freguesias da Ribeirinha e dos Flamengos, mas a 31 de Agosto acontecu o terramoto mais intenso de todos, com destruições significativas em toda a metade oriental da ilha, arruinando fortemente a cidade da Horta e provocando 8 mortos.
A reconstrução de qualquer cidade afectada por um sismo coloca vários dilemas: aproveitar as obras para reordenar e corrigir eventuais problemas da rede urbana antiga (caso da Ribeirinha em 1998 com o afastamento do núcleo de uma zona de elevado risco geológico), voltar a pôr de pé edifícios com a traça original (reconstrução de Angra do Heroísmo que com novos materiais manteve as fachadas anteriores a 1980) ou reconstruir com a marca arquitectónica da época.
Na Horta desconheço se houve um plano de reconstrução, mas muitos dos edifícios construídos nesse período passaram a ter uma arquitectura típica dessa época. Assim, existem numerosos imóveis cujas fachadas apresentam uma traça ao gosto do final dos anos 20 do século XX nos Açores.
Não posso assegurar que todos imóveis com esta traça foram obras de reconstrução, mas sei que muitos foram então retocados e redecorados no período da reconstrução pós 1926, emprestando à Horta uma imagem muito forte dum estilo que bebeu elementos do romantismo, arte nova e deco, criando um misto próprio e facilmente identificável.
Este estilo, onde a pedra desaparece das fachadas, os rebocos decorativos abundam e os alçados vão buscar cores pasteis, entrou no gosto dos faialenses de tal modo que mesmo a ampliação do quartel dos bombeiros, feita já no período autonómico, respeitou a traça original.