Frase inicial na obra
"Planeei com todo o cuidado a minha morte; ao contrário da minha vida, que passou sinuosamente de uma coisa para a outra, apesar das minhas débeis tentativas para a controlar."
Margaret Atwood é sem dúvida a escritora Canadiana de quem mais obras li, se antes sempre na língua original, "Senhora Oráculo" foi o primeiro romance dela que li traduzido para português, a sensação não é a mesma, mas a velocidade de leitura compensou.
Joan Foster, ao sentir-se acossada com todos os seus problemas, decidiu simular a sua morte no lago Ontário e refugiar-se em Itália. Ali vê o seu passado: desde uma infância complexada como gorda perante uma mãe que não perdoava os seus desleixes e até ser uma figura pública com o sucesso "Senhora Oráculo" - livro que assumiu ter inspiração espírita -, só que também é uma escritora de literatura barata de cordel, personagem que esconde por vergonha num pseudónimo, sendo ainda esposa de um universitário de esquerda revolucionária e a quem mente dizendo-se ensaísta e a quem trai com um artista de choque, de repente é chantageada por um homem que descobre todos os seus segredos e decide desaparecer mas a sua situação complica-se cada vez mais.
Ao longo da obra vamos conhecendo os receios e desejos de Joan Foster, as suas mentiras, o conforto dado por sua tia e o medo e revolta com sua mãe, os homens diversos e por vezes estranhos de que se aproxima e se relaciona, a sua experiência espírita e o esforço de criar personagens típicas da literatura de cordel mas em parte inspiradas na sua experiência de vida e excertos desta literatura sem ambições mas rentável.
É uma das primeiras obras de ficção de Atwood: uma autora profícua que intercala romances, ensaios, coletâneas de poesia, contos, e até livros infantis. Este livro já tem indícios dos caminhos que a escritora seguiria: mistura numa obra de várias narrativas, poesia, estilos distintos de escrita, factos reais, paranormais, medos e psicoses e até refere a via que a tornou famosíssima da ficção-científica. A exposição nem sempre linear e alguns pontos não me parecem totalmente resolvidos, mas é interessante ver como a autora expõe algumas dificuldades no desenrolar das personagens e da narrativa. Gostei.
eu tenho esse ainda a ler. minha amiga me presenteou com os livros que ela tinha dessa autora. esse ainda não li. beijos, pedrita
ResponderEliminarBoa tarde
ResponderEliminarÉ um romance que aprofunda menos os assuntos que mais tarde Atwood se tornou exímia em dissecar nas suas obras e um pouco caótico na narrativa... mas isso também não é estranho nas suas obras de maturidade.
fiquei curiosa agora em conhecer como o seu talento iniciou. acabo de falar de livro no meu blog.
ResponderEliminarNunca li a autora. Talvez seja um bom livro para começar.
ResponderEliminarKelly
ResponderEliminarNão foi o que mais gostei dela, o mais completo dela foi o booker prize de 2000 "the blind assassin" aqui em portugal "O assassino cego" mas é um livro extenso.
Na generalidade os romances dela são extensos, há um pequeno que gostei muito Hag-seed, semente de bruxa e portugal, uma transposição para a atualidade de A tempestado de Shakespeare, pequenino e fácil de ler, muito divertido.
Os mais famosos são distopias, o assassino cego tem uma distopia dentro do romance, mas the handmaid's tale é a mais divulgada, em que os EUA se tornam numa ditadura religiosa fanática, um livro pouco extenso mas muito forte.
Oryx and Crake é o primeiro de uma trilogia distópica sobre um fim da atual humanidade provocado por engenharia genética, muito duro, mas muito bom.
Noiva Vendida The Robber Bride é grande mas agradável sem distopia.
Eu não começaria por esta senhora oráculo
Muito obrigada pelas dicas Carlos. Me esclareceu bastante.
Eliminar