Acabei de ler o terceiro volume da coleção completa de Contos de Tchékhov publicados pela Relógio d'Água, este reúne 16 narrativas que oscilam entre perto de uma dezena a poucas dezenas de páginas, em todos eles o português dos tradutores é magnífico, permitindo uma qualidade de texto de elevada envergadura.
Todos contos passam-se longe das grandes cidades da Rússia, na sua quase totalidade situam-se em pleno meio rural isolado. Une-os ainda um descontentamento psicológico com a vida do protagonista ou do povo dessas aldeias vítima de injustiça, ignorância e arreigado a costumes que impedem o seu desenvolvimento. Nuns casos temos senhores burgueses ou nobres ricos que não sabem como ser solidários com os pobres e desejando ardentemente ser bons para com estes e por isso insatisfeitos consigo próprio; noutros, temos pobres que não sabem como sair desta realidade e se perdem no álcool ou noutros problemas; ainda há os infelizes acomodados com a sua situação sem arte para dela se libertarem, desperdiçando oportunidades; e também não falta gente no fim da vida desiludida com o modo como viveram, com medo da morte ou do julgamento do além. Na generalidade os retratos da sociedade e das personagens é triste, mas narrados com grande beleza de escrita e pormenores da vida quotidiana no Rússia do final do século XIX, construindo um excelente retrato de época.
Gostei muito do livro, apesar do tom melancólico e nostálgico os textos não são deprimentes e mostram porque Tchékhov é considerado um dos melhores contadores de histórias curtas da literatura mundial de todos os tempos, fico sempre com vontade de ler outro volume desta coleção.
devem ser ótimos. beijos, pedrita
ResponderEliminarOlá Carlos!
ResponderEliminarDos contistas estrangeiros que já li, Tchekhov, é o meu favorito. Dos nacionais (brasileiros) é o Machado de Assis.
Pedrita
ResponderEliminarE são
Kelly
Gosto dos dois autores e penso que irá gostar também de Alice Munro, um Tchekhov no feminino
Nossa, vou levar seu comentário em muita consideração.
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