Acabei de ler o livro "Contos de São Petersburgo" do russo de origem ucraniana: Nikolai Gogol, um conjunto de 6 contos não muito curtos. A minha iniciativa de comprar este livro foi impulsionada pelo "O Retrato" que faz parte deste conjunto mas que já lera, gostara muito e é o mais extenso, por isso surge muitas vezes em separado. Todos situam-se na antiga capital da Rússia, deduz-se que no século XIX, época em que o escritor viveu e decorrem sempre fora do estrato social da eleite palaciana do czar, dos nobres ou dos burgueses.
Gogol escreve muito bem e ao estilo típico da literatura russa daquele século, um género de que eu gosto particularmente, mas se adorara "O Retrato", não posso dizer que me agradaram de igual modo todos os restantes contos deste conjunto. Dois deles, "A Caleche", o mais curto, e "O Nariz" são muito divertidos. O primeiro conto do livro cruza duas estórias independentes de dois cidadãos que surgem inicialmente juntos na "Avenida Névski", pelo que quase se pode dizer que são sete contos em um. Na grande maioria os protagonistas não saem bem da estória e talvez seja isso o que me deprimiu nesta coleção. "Diário de um Louco" tive pena pela saída da realidade do narrador que não entende a razão do maltrato de que é vítima e o último da série "O Capote" torturou-me mesmo ver a desgraça escalpelizada ao extremo daquele funcionário pobre, desprezado e vítima da sociedade que o abandona e o explorou.
Três contos, O Retrato, O Nariz e O Capote têm componentes surrealistas, curiosamente são nessas passagem que Gogol conseguiu divertir-me ou dar lições de moral de uma forma que me cativou e gostei, noutros momentos aprofundou descrições da cidade ou de personagens de uma forma para mim exagerada que me cansou e nalguns casos cortou o fio da narrativa. Assim, o conjunto tem momentos excelentes e um conto magnífico, mas ao longo dele não foi homogéneo o prazer da leitura.
faz tempo eu li algum livro do autor e algum conto acho que na época da faculdade, lembro q gostei muito, mas faz muito tempo. beijos, pedrita
ResponderEliminarCreio que são precisamente esses três os contos mais conhecidos de Gogol. Li-o pela primeira vez em Fevereiro, o "Almas Mortas", e não me convenceu na totalidade.
ResponderEliminarPedrita
ResponderEliminarO Retrato gostei mesmo muito, tanto que me levou a comprar este livro.
Bárbara
Almas Mortas dizem ser a melhor obra dele. O Nariz e O Retrato são muito conhecidos, este último gostei muito, o outro é divertido, mas não me deslumbrou. Saudades dos contos de Tchekhov.
Olá Carlos!
ResponderEliminarEssa resenha veio-me na hora certa. Estou lendo há algum tempo já um livro sobre a cultura russa e me interessado muito mais pela literatura russa. Certamente vou procurar pelo menos esse conto "Retrato" para ler.
Abs.
Pequenas obras russas interessantes: Toltoi com "A morte de Ivan Ilitch" e este Retrato de Gogol, os contos de Tchekhov são às centenas, não muito grande o magnífico romance Crime e Castigo de Dostoiévski.
ResponderEliminarObras bem maiores, a minha preferida é: "Os demónios" deste mesmo autor, obras enormes que valem a pena: Ana Karenina e Guerra e Paz ambas de Tolstoi.
Olá Carlos,
ResponderEliminarEm boa hora lhe pedi algumas sugestões de leitura, porque tem acertado sempre com o meu gosto pessoal. Como se costuma dizer, o algodão não engana. Em tempos gostei da sua opinião sobre A Prima Raquel de Daphne du Maurier e consegui comprá-lo em conjunto com os seus Contos que vou agora começar a ler. E por falar em contos, já anotei O Retrato.
Acabei de ler um pequeno livro de novelas de Stefan Zweig, Amok e Outras Histórias, que gostei muito, são uma descrição psicológica profunda sobre o ser humano em conflito com o mundo e consigo próprio, e depois concluí que já as tinha lido talvez aos vinte anos.
Na literatura russa o meu destaque vai para Dostoiévski e para os livros que mencionou. Também tenho Os Irmãos Karamazov mas é tão grande que ainda não me abalancei. Já o leu?
Boas Noite Joaquim
ResponderEliminarSim, já li os Irmãos Karamzov, tem momentos sublimes, há um capitulo de um quase santo eremita que é uma obra prima. Tudo o que li de Dostoiévski goste, a obra mais fácil dele foi a que menos me tocou "Noites Brancas".
O último pequeno romance de Zweig que li também adorei "Uma história de Xadrez", tocam todos o climax de sentimentos de alguém em situação limite, ele só tem um romance mais extenso: Coração Impaciente que não foge ao mesmo, mas estou a ler dele agora uma obra de memórias escrito no Brasil pouco antes do suicídio do casal, aprende-se muito do que foi Viena antes da queda na primeira guerra e sobre a Europa cultural entre esta e a seguinte, uma maravilha de escrita. Se gosta de memórias e contactos com grandes nomes da cultura dá um grande prazer de ler.