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domingo, 22 de dezembro de 2019

"A Inocência do Padre Brown" G. K, Chesterton


Estreei-me no escritor inglês G. K. Chesterton com o livro de 12 contos policiais "A Inocência do Padre Brown", todos protagonizados por este sacerdote católico de Inglaterra frequentemente com a ajuda do experiente do ex-ladrão Flambeau que se torna num cidadão honesto por ação do clérigo.
O escritor escreve muito bem e os seus textos são mais cheios de figuras de estilo literário e maior cuidado de escrita que muitas obras do género literário policial. Na narrativa, o Pe. Brown usa intensamente aspetos intuitivos e de apreciação do carácter moral e de tensão religiosa das personagens, o que dá uma originalidade na forma que torna bem distinta esta série detetivesca dos mais habituais romances criminais ingleses do início do século XX. O herói, no seu ar algo simplório de cura católico desintegrado da vida-comum das pessoas, esconde uma grande inteligência e perspicácia psicológica, em parte explicada pelo facto de na sua profissão estar habituado a ouvir o mal humano e se basear em parte na experiência do seu amigo e antigo ladrão.
Todos os contos tem aproximadamente a mesma extensão, cerca de 30 páginas, e a maioria está cheia de humor, são fáceis de ler e por vezes há pormenores implícitos de elogio da virtude ou do reconhecimento da superioridade da crença religiosa face ao ateu, nalguns momentos designado de pagão, o que soa estranho. Há um conto que é exceção, pois é pura especulação em torno da morte de um general herói da história cuja dedução e conclusão não é comprovada e com uma narrativa para mim algo fastidiosa.
Os contos da inocência do padre são os primeiros da série desta personagem, mas estes estendem-se por mais quatro volumes com outras qualificações do cura, por isso aqui surgem ainda histórias de Flambeau como ladrão, onde se inclui uma divertidíssima em que Brown o atrai a uma armadilha, noutra em que o leva a abandonar a atividade e outras onde este já é detetive refugiado. Pelo meio temos histórias com vigários vigaristas das novas religiões de raiz americana, sacerdotes criminosos, velhos príncipes reféns das suas maldades de juventude, maçons em luta contra o catolicismo, inocentação de acusados perante suicidas, jóias roubadas e demonstração de homicídio em caso de suicídio.
Gostei do livro, embora os contos imponham um desenvolvimento rápido da situação logo colada à conclusão e com pouca investigação, além de ter estranhado a valorização da intuição e da crença no herói face à dedução, a normal peça central do género policial.

4 comentários:

  1. Gostei de ler os Contos do Padre Brown e até mesmo dos filmes, especialmente dos filmes com Heinz Rühmann, o famoso actor alemão. Embora haja crimes é um mundo absolutamente idílico 🌻

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  2. eu gosto do gênero. não conhecia. já vi uma série com nome padre brown, deve ser baseado nos livros. beijos, pedrita

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  3. Ematejoca
    Pois eu deduzira que havia adaptações à TV, mas nunca vira.

    Mister Vertigo
    Obrigado e igualmente para si

    Pedrita
    Muito provavelmente

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