O pequeno romance "A Resistência" do escritor Brasileiro Julián Fuks, filho de refugiados políticos Argentinos, o mais recente vencedor do prémio literário José Saramago, é uma obra em estilo de coletânea de curtas memórias do narrador sobre a sua relação com o irmão mais velho, adotado quando recém-nascido pelos pais, e a gestão das questões em torno da integração do mesmo no agregado de acolhimento. Esta situação permite em simultâneo narrar a história de toda a família que, por coincidência, tem grande similitude com a do próprio escritor: também são pais refugiados da Argentina em São Paulo, servindo esta técnica para denunciar alguns dos horrores da ditadura de onde saíam e a curiosidade de se fixarem num país, ainda não democrático, mas onde a simpatia Brasileira permitiu adotarem a nova terra como sua.
A escrita toma a forma de uma sucessão de crónicas brilhantemente escritas, com ternura, elegância e poesia onde o narrador as inicia servindo-se de uma frase ou palavra como mote para reflexões em questões psicológicas, de consciência, de perseguição política, de nostalgia do refugiado e da integração num meio diferente, criando uma espiral de pensamentos e frases fortes que montam um rendilhado em torno da ideia central dessa memória, enquanto o conjunto dos textos forma um caleidoscópio que cria uma visão multicolorida de grande sensibilidade estética dos vários problemas expostos no romance.
Um pequeno livro onde Julian lapida a língua portuguesa e demonstra como ela pode brilhar tanto quanto um diamante e soar com a sonoridade de uma sonata maravilhosa. Uma narrativa temperada pelo amor humano que mostra como a ternura também pode ser uma ferramenta de denúncia das dificuldades da vida e da injustiça política. Gostei muito desta pérola literária e recomendo a sua leitura.
não conhecia. gostei do tema. beijos, pedrita
ResponderEliminarPois penso que não pode perder esta pérola de um conterrâneo da mesma cidade.
ResponderEliminarSe já tinha curiosidade quanto a este autor e obra, fiquei com mais ainda! Tema fascinante.
ResponderEliminarÉ verdade que por vezes os gostos variam, mas adorei esta obra.
ResponderEliminarOlá, já tinha ouvido falar desse livro, ler suas impressões me deixou com mais vontade de ler...
ResponderEliminarCAFÉ E BONS LIVROS
Penso que gostará, um livro cheio de reflexões. Talvez levante mais perguntas que respostas, mas saber questionar é também um motivo para o ler e ainda por cima tão bem escrito
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