Acabei de ler os dois contos O Mendel dos Livros e A viagem ao Passado, publicados no mesmo livro, de Stefan Zweig, um escritor de origem austríaca, mas que passou os seus últimos dias no Brasil.
O primeiro conto de algumas dezenas de páginas é relativo à vida de um alfarrabista (sebo): Mendel, que era capaz de se isolar do mundo para viver apenas para os seus livros, que fazia a sua vida profissional centrada num café barulhento sem se aperceber do que se passava à sua volta, inclusive este alheamento levou-o a cometer infantilidades em momento de guerra só compreensíveis a quem ama os seus alfarrábio mais que tudo. É uma estória lindíssima. Uma narrativa que vale não só pela forma de escrita, cheia de adjetivos, poesia e beleza , mas também por ser uma grande homenagem a este grupo de pessoas capaz de encontrar pérolas para os bibliófilos, mas vistos muitas vezes apenas como uns comerciantes de obras usadas, quando podem ser os maiores peritos no tema com que nos cruzamos.
O segundo conto, também de dezenas de páginas "A viagem ao passado", que praticamente termina com dois versos de Verlaine, é um puro Zweig, onde as paixões extremadas são exploradas como tema, as quais se confrontam com situações que levam a uma mudança brusca e à tomada de atitudes que no futuro levarão a um outro choque e possíveis remorsos sobre o passado. Neste caso um amor que a carreira e a guerra separou, mas depois dá-se o reencontro quando já tudo é diferente desse tempo anterior.
Gostei muito dos dois, mas o primeiro marca qualquer bibliófilo a que acresce a beleza da escrita e o valor da homenagem efetuada. Recomendo a todos que gostam de beleza literária em ficções curtas.
eu acabei vendo e lendo vários relatos de zweig e pouco de sua ficção. amei o filme hotel budapeste baseado em um conto dele. e a coleção invisível. mas ler a literatura dele não. vivo inconformada. mas aqui no brasil seus livros de ficção desapareceram. beijos, pedrita
ResponderEliminarEstranho terem desaparecido, foi para aí que ele emigrou e pôs fim aos seus dias.
ResponderEliminarE eu tenho a obra completa dele, que foi publicada em 1953 por uma editora que nem existe mais. Gosto muito da literatura dele. As biografias escritas por ele da Maria Antonieta e a Mary Stuart foram as melhores que eu já li dessas rainhas.
ResponderEliminarNunca li biografias feitas por ele, mas cada vez gosto mais das suas pequenas obras.
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