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sábado, 7 de janeiro de 2017

"Lillias Fraser" de Hélia Correia


"Lillias Fraser" da escritora portuguesa Hélia Correia, cuja obra ganhou o prémio PEN clube de Portugal em 2002, enquanto a autora foi galardoada com prémio Camões de 2015, é um romance histórico que começa na Escócia em 1746, onde a protagonista, ainda criança e antes de uma derrota dos escoceses católicos interessados em conquistar o trono protestante da Inglaterra, tem a visão da morte do pai e foge antes do morticínio da suas gentes, salva-se e é depois protegida por várias pessoas de estatuto diverso destes dois povos em conflitos. Na sequência da sua odisseia vem parar a Lisboa, prossegue a sua vida entre vários protetores, sobrevive ao terramoto de 1755, novamente devido ao seu dom de ver a morte, passando depois na sua juventude por novos tormentos resultantes desta catástrofe entre gente que a acolhe e a persegue como uma pessoa diferente: loura, de olhos e pele clara; desembocando no período da guerra dos Sete Anos, onde Portugal se alia à Inglaterra e ela volta a cruzar-se com líderes militares dos povos da sua ilha. 
O romance envolve-se no realismo mágico, tem vários acontecimentos e personagens reais: desde a batalha inicial do livro, ao terramoto, clero influente do monarca português e militares do Reino Unido, tem muitos pormenores do que terão sido as dificuldades da população após a destruição de Lisboa e o caos social de então, bem como a ação da Inquisição e de Marquês de Pombal na época, tanto nas vertentes positivas como negativas deste.
A estória surge numa sequência de cenas que por vezes fornecem pistas futuras e outras vezes recusam prosseguir, originando um tratamento do tempo em forma de peças soltas descontínuas que por vezes abrem caminhos que fecham de seguida, além de em momentos ser uma narrativa de alguém do presente que investiga o passado e noutras a ação entrar dentro das personagens como se fossem estas os autores, paralelamente a imagem sobre os Portugueses e Portugal é frequentemente depreciativa da sua cultura e mentalidade, o que me criou algum desconforto, contudo é um romance onde aprendi factos sobre acontecimentos históricos e que sem me ter entusiasmado também não desgostei de ler e penso que valeu a pena conhecer esta obra.

5 comentários:

  1. eu fiquei com muita vontade de ler. e a capa é instigante. ah, comprei república dos sonhos, mas ainda estou lendo o pintassilgo. linda a capa da edição portuguesa. eu comprei em um sebo uma capa bem simples. é o livro mais lido e mais traduzido da autora. beijos, pedrita

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  2. Pois ainda só li umas dezenas de páginas, mas já estou a gostar da forma como Piñon escreve e narra.

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  3. Também li e apesar de me ter educado um pouco, não foi leitura entusiasmante.

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  4. Pelos vistos a sensação foi muito semelhante em nós dois, Marta.

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  5. Eu gosto de livros históricos, mas o autor precisa ser muito conhecedor da Historia. Acabei de ler O Adolescente do Dostoievski e ali tem toda uma nuance do comportamento dos russos naquele seculo XIX assim como ele também lemba coisas da época de Pedro, o Grande, criticando-o.
    E li um livro de uma escritora japonesa que tem recebido vários prêmios literários lá no Japão. Nesse livro que eu li nada identifica o Japão!Ela poderia facilmente passar por mais uma escritora ocidental.Li porque ela escreveu um realismo fantastico em cima do tema do curso que eu me graduei: MUSEOLOGIA.

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