"A Condição Humana" de André Malraux foi um dos livros que mais dificuldade tive de ler nos últimos tempos, apesar de ter gostado da obra, bem como dos temas tratados.
O autor, através de reflexões colocadas pelas personagens no seio de uma guerra civil histórica, mostra a ação de diferentes tipos de lutadores comunistas em Xangai, que interagem com gestores de interesses económicos franceses e oportunistas que negoceiam a sua sobrevivência financeira no ambiente instável da implantação da república da década de 1920 na China e a sua tentativa de emancipação das potências ocidentais.
Surge assim uma série de quadros que decorrem ao longo de horas ou distanciados de dias, que se completam como num puzzle e no fim dão uma imagem multifacetada dos dilemas que se coloca ao idealista que luta (neste caso, literalmente) pelas suas ideias, põe em risco a sua vida e depois se sente traído face a um conjunto de interesses políticos e económicos da teia nacional e internacional. No meio da solidão a que o guerrilheiro se sente votado, no desespero e dúvida, para alcançar um fim, verifica, tal como Lampedusa escrevera, que foi carne para o canhão da mudança para tudo ficar na mesma. Uma fatalidade? Isto, para um idealista desiludido como eu, é um osso duro de roer.
Surge assim uma série de quadros que decorrem ao longo de horas ou distanciados de dias, que se completam como num puzzle e no fim dão uma imagem multifacetada dos dilemas que se coloca ao idealista que luta (neste caso, literalmente) pelas suas ideias, põe em risco a sua vida e depois se sente traído face a um conjunto de interesses políticos e económicos da teia nacional e internacional. No meio da solidão a que o guerrilheiro se sente votado, no desespero e dúvida, para alcançar um fim, verifica, tal como Lampedusa escrevera, que foi carne para o canhão da mudança para tudo ficar na mesma. Uma fatalidade? Isto, para um idealista desiludido como eu, é um osso duro de roer.
Não li na língua original, mas numa tradução de Jorge de Sena, o que me leva a perguntar como será mesmo a escrita de Malraux: nesta versão há uma densidade de reflexões reunidas por uma floresta de vírgulas, ponto e vírgulas, dois pontos e parêntesis que muitas vezes me fizeram perder no emaranhado deste arvoredo de pontuação e de ideias. A maior dificuldade que senti foi mesmo adaptação ao forma do texto. Na verdade foram raras as páginas que não tive de voltar atrás para saber quem pensava o quê e o que pensava mesmo, mesmo assim, nem sempre fiquei convencido que estava a seguir o trilho certo. Apesar disto. Gostei da obra, das reflexões, do encontro de culturas e dos choque entre ideologia e a realidade.
nossa, eu começo com exatamente essa frase no meu post. o qt foi difícil ler esse livro. ótimo texto. aqui está o meu http://mataharie007.blogspot.com.br/2007/12/condio-humana.html li em 2007. beijos, pedrita
ResponderEliminarPois, e como a Pedrita apresentou excertos da obra no seu post e noutra tradução, deu para ver a floresta de pontuação nas frases.
ResponderEliminarMalraux viveu no oriente, foi de esquerda, combateu pelos republicanos em Espanha e foi um dos ministros de maior duração de De Gaulle em França, nomeadamente com a educação e cultura, o que mostra a bagagem cultural do homem.
Esta é uma obra muito introspetiva sobre a questão da luta pelo ideal e de como a sociedade frusta o cidadão e lhe dá aparentemente a droga que ele procura para se sentir contentado com uma situação para depois ser explorado por quem parece ser o salvador. Duro, mas talvez realista.
é realmente um olhar diferente. não li fome.
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