"O Século Primeiro depois de Beatriz" do libanês Amin Maalouf é um romance escrito em forma de crónica/memórias de um idoso sobre uma época futura e distópica em resultado não da explosão demográfica que tememos mas de um controlo artificial da natalidade que favorecia o nascimento de rapazes em detrimento das raparigas para satisfazer os anseios e as preferências históricos radicadas em muitos homens em várias sociedades.
Tirando proveito do desequilíbrio na relação entre os dois géneros surgido nesse período, Amin Maalouf faz uma intensa denúncia de muitos dos defeitos da atual sociedade global: desde a desigualdade norte/sul, o racismo, os complexos entre povos colonizadores e colonizados do passado, os mecanismos políticos de controlo de etnias, ditaduras africanas e oportunismos dos dirigentes das nações e, apesar de negritude do ambiente social, é em simultâneo uma homenagem cheia de ternura à mulher no seu papel de companheira, filha e estabilizadora da paz no seio da humanidade face à prevalência das tendências violentas no género masculino.
Tendo sido escrito há cerca de 20 anos, é interessante ver que a obra é anterior ao domínio da internet e da computação na sociedade, aspeto que o autor na previu, pelo que apesar de se retratar uma sociedade futura à data da obra esta decorre no primeiro quartel do século XXI que já vivemos, mas os mecanismos de difusão e de comunicação entre as pessoas no livro são os tradicionais do final do século XX, mas os vícios denunciados são bem atuais. Um livro que gostei e recomendo.
fiquei curiosa. anotado. beijos, pedrita. a grande arte do rubem fonseca eu não li. beijos, pedrita
ResponderEliminarPenso que vale a pena ler este Maalouf e como mulher até terá uma visão feminina da obra escrita por um homem.
ResponderEliminarAlguém me disse que no género, a grande arte é a melhor obra do século XX escrita na nossa língua.