Que se poderá dizer de um volume de um romance que é constituído pelos capítulos rejeitados pelo escritor para completar o anterior tomo, mais aqueles que ele escreveu para dar a continuidade à história mas que não concluiu antes de morrer e ainda os esboços de versões de capítulos que davam um rumo muito diferente aos acontecimentos antes publicados e alterados por Musil?
É assim o terceiro volume de "O homem sem qualidades" que termina com prefácios e posfácios do autor à sua própria obra em estilo de crítica ao romance.
A verdade é que o volume III tanto pode ter capítulos fastidiosos por serem sobretudo de uma inércia de repouso associada aos mais alto estado a que o amor pode chegar que inibe a ação, onde se aproveita para por em confronto ideias, sentimentos e conceitos filosóficos, como pode ser emotivo e entusiasmante ver versões alternativas mais arrojadas de dar continuidade à história que Musil se inibiu de seguir, não sei se por questões de moral, se por desembocarem num beco, e ainda é divertido ler textos preliminares dos capítulos anteriores não corrigidos nem ampliados nas suas fases primitivas e com anotações antes da serem fixados no romance.
Na verdade o romance não foi concluído, mas existem versões que concluem as principais partes não rematadas anteriormente, outras que as reabrem e o mundo da reflexão filosófica e suas contradições é posto à prova. Confesso que gostei, não consegui deixar de a ler, mesmo aquelas partes que parecem discussões etéreas intermináveis... mas nunca serão capítulos fáceis.
O amor/paixão entre os dois irmãos num estado de inação nos capítulos tornados definitivos, muito platónico e pouco sensual, fez-me lembrar o sexto andamento da Sinfonia Turangalila de Messiaen "Jardin du sommeil d'amour" que integro abaixo.
nossa, não percebi que tinha o volume III. vi a foto do livro musil e achei que vc ainda não tinha trocado. eu adorei agosto. beijos, pedrita
ResponderEliminarDepois do artigo sobre Getúlio que a Pedrita publicou, fiquei com curiosidade de descobrir algo mais sobre essa época e claro Rubem é um mestre em dar uma imagem desse Brasil.
ResponderEliminareu tenho ele num volume único, mas nunca consegui ler; está na estante do lado do livros do James Joyce, "Ulysses"....tem 1273 paginas!
ResponderEliminarPois este conjunto ultrapassava as 1800 páginas, provavelmente essa edição apenas tem o que foi efetivamente concluído e publicado por Musil, este tem esboços de versões não publicadas e notas do autor para continuidade. Mas compreendo o receio de dar início a esta maratona, estou em igual situação com o "Ulysses" de James Joyce, este mais pela densidade do conteúdo.
ResponderEliminarMas um dia vou digerir Ulysses, do Joyce.....
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