Páginas

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

"Miramar" de Naguib Mahfouz

Editora Civilização

Conclui a leitura de "Miramar" do único escritor em língua árabe galardoado com o prémio Nobel da literatura até ao presente, neste caso de nacionalidade egípcia. Escolhi este livro com o objetivo de através desta forma de arte tentar compreender melhor a sociedade deste País.
O romance passa-se na década de 1960 e descreve, nos vários capítulos e na primeira pessoa, a vida por um curto período de quatro clientes egípcios ocidentalizados residentes na pensão Miramar, onde todos ficam fascinados pela criada jovem, bonita, rural e honesta com ambições à modernidade.
Assim, o relato daqueles dias é repetidamente exposto pelos olhares diferentes de cada um dos clientes as respetivas tentativas de a proteger ou de a seduzir, atitude posto em contraste com a pureza ética da jovem face aos interesses individuais destes hóspedes que desenvolveram vícios de sobrevivência numa sociedade em mudança devido à revolução em que o Egito passou do domínio britânico para a esfera dos ideais socialistas, período conturbado e vulnerável às ambições dos arrivistas oportunistas e da resistência dos saudosistas nacionalistas e onde cada um tenta tirar proveito próprio do novo ciclo face às suas origens.
A trama e as várias visões estão bem entrecruzadas, a escrita é fácil, embora os recurso a recordações sobre o passado político do País e a cultura islâmica por vezes tenham levado o tradutor a explicações em nota de rodapé para melhor entendimento do leitor, o estilo literário parece ocidentalizado, pelo que se torna numa obra fácil e dá uma visão do comportamento de uma franja social de cidadãos egipcios que vivem ocidentalmente numa sociedade conservadora, oriental, islâmica e indecisa entre dois mundos culturais. Gostei.

6 comentários:

  1. eu tenho dificuldade de compreender essa sociedade tão machista e com as violências a mulher. esse nao li. beijos, pedrita

    ResponderEliminar
  2. Neste livro alguns aspetos de machismo são evidentes no livro, mas também nele há homens que respeitam a mulher e a jovem é um bom elogio às capacidades femininas. Por isso é um livro emancipador da mulher

    ResponderEliminar
  3. eu adoro esse autor, mesmo tendo dificuldades de compreender o machismo dessa sociedade, como a Pedrita. Eu gosto de como ele descreve a vida... acabei de ler A TRILOGIA DO CAIRO!

    ResponderEliminar
  4. Este foi estreia Naguib Mahlouf e gostei, um aperitivo para despertar a vontade de ler mais dele, inclusive a trilogia que falou.

    ResponderEliminar
  5. eu adoro os escritores do Oriente, do Médio ao Extremo. Eu acabei de ler Miramar, e deste autor eu li também Beco do Pilão, Noites das mil e uma noites. Como ja disse e repito, adoro todos!

    ResponderEliminar
  6. Tenho cá em casa a Noites das mil e uma noites, mas ainda não li. Ainda bem que gostou deste, é um incentivo para eu o começar a ler.

    ResponderEliminar