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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

"A Guerra do Fim do Mundo" - Mario Vargas Llosa



"A guerra do Fim do Mundo" de Vargas Llosa, baseia-se numa revolta histórica de origem político-religiosa no nordeste brasileiro contra a República recém-implantada e liderada por um "líder" espiritual não reconhecido pela hierarquia eclesiástica.
Em torno deste fenómeno que se centra na localidade de Canudos no Estado da Baía, Llosa mostra que houve aproveitamentos ideológicos e partidários numa sociedade manipulável com exploradores, explorados, supersticiosos e oportunistas.
"- Juro que nunca foi republicano, que não aceito a expulsão do imperador nem a sua substituição pelo Anticristo... Que não aceito o matrimónio civil nem a separação da Igreja do Estado nem o sistema métrico decimal.Que não responderei às perguntas do recenseamento. Que nunca mais roubarei, nem fumarei, nem me embebedarei, nem apostarei, nem fornicarei por vício. E que darei a minha vida pela minha religião e pelo Bom Jesus."
Um grande, grande livro, apesar de estar amarrado a factos históricos, aos relatos da enorme violência que foi a guerra dos Canudos e ao genocídio em que acabou, é um excelente livro.
Interessante como Llosa consegue mostrar que homens a lutar à sombra de ideais humanistas são capazes das maiores barbáries. Enquanto outros, com um passado selvagem e criminoso, após um toque obscurantista místico e religioso se convertem e parecem dignos de compaixão, mesmo na sua luta de resistência suicida, fanática e irracional.
Um livro que pelo desfecho nos deixa tristes e insatisfeitos, mas que justifica o argumento que levou à atribuição a Llosa do prémio Nobel: "pela sua cartografia das estruturas de poder e pelas imagens pungentes da resistência, revolta e derrota dos indivíduos."
Literatura tipicamente sulamericana que, entre choques civilizacionais e culturais, evidencia as feridas que se abrem com uma transição rápida numa sociedade sem a devida compreensão pelo povo e os abusos que um periodo revolucionário trás consigo.

2 comentários:

  1. eu tenho vontade de ler. beijos, pedrita

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  2. e deve ler... um livro que descreve com grande arte um acontecimento violentíssimo da história do Brasil e não visão independente de um génio literário estrangeiro e como tal isento.

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