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Dois poetas me fizeram amar a poesia, Fernando Pessoa e António Gedeão, o poeta da ciência, o homem que une o mundo da cultura ao mundo da investigação tecnológica de uma forma simplesmente genial.
Pedra Filosofal
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
Embora o poeta da ciência António Gedeão não esteja na minha lista dos Deuses da Poesia, foi, no entanto, uma óptima escolha, meu caro geocruseo. Pedra Filosofal é um dos meus poemas preferidos.
ResponderEliminarA poesia e a música são as únicas musas, que neste momento de esgotamento total, ainda me deleitam.
não conhecia e não sabia da existência de um poeta da ciência. adorei. beijos, pedrita
ResponderEliminar@ ematejoca, é um dos poetas que tenho a obra complea, exactamente porque me diz muito.
ResponderEliminar@Pedrita era professor e física e química e por isso os seus poemas são ricos em termos tecnológicos, viu a grande revolução da ciência no século XX, o que marcou profundamente a sua obra.