Talvez ainda ocorressem erupções na zona do Complexo Vulcânico do Topo quando uma nova zona de actividade vulcânica fissural, igualmente de direcção WNW-ESE, se iniciou mais para ocidente.
A partir desta falha geológica, a ilha desenvolveu-se entre a ponta dos Rosais, a ocidente, e a actual região dos Biscoitos, próxima do centro da ilha. Ao conjunto de materiais que forma esta unidade vulcanoestratigráfica denomina-se Complexo Vulcânico dos Rosais.
Caminho de acesso à ponta do Rosais circundado de vegetação natural, para onde a ilha se estendeu ao longo da direcção WNW-ESE, tal como a via.
Curiosamente, no passado talvez tenham existido duas ou mais ilhas ao longo desta cordilheira de cones vulcânicos alinhados (nos Açores conhecidos por cabeços), uma vez que não se conhece contacto, pelo menso acima do nível do mar, entre materiais do Complexo Vulcânico do Topo com os do Complexo Vulcânico dos Rosais.
Freguesia dos Rosais, à direita cabeços alinhados pela direcção WNW-ESE
Quanto à idade do vulcanismo do Complexo Vulcânico dos Rosais não conheço análises laboratoriais em rochas que permitam dizer os milhares de anos do início ou do termo deste vulcanismo - Geocronologia absoluta. Todavia, existem elementos que apontam para um início mais recente que o começo do vulcanismo da região do Topo e outros que provam, seguramente, ser anterior à unidade vulcanoestratigráfica mais nova da ilha (a apresentar brevemente) - Geocronologia relativa.
Freguesia de Santo Amaro, no interior desta estreita ilha e implantada numa zona de relevo suavizado.
Algumas das características que demonstram uma certa antiguidade desta unidade vulcânica são, novamente: o interior da ilha suavizado pela erosão, mas a forma dos cabeços está melhor preservada que para os lados do Topo; e as arribas costeiras, norte e sul, muito escarpadas e com grandes desníveis, indiciando tempo suficiente para um avanço erosivo significativo do mar que atingiu mesmo cones vulcânicos situados dentro da ilha.
Cone vulcânico cortado pela costa sul escarpada, um sinal de antiguidade, pois já permitiu um grande avanço do mar até atingir o cabeço
Uma curiosidade para os Faialenses, sobre rochas desta zona da ilha encontra-se pedra-pomes proveniente da Caldeira do Faial, um sinal da intensidade de algumas das explosões então ocorridas na ilha azul e da direcção dos ventos nesse momento, aproximadamente de sudoeste.
bonito o verde dessa região. beijos, pedrita
ResponderEliminarobrigado por-me enriqueceres cientificamente e me mostrares essas imagens magnificas (mesmo sem sol).
ResponderEliminarà pedrita
ResponderEliminaruma das forças paisagísticas dos açores está mesmo na intensidade e diversidade dos seus verdes.
ao grifo
faço com prazer a divulgação do conhecimento geológico dos açores, por a geologia ser a minha paixão, é também uma forma de divulgação científica em português na internet. Efectivamente quando cobri fotograficamente a região dos rosais para este blog não havia sol, até tinha chovido de manhã.
Interessante, e mais interessante ainda a pedra-pomes, não sabia que era possível tal coisa...
ResponderEliminarIncrível o poder da mãe natureza.
(sem sol) queria dizer que é verde o que digo, que tiras boas fotos mesmo sem "bom tempo"...
ResponderEliminarlc
ResponderEliminarpois, a mãe natureza é capaz disto e de muito mais, lembra-te que embora a caldeira seja resultado de explosões, existem nos açores outras caldeiras bem maiores que indiciam explosões muito superiores, só pa falar aqui por estas ilhas.
ao grifo
obrigado, só se for sensibilidade pessoal ao que vejo, pois formação em fotografia e experiência são coisas que não tenho.
Olá Carlos!
ResponderEliminarParabéns pelo teu blog. Está sempre muito interessante! Como jorgense e dedicada à geologia apraz-me ver que estás a desmistificar um pouco a história geológica das nossas ilhas.
Como sabes, gostei muito da foto de Santo Amaro (minha freguesia), contudo aquela é uma zona de trnasição entre o Comlexo dos Rosais e um outro que deverás falar brevemente, certo? A zona de relevos suaves ao fundo é que pertence "nitidamente" ao Complexo de Rosais.
Beijinhos, Fátima.
Olá Fátima
ResponderEliminaré sempre um prazer ter uma colega a trabalhar na área e martelar neste blog. até porque podem divulgar algo mais ou esclarecer alguns aspectos que possam ter ficado menos claros, como foi a caso agora.
Tens toda a razão no que se refere ao facto da freguesia de Santo Amaro ser uma zona de transição para a unidade mais recente. Efectivamente, a zona de relevos suaves que dizes pertencem mais nitidamente ao complexo vulcânico dos Rosais os outros mais escarpados integram a unidade que falarei em breve.
Obrigafo pelo artigo científico que enviastes, em breve deverei lê-lo, mas já espreitei e tem autores meus conhecidos.