Neste local da cidade da Horta são visíveis três vulcões basálticos: o Pico, mais à esquerda e situado na ilha em frente; o Monte Queimado, ao centro, forma o extremo sudeste do Faial (mapa); e o Monte da Guia, à direita, ligado à ilha por um istmo de areia. Todos eles representam um tipo de actividade vulcânica diferente e mostram a diversidade do vulcanismo açoriano. (clique nas fotos para ampliar)
O Pico é um vulcão basáltico activo com câmara magmática, ou seja, tem um depósito em profundidade que o alimenta e permite intercalar períodos de dormência (onde o depósito se enche e/ou evolui quimicamente) com períodos eruptivos mais ou menos intensos (onde a pressão da câmara magmática diminui), por isso se chama poligenético. Este tipo de vulcões tende a originar grandes aparelhos vulcânicos que, devido à sobreposição de tantas escoadas e erupções, são conhecidos por estratovulcões. Com tempo alteram-se as condições fisico-químicas e o enquadramento geotectónico e o vulcão tende a ter alterações ao longo da sua história. A evolução do Pico vista Faial encontra-se nos dois olhares do Pico.
O Monte Queimado e o Monte da Guia são vulcões basálticos sem câmara magmática contínua a alimentá-los, ou seja, funcionam como vulcões descartáveis. Têm um período eruptivo de dias ou escassos anos e sem momentos de dormência longos a separar a sua actividade, por isso se dizem monogenéticos. Entraram em erupção devido a uma fissura na superfície da terra que permitiu escoar lava que se encontrava em interstícios de rochas em profundidade, mas terminada a sua actividade, normalmente não entram em erupção de novo, embora no futuro possam ocorrer outras nas imediações.
Os vulcões monogenéticos, por norma, originam cones vulcânicos pequenos, de dezenas ou poucas centenas de metros, mas a descrição das principais diferenças estes o Monte Queimado e o Monte da Guia virão ao longo da semana para não saturar.
Quando era criança contava-se que os piroclastos e escórias eram pedra queimada, tal como a do Monte Queimado. E eu comparava este processo à feitura do carvão vegetal. Surgiria um fogo divino do interior da Terra para castigar os homens e os purificar dos seus pecados que queimaria a rocha sã. Esta concepção alternativa, assim como a do fogo (vulcão) que originou os mistérios “subiu do mar para a terra e foi até à montanha” ainda é persistente nos mais antigos. Recordo-a com a inocente saudade própria da infância, onde as coisas eram simples e boas.
ResponderEliminarJulgo que a ideia do fogo divino para castigar os homens não era nem simples nem boa... mas não deixava de ser uma explicação, mas a própria ciência já passou por isso, lembre-se que os neptunistas e os catastrofistas não eram menos interessados na busca da compreensão do mundo do que nós hoje. Mas o Monte Queimado será o último da lista dos três vulcões, mas lá por isso não é menos digno.
ResponderEliminarObrigado pela lição.
ResponderEliminarE parabéns pela excelência das fotografias.
O fogo divino que expia os pecados parece-me uma ideia menos elaborada que o conceito de vulcanismo.
ResponderEliminarQuanto a ser boa, bem na minha infância do Pico tudo foi bom.
Se calhar, algum desse fogo provinha de alguma sapiência erudita do outro lado do canal.